Dois especialistas ouvidos nesta quinta (7) pelo G1 afirmaram que, para se evitar tragédias como a ocorrida na escola no bairro de Realengo, no Rio, é necessário maior controle do porte e da venda de armas.
Isso porque, sem arma, as pessoas ficam menos valentes. E a ausência delas evita a ocorrência de ações por impulso e impede ações como a de hoje, disse o analista criminal Guaracy Mingardi, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e ex-subsecretário nacional de Segurança Pública (2008/2009).
Para Alice Ribeiro, mestre em direitos humanos e administração pública e coordenadora da área de controle de armas do Instituto Sou da Paz, é necessário, além de controlar a venda de armas, tirá-las de circulação.
Segundo ela, é preciso desarmar a população, seja por meio de busca e apreensão de armas ilegais, ou por meio da campanha permanente da entrega voluntária de armas.
Os dois especialistas concordam que se Wellington Menezes de Oliveira, o responsável pela morte de 11 crianças em uma escola em Realengo (RJ), não tivesse acesso a uma arma de fogo, teria ferido menos pessoas. O que a gente sabe é que, se aquele cara não tivesse arma na mão, a tragédia não teria a dimensão que teve. Qualquer outro instrumento que ele tivesse para se expressar, certamente não seria tão letal quanto a arma de fogo, afirmou Alice.
Tem muita arma em circulação no Brasil, disse a coordenadora da área de controle de armas do Instituto Sou da Paz. E o que a gente sabe é que, quanto mais armas estiverem em circulação, mais mortes vão acontecer, afirmou.
Escola
A escola é um alvo fácil. Ele matou crianças porque é mais fácil de matar, afirmou Mingardi. O ambiente da escola é muito vulnerável, porque são vítimas fáceis, e não pode haver uma segurança muito grande para não transformar o lugar em um presídio.
Para o ex-subsecretário, a presença de policiais armados, detector de metais, câmeras de segurança e revista dos visitantes podem ajudar, mas não impedem ações como essa.
É impossível garantir segurança total em uma escola porque entra muita gente. Qualquer um pode entrar na escola alegando, por exemplo, que quer matricular o filho, disse Mingardi.
Polícia
Mingardi acredita que o papel principal da polícia não é discutir a motivação do autor dos disparos.
Agora, o trabalho da polícia é investigar como ele teve acesso às armas e pegar quem permitiu esse acesso [empréstimo ou venda] para servir de exemplo. Para ele, quem deixa um sujeito desequilibrado com arma na mão merece ser punido.
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