'Estou me sentindo um monstro', diz motorista que atropelou grupo

'Estou me sentindo um monstro', diz motorista que atropelou grupo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:34

Acidente deixou oito pessoas feridas (Foto: Mario Ângelo/Sigmapress/AE)

  O cobrador André, de 28 anos, que dirigia o carro que atropelou na madrugada deste domingo (10) oito pessoas que estavam na calçada da Avenida São Miguel, na Zona Leste de São Paulo, disse nesta segunda-feira (11) estar se sentindo um monstro por ter causado o acidente. André voltava para casa com a namorada quando perdeu o controle do carro. Com uma dor de cabeça forte, ele contou ter visto um flash, perdido a visão momentaneamente e avançado na calçada sem perceber.

“Estou me sentindo um monstro. Eu não queria isso para ninguém. Podia ser pior, mas graças a Deus ninguém morreu”, afirmou ele ao G1 nesta manhã. Para não ser identificado, André pediu que seu sobrenome não fosse publicado. “Eu estava seguindo a 50 km/h, o delegado não acreditou que eu não consegui segurar o carro. Deu um flash e quando eu vi estava na calçada. Foi horrível, quando olhei estava cercado de sangue, um monte de gente chorando.”     O acidente aconteceu no fim da madrugada de domingo. André voltava de Ermelino Matarazzo, também na Zona Leste, onde estava na casa de uma amiga da namorada, e seguia para Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, onde mora. Ele contou sofrer de sinusite e enxaqueca, e que já estava sentindo dor de cabeça antes de sair de casa. Quando estava na Avenida São Miguel, na altura do número 9.442, aconteceu o acidente. Segundo o Corpo de Bombeiros, oito pessoas que estavam ao lado de um forró foram atropeladas – entre elas um vendedor ambulante de pipoca e milho.

“Quando eu percebi estava em cima do pipoqueiro, do resto do pessoal. Foi uma sensação horrível, você vê quando acontece com os outros, mas não acha que vai acontecer com você”, contou o cobrador. Ele disse que inicialmente algumas das vítimas tentaram agredi-lo, mas ele foi ajudado por dois jovens que trabalhavam como segurança nas proximidades. Ele permaneceu no local aguardando a Polícia Militar e se apresentou no 22º Distrito Policial, em São Miguel Paulista, para o registro do boletim de ocorrência.

“Se eu tivesse fugido seria pior. Foi uma fatalidade. Dá para entender a reação das pessoas logo que aconteceu, depois elas viram que eu fiquei, não fugi”, afirmou. De acordo com a Polícia Civil, como André se apresentou espontaneamente na delegacia, não apresentava sinais de embriaguez e, como não houve mortes no acidente, ele foi liberado. Ele poderá ser indiciado futuramente caso alguma vítima entre com representação contra ele. Se isso não ocorrer, o caso será encerrado em seis meses.

O vendedor ambulante Edvaldo foi uma das vítimas

do acidente (Foto: Juliana Cardilli/G1)

  O carro do cobrador não sofreu muitos danos frente à gravidade do acidente, mas ele não quer dirigi-lo tão cedo. “[O veículo] Está podendo andar, mas não vou querer sair com ele tão cedo. Tenho medo não de dirigir, mas de acontecer de novo. É horrível você estragar a vida de outras pessoas por causa de uma dor de cabeça”, disse ele. “Tinha acabado de arrumar o carro, estou devendo para o mecânico ainda.”

Prejuízos e vítimas

Apesar de os bombeiros terem contabilizado oito vítimas, no boletim de ocorrência foram registrados apenas o nome de seis atropelados. Segundo informações divulgadas neste domingo, quatro vítimas foram socorridas para o Hospital Santa Marcelina de Itaim Paulista – sendo que apenas uma seguia internada no fim da tarde -, duas para o Hospital Geral de Guaianazes – apenas uma permanecia internada – e duas para o Hospital Municipal de Ermelino Matarazzo – ambas seguiam em observação.

Segundo informações de familiares, uma jovem de 25 anos permanecia internada nesta manhã no Hospital Municipal de Ermelino Matarazzo, com fraturas nas duas pernas.

Um carrilho de pipoca e milho verde foi atingido pelo veículo e ficou destruído. O dono do carrinho, Edvaldo Ferreira da Conceição, de 43 anos, foi um dos feridos e já teve alta. Ele sofreu um corte do rosto, escoriações nos braços e torceu o joelho direito, que foi imobilizado.

“Eu estava trabalhando, atendendo o pessoal, já estava indo embora. De repente vi uma pancada. Nem vi o carro, chegou deu ma vez só. Eu caí no chão, fiquei meio zonzo, só vi o pessoal caído”, afirmou ele. “Achei que ia morrer, achei que alguém tinha morrido. Meu carrinho já era, meu ganha-pão. Agora tem que correr atrás.”              

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