Filho de Eike encontra família de ciclista morto

Filho de Eike encontra família de ciclista morto

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:14

Thor de Oliveira Fuhrken Batista, filho do empresário Eike Batista, se encontrou com a família do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, que morreu atropelado pelo rapaz, no sábado (17), na Rodovia Washington Luís (BR-040), na Baixada Fluminense. As informações são do advogado Cléber Carvalho, que representa a família da vítima.

De acordo com Cléber Carvalho, Thor conversou por mais de duas horas com Maria Vicentina Pereira, mãe do Wanderson, e Cristina dos Santos Gonçalves, esposa. O encontro aconteceu na quinta-feira (22), no escritório do advogado do rapaz, no Centro do Rio. Cléber contou que, durante a reunião, não foram tratados assuntos como indenização ou acordos.

“Durante o encontro percebemos que a finalidade era a mesma: reunir as partes envolvidas. Como havia uma disponibilidade de tempo e locomoção, reunimos as famílias para ter uma conversa com ele, sentar e olhar nos olhos. Foi um encontro entre humanos, sem a presença dos advogados. Eles choraram, se abraçaram e conversaram”, disse Cléber.

Na quarta-feira (21), após prestar depoimento na 61ª DP (Xerém), Thor afirmou respeitar a dor causada à família da vítima e estar disposto a ajudar: "Eu lamento profundamente pela perda do Wanderson, eu respeito a dor da família, a perda de um ente querido é complicado. E mesmo convicto da minha inocência, eu confirmo aqui que vou prestar todo o auxílio necessário à família e até o que for mais que o necessário", disse ele.

Segundo o advogado Cléber Carvalho, a declaração de Thor foi dada como positiva pela família da vítima e facilita a relação entre as famílias: “Essas declarações vão na mesma direção que a nossa. Era o que a gente esperava ouvir dele. Isso foi um bom sinal, e abre uma janelinha para novos contatos futuros”, completou o advogado.

O advogado disse, ainda, que a família vai voltar a se encontrar com Thor outras vezes com o objetivo de aproximar as famílias. De acordo com Cléber, um pedido de indenização foi feito, mas ele não chegou a ser impetrado na Justiça a pedido da família da vítima. A defesa aguarda ainda uma posição dos clientes para saber quais serão os próximos passos.

O Grupo EBX, do empresário Eike Batista, confirmou que Thor Batista se encontrou com a família do ciclista.

Polícia busca novas testemunhas

Na manhã de quinta-feira (22), o delegado Mário Roberto Arruda, titular da 61ª DP (Xerém), disse que ainda procura por outras testemunhas do atropelamento de um ciclista por Thor de Oliveira Fuhrken Batista, filho do empresário Eike Batista, no sábado (17), na Rodovia Washington Luís (BR-040), na Baixada Fluminense.

"Nós ainda estamos tentando arrolar novas testemunhas, inclusive de uma pessoa que teria passado pelo local no momento do acidente. Se for preciso, outras pessoas poderão ser ouvidas novamente", disse o delegado, se referindo às outras quatro testemunhas - dois agentes da PRF e dois motoristas - que também já foram ouvidas.

O delegado Mário Arruda voltou a afirmar que a hipótese de homicídio doloso (quando há intenção de matar) está descartada. No entanto, segundo ele, se for comprovado que Thor conduzia o veículo acima da velocidade permitida, ele poderá ser indiciado por homicício culposo (quando não tem intenção de matar), com pena que varia de 2 a 4 anos de prisão.

Em nota, a Polícia Civil informou que foi colhido o sangue de Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, morto no acidente, para verificar se ele havia ingerido bebida alcoólica.

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi contratado pelo empresário Eike Batista para defender seu filho. Além de Bastos, que faz parte do escritório Chiaparini e Bastos Advogados, também foi contratado para o caso Celso Sanchez Vilardi, do escritório Vilardi & Advogados Associados. Ambos os escritórios têm sede em São Paulo.

O advogado Celso Vilardi voltou a afirmar que seu cliente estava trafegando dentro da velocidade permitida no local do acidente. "Ele prestou todos os esclarecimentos a respeito do acidente, contou detalhes do que aconteceu aquela noite", disse o advogado. "Existem elementos muito seguros dos autos, que mostram que esse acidente ocorreu porque Wanderson estava com a sua bicicleta no meio da pista. Já existem indícios mais do que seguros no inquérito, e, portanto, é um acidente inevitável. Nós lamentamos muito", completou.

Não houve indiciamento, diz delegado

O delegado afirmou que "não houve indiciamento" e que outras quatro testemunhas, além de Thor e o amigo, já foram ouvidos: dois agentes da PRF e dois motoristas que passaram pelo veículo conduzido por Thor na noite do acidente. A polícia também tenta identificar outra pessoa que teria passado no local no momento do acidente.

Segundo o titular da 61ª DP (Xerém), já foram feitas duas perícias no carro, mas ele não descarta a hipótese de fazer uma terceira. A polícia aguarda o laudo da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), que vai estimar a que velocidade Thor trafegava no momento do atropelamento. O documento ficará pronto entre 15 e 30 dias.

Na terça-feira (20), o empresário divulgou no microblog Twitter uma foto com o braço machucado. Nas fotos, o jovem aparece com escoriações no rosto e no braço. Thor já tinha usado o Twitter para dar sua versão sobre o acidente.

Multas na carteira

Ainda na terça, o advogado da família do ajudante de caminhão afirmou que pretende processar o governo do estado do Rio de Janeiro se ficar comprovado que Thor Batista tem 51 pontos na carteira de habilitação. “Pedi para fazer um levantamento sobre a informação dada peloJornal Nacional ontem. Se ficar comprovado que Thor tem 51 pontos na carteira, vamos acionar também o governo do estado, que nessa circunstância teria total responsabilidade”, explicou Cleber Carvalho Rumbelsperger.

O advogado da família de Wanderson quer saber também onde estão acautelados o carro que Thor dirigia e a bicicleta da vítima. Segundo ele, como os veículos fazem parte de um inquérito policial, não podem ser liberados. “Vamos buscar a Justiça a qualquer custo”, garantiu Cleber.

O advogado da família da vítima disse que vai aguardar o resultado da perícia para qualificar o crime e saber se foi homicídio doloso ou culposo. “Pela avaria no veículo e pelo estado em que ficou o corpo da vítima é possível que o motorista estivesse em uma velocidade acima do permitido. Se isso for constatado, ele assumiu o risco de um resultado como esse. O crime passa de culposo a doloso”, afirmou Cleber.

O valor do dano material ainda não foi definido pelo advogado. Segundo ele, é preciso definir a renda per capita da família e saber exatamente a falta que a renda de Wanderson vai representar neste orçamento.

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