Governador do Acre rejeita reeleição e diz que é "candidato a ser gente"

Governador do Acre rejeita reeleição e diz que é "candidato a ser gente"

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:23

O governador do Acre, Binho Marques (PT), é o único dentre os governadores eleitos em 2006 em condições de disputar um segundo mandato que rejeita concorrer à reeleição e a qualquer outro cargo público nesta campanha. Avesso a disputas eleitorais, ele também descarta ''totalmente'' se candidatar no futuro.

Há mais de uma década na administração pública - foi secretário municipal e estadual de Educação e vice nas gestões anteriores - o governador do Acre quer se dedicar aos dois filhos e aos estudos, provavelmente um doutorado na Universidade de Brasília (UnB).

''Não tirei nenhum descanso, foi direto. Foram quatro anos de prefeitura e estou completando 12 anos no governo. (...) Está na hora de poder olhar para os meus filhos de novo. Quando minha filha nasceu, ela tem 17 anos, eu estava entrando na Prefeitura de Rio Branco. Sou candidato agora a ser gente'', diz.

''Nunca quis ser candidato a nada''

Em 2006, o então governador Jorge Viana terminava seu segundo mandato e não podia mais se candidatar. O senador Tião Viana (PT-AC) não podia assumir a tarefa por ser irmão de Jorge. A candidata natural seria a senadora Marina Silva, que ainda era filiada ao partido, mas ela estava à frente do ministério do Meio Ambiente. Marina deixou o PT em 2009 para ingressar no PV e se candidatar à Presidência da República. Binho foi escolhido candidato e acabou eleito como governador do Acre no primeiro turno, com 53% dos votos.

Neste ano, o candidato petista no estado será o senador Tião Viana. O ex-governador Jorge Viana (PT) disputará o Senado. A outra vaga na chapa é do deputado Edvaldo Magalhães (PC do B). O atual vice-governador, César Messias, será candidato a vice.

Binho diz que sua disposição em não concorrer nas eleições deste ano não se deve a acordo político. “Nunca pensei em me candidatar. Mesmo para governador, não estava nos meus planos. Praticamente de última hora, saí candidato. (...) Foi realmente muito difícil me convencer”, conta.

O petista diz que o Brasil tem ''eleição demais'' e defende mandatos maiores, de seis anos, ao invés da possibilidade de reeleição. “Eu gosto muito de gestão pública. Mas confesso que, de eleição, nunca gostei muito. Se pudesse pular o ano da eleição, eu adoraria.”

Gestão e legado  do PT

O tema do doutorado deverá ser a gestão do PT no Acre – serão, no total, 12 anos de governo no estado. A ideia é buscar outro olhar sobre o que foi feito neste período. ''A vista começa a ficar cansada. Você olha para problema e já vê paisagem. Acho que um afastamento disso é bom''.

Um dos maiores legados que deixará, diz ele, será o zoneamento ecológico-econômico feito no estado ao longo de 12 anos. O futuro governador, afirma Binho, terá o desafio de avançar na ''economia de baixo carbono''.

''Nos anos 70, a floresta era vista pelo próprio governo federal, pelo governo local, como sinônimo de atraso, de empobrecimento. Hoje, a própria população reconhece que a floresta é a nossa riqueza. É possível manter a floresta em pé, é possível ter crescimento econômico, tudo isso com distribuição de renda. Isso é o sonho de todos nós. Estou tranqüilo e feliz porque esse projeto está dando certo''.

Compadre de Marina

Amigo pessoal e compadre de Marina Silva, que é madrinha de um de seus filhos, o governador diz que tem posição na disputa presidencial: sua candidata é a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT.

''A visão que ela (Marina) tem e a minha sobre onde a gente deveria ficar nesse momento é diferente. Ela optou por sair do PT, e eu não. Ela compreende muito bem que eu tenho lealdade partidária. Isso é algo que está bastante claro e a gente sempre dialogou nesse sentido sem nenhum rancor. É difícil, o coração dói, sai machucado, mas é normal'', diz.

Outros governadores

Eleitos para o primeiro mandato em 2006, os governadores de Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Sergipe devem se candidatar à reeleição.

O tucano José Serra também poderia tentar um segundo mandato à frente do governo de São Paulo, mas deixou o cargo para se candidatar à Presidência. Jackson Lago (PDT), do Maranhão, foi eleito para seu primeiro mandato em 2006 e mira uma candidatura ao cargo novamente nas eleições deste ano. No entanto, ele foi cassado em 2009 e transmitiu o posto a Roseana Sarney (PMDB).

No Distrito Federal, José Roberto Arruda também foi eleito para o primeiro mandato em 2006. Ele foi preso em meio ao escândalo do mensalão do DEM, partido ao qual era filiado. Por ter deixado a legenda, teve o mandato cassado por infidelidade partidária.

Sem possibilidade de disputar a reeleição por terem sido eleitos em 2002 e 2006, nove governadores deixaram os cargos e devem se candidatar ao Senado. Nesses estados, a saída dos titulares abriu caminho a vices que assumiram os cargos - muitos devem se candidatar à reeleição. Já Alcides Rodrigues (PP), de Goiás, e Paulo Hartung (PMDB), do Espírito Santo, ambos no segundo mandato, decidiram não disputar nenhum cargo e permanecem nos governos até o final do ano.

Por Maria Angélica Oliveira

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