Festa do Peão de Barretos lota hotéis e altera rotina de outras cidades

Festa do Peão de Barretos lota hotéis e altera rotina de outras cidades

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:16

O prefeito de Barretos, no interior de São Paulo, Emanoel Mariano Carvalho, costuma disputar provas de team penning (prova em que os peões devem "tirar" três animais de um lote) em rodeios realizados na região. Mas, nos próximos dias, não conseguirá participar da disputa. A Festa do Peão da cidade, que começou na quinta-feira (19) e vai até o dia 29, altera a rotina dele e de moradores de toda a região. "Não dá tempo de competir em Barretos", diz ele.

De acordo com Carvalho, o evento movimenta a economia em cidades localizadas em um raio de até 150 km. “Os números não são muito precisos, mas fala-se em um movimento de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões. É difícil calcular porque a festa envolve uma região inteira. Se você procurar hoje, por exemplo, hotéis em Rio Preto, você não acharia." Entre as cidades beneficiadas, estão Olímpia e Ribeirão Preto, de acordo com Carvalho.

Barretos tem 113 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e muda completamente a rotina nos dias de festa – neste ano, realizada entre 19 e 29 de agosto. Os organizadores do evento esperam receber, nos 11 dias de festa, mais de 1 milhão de pessoas no Parque do Peão, área com cerca de 2 milhões de metros quadrados que recebe o rodeio.

Carvalho defende a utilização do parque em outros eventos. "Não existe no interior de São Paulo uma estrutura tão boa quanto a do Parque do Peão.  Se você quer fazer um show em qualquer mês do ano, é chegar e ligar a tomada."

Cerca de 5 mil empregos diretos e 10 mil indiretos são criados por causa da Festa do Peão. O município arrecada entre R$ 400 mil e R$ 500 mil apenas em Imposto Sobre Serviços (ISS). O tamanho da festa pode ser medido pelo lixo que ela produz, com dados apenas da cidade, sem contar os números do Parque do Peão. Normalmente, são recolhidas cerca de 2,7 mil toneladas de lixo ao mês na cidade. Esse número quase triplica em agosto, mês da Festa do Peão. Procura por hotéis

Barretos tem 15 hotéis, além de pousadas, e não dá conta da procura nesta época do ano. Por isso, os turistas se hospedam também em cidades vizinhas. A gerente do Kehdi Plaza, Elaine Cristina Gerolin, diz que o hotel, que fica em Barretos, está 100% ocupado para a data da festa desde o mês passado. “Estão tendo vários eventos na cidade, mas a Festa do Peão ainda é maior”, afirmou.

No Barretos Country Hotel, havia apenas 20% dos leitos disponíveis para o primeiro fim de semana da festa. Para o segundo, estava tudo lotado. “Em termos de faturamento, janeiro e agosto são idênticos”, afirmou o subgerente Ricardo Martins Marques, comparando o mês de férias escolares. Durante a semana que precedeu o início da festa, ele disse que o telefone não parou de tocar.

O argentino Marcos Ariel, de 34 anos, veio a Barretos sem reserva de hotel e percorria a cidade na manhã de quinta-feira (19) na tentativa de encontrar um local para dormir. "Não tem hotel", disse. Ele viajou cerca de 1.500 km em dois dias para acompanhar os 11 dias de festa com a namorada, Paola Ribas, de 22 anos. Segundo ele, o rodeio de Barretos é famoso também na Argentina.

Escolas

As atividades escolares também sofrem alterações. Para que os alunos possam ficar em casa durante os dias de rodeio, as escolas municipais de Barretos começam as aulas por volta de 20 de julho. “Ao longo dos anos, a cidade foi se acostumando à festa, se adaptando às necessidades”, disse o prefeito. “A festa hoje tem um planejamento. Geralmente, termina uma e a gente já começa a pensar na próxima”, afirmou. Cerca de mil policiais são deslocados de outras cidades para reforçar a segurança durante esses 11 dias. A professora Cláudia Regina Rezende de Sá, de 40 anos, receberá mais de 20 amigos e parentes em sua casa este ano. “Dorme todo mundo no chão, em rede. Na verdade, a gente nem dorme. A gente só vai descansar no dia 1º”, contou. Ela não aluga a casa para os turistas, mas muitos moradores da cidade ganham um dinheiro extra nessa época do ano.

O pedreiro Juarez Camargo, de 50 anos, mora em um bairro um pouco afastado do Centro e está alugando a casa. Ele espera ganhar cerca de R$ 500 a cada três dias. Os imóveis mais disputados estão perto da Avenida 43, a mais famosa da cidade. A mãe do pedreiro tem uma casa nessa região. “Estão ligando para ela há um mês, já devem ter ligado umas 50 pessoas interessadas em alugar”, contou.

O empresário Joaquim Teixeira, de 49 anos, disse que a procura está muito grande este ano. “Antes, eles [turistas] só procuravam em lugares mais centralizados. Hoje, até casas mais afastadas estão sendo alugadas”, afirmou. Ele mora em um bairro de periferia e disse que, nos anos anteriores, não conseguiu alugar a casa. “Já ligaram quatro pessoas, mas neste ano decidi não alugar.”

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