A lamentável realidade mostra que Belo Horizonte, que um dia recebeu o elogiado título de Cidade Jardim, também pode ser conhecida como a capital das ruas sem nome. Estatística da Secretaria Municipal de Regulação Urbana estima que o déficit de placas de sinalização deste tipo gira em torno de 145 mil unidades. A prefeitura não soube informar nesta terça-feira quantas placas há em Belo Horizonte, o que mostra o descaso do município com os moradores que pagam seus tributos em dia e que aguardam, por horas, a chegada de visitas que não encontram o endereço com facilidade em decorrência da morosidade do poder público em cumprir seu papel.
A demora é tanta que até a licitação aberta para pôr fim à demanda, em julho do ano passado, ainda não deu resultados práticos. A empresa para instalar os 145 mil equipamentos já foi escolhida, mas nenhum deles foi colocado até agora. Questionada sobre o assunto, a administração assegurou que as placas começam a ser implantadas no próximo mês. O déficit, porém, só vai acabar em quatro anos. Até lá, moradores vão conviver com situações vergonhosas, como ocorre na Rua Mendes de Oliveira, uma das mais movimentadas do Bairro Santo André, na Região Noroeste.
Lá, a situação é tão calamitosa que os moradores, cansados de pedir ajuda à prefeitura, decidiram escrever o nome da via num papel e fixá-lo na parede do prédio erguido na esquina com a Rua Capitólio. É um absurdo, diz o mecânico Ronaldo Rodrigues Silva, de 53. Ele lamenta que a placa artesanal não seja o único problema da via. Na esquina com a Rua Garça, há um bueiro sem tampa, que pode quebrar a perna de algum desatento pedestre, e um imenso buraco no asfalto, que pode danificar o pneu dos veículos que passam pelo movimentado corredor. Para aumentar o desgosto do mecânico, a placa de parada obrigatória, na esquina com a Rua Miracema, caiu há bastante tempo e nada foi feito.
No luxuoso Belvedere, na Região Centro-Sul, a placa que informa o nome da Praça Tom Jobim está caída há pelo menos três semanas. É uma situação absurda. Já deveria ter sido consertada, reivindica o montador de temperado Davison Henrique Souza, de 24. Ele mora no Barreiro, onde, assegura, há dezenas de ruas sem identificação. O jovem torce para que sua região seja beneficiada rapidamente com as placas que serão instaladas pela empresa que venceu o certame.
Porém, se depender do empresário Marcelo Gorgulho Vasconcellos Lanna, proprietário da Holding Representações Comerciais Ltda, firma que foi a responsável pelas placas até o certame, a história será diferente. Ele questiona a licitação na Justiça. A Holding Representações ganhou, em 1986, o direito de explorar a atividade na capital. Pelo contrato, a empresa instalava as placas e, como contrapartida, explorava a publicidade nos equipamentos. O acordo venceu em 2004, mas, segundo ele, uma cláusula permitia a renovação se a empresa manifestasse interesse, o que foi feito. Porém, nos últimos anos, o empresário reclama que o município ignorou o contrato e o descartou da atividade. Marcelo ainda aguarda uma decisão do Judiciário sobre a questão. Para a prefeitura, porém, o assunto está resolvido: o município informou nesta terça-feira que o contrato não está mais em vigor.
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