Menos de uma hora depois de o PSOL protocolar o terceiro pedido de impeachment contra o governador José Roberto Arruda (DEM) na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a ordem dos ministros evangélicos também apresentou um novo pedido de cassação. Até o final do dia, Arruda pode ser alvo de outro processo de impeachment patrocinado pela bancada do PT junto com movimentos sociais.
Segundo o pastor Oséas Rodrigues, a ação foi motivada pelas gravações que mostram deputados distritais orando após receber suposta propina do esquema de corrupção que está sendo investigado no governo Arruda. O pastor disse que representa mais de 200 pastores que ficaram ''indignados'' com a oração. ''É inadmissível tanto o roubo quanto a oração'', disse.
Ontem, a Câmara recebeu dois pedidos de impeachment contra o governador, apresentados pelos advogados Evilásio Viana dos Santos e Anderson Siqueira. Se forem confirmadas as promessas de partidos, de movimentos sociais e entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Arruda pode ser alvo de cinco pedidos de cassação.
Outra ação deve partir da cúpula da OAB no Distrito Federal. Nesse caso, o pedido de impeachment precisa ser votado pelo conselho pleno da OAB nacional antes de ser encaminhado para análise da Câmara Legislativa.
Para o pedido de impeachment ser confirmado, é preciso ser aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e depois receber o aval de 16 dos 24 deputados distritais. Arruda, no entanto, tem maioria para derrubar os pedidos de cassação.
A oposição espera contar com a pressão da opinião pública para convencer os deputados a aprovarem impeachment.
''Aqui na Câmara [Legislativa] a minoria não tem voz. Nós somos atropelados. É preciso envolver os movimentos sociais. O dinheiro público que aparece nas imagens é o que está faltando nos hospitais, com gente morrendo nas filas'', disse o vice-presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT).
O esquema foi gravado pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que usou escutas para registrar conversas com Arruda e parlamentares aliados.
A ação, deflagrada na sexta-feira, vasculhou a residência oficial do governador, além de gabinetes e casas de secretários e distritais. Ao todo, oitos parlamentares estão envolvidos.
Composição
Na Câmara Legislativa, a oposição a Arruda tem quatro deputados do PT: Cabo Patrício, Chico Leite, Erika Kokay e Paulo Tadeu. O deputado José Antônio Machado Reguffe (PDT) é independente.
Outros dois parlamentares são ligados ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC): Jaqueline Roriz (PMN) e Rubens César Brunelli Júnior (PSC).
A base de apoio a Arruda na Casa é composta pelos deputados Ayton Gomes (PMN), Batista das Cooperativas (PRP), Benício Tavares (PMDB), Benedito Domingos (PP), Bispo Renato Andrade (PR), Cristiano Araújo (PTB), Dr. Charles (PTB), Eurídes Britto (PMDB), Geraldo Naves (DEM), Leonardo Prudente (DEM), Milton Barbosa (PSDB), Raad Massouh (DEM), Raimundo Ribeiro (PSDB), Rôney Nemer (PMDB) e Wilson Lima (PR).
Dois parlamentares deixaram a base devido à crise no DF: Rogério Ulysses (PSB) e Claudio Abrantes (PPS).
Por Márcio Falcão
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