Filha de 87 vai ver mãe de 115 após 60 anos

Filha de 87 vai ver mãe de 115

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:15

Durante 60 anos, a aposentada Maria Rita de Almeida, de 87 anos, que mora em Cuiabá, guarda na lembrança o último contato que teve com a mãe antes de deixar a casa em que morava para seguir com o marido. “Com uma voz doce ela se despediu de mim. Foi a última vez que ouvi a sua voz. Depois disso, nunca mais nos vimos”. Nas últimas seis décadas, Maria Rita tentou descobrir o que havia acontecido com a mãe, que atualmente tem 115 anos, e com os irmãos que deixou para trás. E nesta quinta-feira (1º) vive a expectativa em ter a chance de reencontrá-los em Mato Grosso do Sul.

A aposentada viajou na noite desta quarta para a cidade de Corumbá (MS), após descobrir, no último dia 10, o paradeiro dos familiares. Detalhe: são mais de mil quilômetros e 12 horas de viagem que Maria Rita vai percorrer de ônibus ao lado de seis filhos. “Estou muito emocionada. Há muitos anos estamos procurando por eles [família] e agora vou poder realizar este grande sonho. Não importa a distância”, declarou. 

Pouco antes de embarcar no ônibus para reencontrar a mãe, Maria Rita conversou com a reportagem do G1. “Sei que valerá à pena”, frisou ao lembrar que, apesar da idade, o anseio de rever as pessoas que ama vai ajudar a evitar qualquer problema de saúde durante a viagem. Confira ao lado um trecho da entrevista com a aposentada.

Atualmente, Maria Alexandrina, mãe da aposentada, tem 115 anos e vive no assentamento São Gabriel, próximo a Corumbá. Lá também moram seis filhos dos oito que teve. O contato se perdeu quando a filha se casou e partiu com o esposo para uma fazenda em Mato Grosso do Sul. Depois, se mudaram para uma outra fazenda, localizada na região do Pantanal, já em Mato Grosso, onde permaneceram por mais de 20 anos. Mas ela ficou viúva e foi somente depois disso que decidiu morar em Cuiabá com um filho.

Maria Rita relata que ficou sem contatos porque à época não havia qualquer meio de comunicação disponível. “Cheguei até a mandar carta, mas nunca obtive respostas. Me disseram uma vez que a minha mãe e irmãos já tinham morrido e isso me abalou muito naquele momento. Mas não desisti porque sempre tive a esperança de encontrá-los”, disse emocionada ao lembrar que é a mais velha entre os irmãos.

A filha Vanilda Fancolina, de 47 anos, foi quem desafiou a distância, o tempo e não desistiu de procurar a avó e as tias. Moradora do município de Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá, ela revelou ao G1 que nos últimos três anos buscou ajuda com uma equipe da Marinha de Mato Grosso do Sul, que sempre realiza atendimentos na comunidade ribeirinha, no município, no mês de fevereiro, como também em Corumbá. “A equipe vai somente uma vez por ano na região. Sempre conversava com eles [Marinha] sobre meus familiares. No entanto, somente no terceiro ano, no último dia 10 de fevereiro de 2012, foi que um capitão me passou um telefone que poderia chegar até eles [família]”, disse.

Vanilda disse que o número era de uma escola que ficava no assentamento. Após muitas ligações e informações, segundo ela, com relação ao sobrenome dos familiares e à possibilidade de alguém morar no local, foi que chegou até o telefone das tias. “Uma mulher atendeu à ligação e quando comecei a relatar o que queria, ela declarou que pertencia à mesma família e que também nos procurava. Chorei tanto de emoção que não consegui mais falar ao telefone”, destacou.

Após a ligação, o planejamento do reencontro tomou conta de ambas as famílias. “Não consegui dormir mais, desde então. Não vejo a hora de poder abraçar e beijar a minha mãe. Tudo o que não pude fazer nesses 62 anos. Foi o presente que pedi de aniversário”, lembrou dona Maria Rita ao contar que nasceu no dia 24 de dezembro e o reencontro tão sonhado foi um dos pedidos feitos a Deus tanto na data de aniversário como para o ano de 2012.

Nesta quarta-feira, a residência da aposentada ficou cheia durante todo o dia. Com 15 filhos, 56 netos e 95 bisnetos, não só familiares como amigos também passaram pelo local apreensivos com a viagem. Para José Francolino de Almeida, de 50 anos, um dos filhos de Maria Rita, a busca incessante pela familiares valeu à pena. “Cheguei a viajar por 10 cidades procurando por eles e, agora, temos a chance de cumprir com o grande objetivo dos últimos anos”, pontuou.

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