Exposição do MASP traz "Tesouros da Terra Santa" para o Brasil

Exposição do MASP traz "Tesouros da Terra Santa" para o Brasil

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:31

  Por Adriana Amorim

"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10:17), no entanto, ver a palavra de Deus retratada em objetos com mais de três mil anos de idade é possível e prazeroso. A exposição "Tesouros da Terra Santa - do rei Davi ao cristianismo", que acontece no MASP - Museu de Arte de São Paulo e vai até o dia 26 de outubro, traz cerca de 150 achados arqueológicos que narram fatos bíblicos num período de mil anos. Os objetos foram trazidos do Museu de Jerusalém, em Israel.

A mostra está centrada em Jerusalém, a Terra Santa, mostra o período em que o mundo conhecia apenas três continentes: Europa, Ásia e África. Andrea Calina, coordenadora da exposição no Brasil, conta que "Israel, essa pequena fenda sírio-africana, era a ligação desses três continentes, o que fazia com que nessa região houvesse a passagem de várias caravanas e exércitos, que deram origem a toda história do mundo ocidental. Foi lá que surgiu o alfabeto fenício, que originou o hebraico, o grego e o latim".

Mil anos divididos em dois momentos:

A construção e a destruição do primeiro Templo

O reinado de Davi foi escolhido como início da exposição, porque marca o começo da nação israelita. Foi Davi quem estabeleceu Jerusalém como capital e expandiu o reinado de Judá . Nesse sentido, o primeiro "tesouro da Terra Santa" encontrado na exposição é uma "stela", a única inscrição histórica de três mil anos, que comprova a existência do rei. Nela está mencionada a expressão "Casa de Davi", como em 2 Crônicas 21:7: "Porém o SENHOR não quis destruir a casa de Davi, em atenção à aliança que tinha feito com Davi; e porque também tinha falado que lhe daria por todos os dias uma lâmpada, a ele e a seus filhos" .

Na seqüência, está a inscrição funerária de Uzias, um dos reis da dinastia de Davi, que adquiriu lepra ao acender incenso, demonstrando-se anteriormente infiel ao Senhor: "E dormiu Uzias com seus pais, e o sepultaram com eles no campo do sepulcro que era dos reis; porque disseram: Leproso é. E Jotão, seu filho, reinou em seu lugar" (2 Crônicas 26:23).

Nesta parte da mostra é possível observar objetos comuns ao Primeiro Templo, iniciado por Davi e finalizado por seu filho, Salomão. São materiais da arquitetura real da época, como um capitel e uma balaustra; utensílios dos reis e do templo.

Destruído o templo e dominados pelos babilônios ao comando de Nabucodonosor, os judeus partem para o primeiro exílio, que durou 70 anos. Inicia, então, a segunda parte da exposição.

A construção do Segundo Templo e o Cristianismo

Cronologicamente, "Tesouros da Terra Santa" expõe objetos do período do segundo templo. Um mosaico original e uma apresentação de slides em uma TV demonstram como era o templo, hoje, lembrado pelo que restou dele: uma pedra de sustentação, mais conhecida pelos judeus como o "Muro das lamentações".

Vários ossuários com mais de dois mil anos estão expostos em ótimo estado de conservação. A coordenadora explica que nos sepultamentos em Israel, os corpos ainda costumam  ser colocados diretamente na terra, já que o solo da cidade é considerado sagrado: "Quando o corpo já foi decomposto, os ossos são retirados pelos familiares e guardados em um ossuário dentro de uma tumba. Eles têm no máximo o tamanho de um fêmur".

Na seção que retrata o cristianismo, chamam a atenção túmulos com os nomes de José e Maria, além de uma pedra com a inscrição "Jesus". Os três objetos datam do período em que Cristo viveu, não pertencem aos pais e nem ao próprio Jesus, mas demonstram como eram comuns os nomes na época, enfatizando a relevância que teve a família para o povo israelita. "Esta é única comprovação arqueológica de que esses personagens existiram. Tem muitas coisas escritas por Flávio Josefo e na própria Bíblia. Esta é uma comprovação histórico-arqueológica", diz Andrea Calina.

Utensílios semelhantes aos usados por Jesus quando operou milagres ficam bem próximos ao público, são vasos, pires, jarros, pratos, utilizados há dois mil anos.

Outros grandes "tesouros da Terra Santa" são dois achados arqueológicos reconhecidos mundialmente como comprovação da existência de Jesus: o ossário de Caifás, sacerdote que liderou a operação que culminou com a captura de Jesus, e uma pedra contendo a inscrição que cita Pôncio Pilatos. Na mesma sala, o osso de um tornozelo perfurado por um prego é a única prova arqueológica no mundo de que pessoas eram crucificadas no período de Jesus.

