Um homem de 32 anos foi autuado em flagrante pela Polícia Militar, na manhã de segunda-feira (24), em Macapá. Ele é suspeito de torturar o próprio filho, um menino de 8 anos de idade. A prisão aconteceu após a criança fugir de casa no final da tarde de domingo (23). Ela ficou seis horas escondida no mato próximo à casa do pai, até ser encontrada por um vizinho. O caso aconteceu no bairro Marabaixo 4, zona oeste da capital.
Com várias lesões pelo corpo, o menino apresentava um grave ferimento no olho esquerdo, provocado por uma paulada, corte na testa e queimaduras pelas mãos, que, segundo a criança, foram feitas na boca do fogão da casa onde mora.
Em depoimento à polícia, o pai confessou que bateu na criança na última quinta-feira (20), com uma régua de madeira, que acabou atingindo o olho. Ele também assumiu as queimaduras e justificou informando que foi a punição aplicada pelo baixo rendimento na escola.
Um vizinho de 35 anos, que preferiu não se identificar, encontrou a criança no mato por volta de meia noite, assustado e debilitado. "Pensei em devolver para os pais, mas pelo estado dele, sabia que iriam agredi-lo ainda mais. Então chamei a polícia. Precisei correr atrás dele e conquistar a confiança para que ele viesse até mim", lembra, indignado.
Ao ser acionada, a polícia chegou a ir à casa do menino, e informou que, chegando lá, encontrou os pais com sinais de embriaguez. Eles foram questionados sobre o filho, mas pai e madrasta não souberam dar informações e alegaram que a criança estava desaparecida.
O casal foi encaminhado ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do Pacoval, na zona norte de Macapá. Juntos há quatro anos, eles têm mais duas filhas.
Agressões
O conselho tutelar da zona sul de Macapá registrou o caso. O conselheiro João Bosco informou que essa não teria sido a primeira vez que o menino teria sido espancado. "Alguns hematomas pelo corpo são de dias anteriores. Segundo a criança, frequentemente o pai a agride. Violência vai desde a física à psicológica”, informou.
A criança vai ficar sob medida protetiva em um abrigo até que algum parente seja localizado. “Ainda não localizamos nenhum parente da criança e nem a mãe biológica. Vamos esperar aparecer alguém e saber se a criança vai querer ficar com algum deles. Mas para o pai ela não volta”, afirma o conselheiro.
De acordo com o delegado Daniel Paes, a madrasta foi liberada pois não tinha envolvimento no caso. O pai foi preso em flagrante por tortura e vai ser encaminhado ao Instituto de Administração Penitenciária (Iapen).
Só no conselho tutelar da zona sul são registrados, em média, 10 casos de espancamentos, por dia, em crianças e adolescentes.