Em São Paulo, por mais uma semana, "Tesouros da Terra Santa - do rei Davi ao Cristianismo" não comprova fatos bíblicos e a importância de Jesus, ela os expõe aos olhos dos visitantes. "Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram". (João 20:29)

O que pensam alguns visitantes:

Para Larry Toschi, californiano que visita o Brasil e esteve na exposição, a mostra é uma oportunidade para encontrar objetos antigos relacionados aos fatos bíblicos, mas não uma confirmação da Bíblia: "A fé é que comprova, mas as coisas ajudam a fé".

Já o visitante Rodolfo Duarte disse que a exposição traz conhecimento sobre Jerusalém: "Vim para saber sobre todas as fases, como a história foi se modificando, achei incrível a idade dos materiais que foram trazidos de Jerusalém e o estado que se conservaram até hoje".

Outros serviços da mostra:

Além dos objetos, a mostra exibe o filme "Jerusalém, o presente para a eternidade", com duração de seis minutos, cedido pelo Ministério do Turismo de Israel. Para as crianças, aos sábados e domingos, às 15h e às 17h, um contador de histórias narra fatos bíblicos em sala especial.

Local: MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Av. Paulista, 1578 - Cerqueira César - São Paulo - SP

Ingresso: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,00 (estudante), gratuito para menores de dez anos e maiores de 60 anos. Na terça-feira a visita é gratuita até às 18 horas.

Alguns "tesouros da Terra Santa":

Stela da "Casa de David"

"E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi ia se fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo" . (2 Samuel 3:1)

A inscrição na stela diz:

"...E o rei de Israel entrou anteriormente na terra de meu pai. E Hadad me fez rei. E Hadad foi a minha frente e eu me separei dos sete...de meu reino, e eu matei setenta reis, que atrelaram milhares de carruagens e milhares de cavaleiros. Matei Jeorão, filho de Abab, rei de Israel, e eu matei Acazias, filho de Jeorão, rei da Casa de Davi..."

Este é o fragmento único de uma Stela de celebração de vitórias, erigida por Hazael, rei de Aram, um reino ao norte de Israel. A mais remota referência à dinastia de David.

Inscrição funerária de Uzias

"Assim ficou leproso o rei Uzias até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da casa do SENHOR. E Jotão, seu filho, tinha o encargo da casa do rei, julgando o povo da terra" . (2 Crônicas 26:21)

Escrita em aramaico, a inscrição significa: "Para aqui foram trazidos os ossos de Uzias, rei de Judah. Não abrir".

Uzias, rei sempre auxiliado por Deus, permitiu que o poder corrompesse sua fidelidade. Entrou no Templo para queimar incenso, mas foi repreendido por sacerdotes que o chamaram "infiel". Irado com os sacerdotes, o rei os desobedeceu e imediatamente foi atacado pela lepra em sua testa. Morreu pela doença e foi enterrado fora dos muros da Cidade de Davi.

A inscrição foi aberta no final do século XIX, mas não se sabe ao certo o local, devido à expansão da cidade. Tem grande relevância por ser um dos poucos objetos onde aparece o nome de um rei de Judah.

Nomes comuns no período de Jesus

"Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão...?". (Marcos 6:3)

Dois ossuários, um com o nome Maria e outro José, escritos em grego, e uma pedra com a inscrição Jesus em hebraico, evidenciam a importância que Jesus e seus familiares tinham para os israelitas, assim como os nomes de seus seguidores. Datam do período do Segundo Templo.

Única evidência da crucificação

"E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda" . (Mateus 27:38)

Por fontes históricas, sabe-se que os romanos utilizaram a crucificação como forma de punição durante séculos.

No entanto, apenas uma evidência arqueológica, datada do período, demonstra que a crucificação existia. Acima um ossuário de uma pessoa entre 24 e 28 anos. A inscrição diz: "Yehohanan filho de Hagkol".

O osso do calcanhar do jovem está perfurado por um prego. Quando foi retirado da cruz, parte do poste de madeira ficou presa ao calcanhar

Ossuário de Caifás

"Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se na sala do sumo sacerdote, o qual se chamava Caifás" . (Mateus 26:2)

A caverna do sepultamento da família de Caifás foi descoberta na cidade de Jerusalém. O ossuário maior contém a inscrição em hebraico, que diz: "José, Filho de Caifás". Este é o único caso em que um ossuário de um proeminente histórico foi encontrado.

Faz referência a Caifás, sacerdote que liderou a operação que capturou Jesus.

Pôncio Pilatos

"Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso". (Mateus 27:24)

A pedra antiga, que tem a inscrição de Pôncio Pilatos, é a única prova arqueológica de sua existência. A inscrição refere-se a uma construção erigida em homenagem ao imperador Tibério, assinada por Pôncio Pilatos, o prefeito da Judéia.

Pilatos presidiu o julgamento de Jesus e o condenou à morte por crucificação.

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