iG São Paulo
Shows foram cancelados e venda de pacotes de viagem diminuíram; governo e empresários dizem que festa está mantida
A uma semana do início do carnaval de Salvador, shows foram cancelados e a venda de pacotes de viagem para a capital baiana caíram com a greve dos policiais militares.
A paralisação por reajuste salarial começou no dia 31 e tropas federais fazem a segurança no Estado. Deste a última sexta-feira, ao menos 17 eventos foram cancelados, como o show da Banda Eva. Peças teatrais foram canceladas, ensaios de carnaval foram adiados, como o do Ilê Aiyê, e o show do Cerveja e Cia, com Ivete Sangalo, não aconteceu.
Nas redes sociais, há o boato de que o carnaval vai ter a data adiada. Para conter a boataria e o prejuízo que isso acarreta, a Empresa Salvador Turismo (Saltur) emitiu nota reafirmando que a maior festa popular vai acontecer.
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“Até o momento está mantida a programação do carnaval, estamos trabalhando normalmente diante, inclusive, das declarações do governador Jaques Wagner ontem e do comandante da Polícia Militar. Estamos mantendo a execução do planejamento, a programação oficial foi divulgada hoje no portal do carnaval e todas estruturas para a festa estão sendo montadas dentro do cronograma”, disse o presidente da Saltur, Cláudio Tinoco.
Apesar de familiares fazerem coro de que o carnaval vai ser cancelado, empresários ligados ao carnaval da Bahia disseram que a festa popular está garantida.
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Foto: AE
Na manhã desta quarta, representantes de blocos de carnaval, camarotes, artistas, bares e restaurantes se reuniram com o secretário de Comunicação do governo, Robinson Almeida, na tentativa de chegar a uma posição sobre a realização ou não do carnaval.
Almeida reiterou que haverá carnaval, mas não esclareceu se há um "plano B" para a segurança da festa, caso a PM não volte à ativa.
O carnaval de Salvador leva às ruas 2 milhões de pessoas em 25 km de avenidas e gera aproximadamente R$ 1 bilhão em negócios, segundo a prefeitura. A expectativa é que o município arrecade cerca de R$ 20 milhões em cotas de patrocínio.
Com o lema “Nós vamos botar o bloco na rua”, os organizadores do carnaval asseguraram que o carnaval de Salvador – considerado um dos maiores do mundo – está mantido.
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"Queremos reafirmar que todos os segmentos unidos garantem que vão às ruas realizar o carnaval. Esta é uma decisão unânime e nós entendemos que o governo está mantendo relação com a polícia para resolver a situação", diz Bulhosa.
O empresário Joaquim Nery, dono da Central do Carnaval, foi enfático ao falar sobre os rumos da greve e a possibilidade de não ter um fim até o carnaval.
“Não trabalhamos com hipóteses. De que forma o governo vai fazer isso cabe a eles resolverem. Como o governo vai fazer vocês devem perguntar ao governo”.
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Ele se comprometeu dar estrutura para os foliões dos blocos e camarotes. Os empresários falam que houve uma redução na venda de abadás, mas não revelaram o porcentual e o prejuízo até o momento. Mesmo sem querer falar com a imprensa, o secretário estadual de Comunicação, Robinson Almeida, afirmou que “estou aqui para reforçar a ideia de continuidade de planejamento do carnaval, mas não discutimos nada operacional".
Prejuízos
Dono de uma casa de shows na cidade, o empresário Jorge Sampaio conta que não abriu as portas desde que a greve foi decretada e já acumula prejuízo em torno de R$ 50 mil.
Segundo o presidente da Associação de Bares e Restaurantes, Luis Henrique Amaral, as perdas de faturamento dos estabelecimentos variam entre 50% e 90%.
Com a falta de movimento à noite, falta trabalho para profissionais como Ricardo Cavalcanti. Com o cancelamento de dois shows da banda para a qual trabalha, o engenheiro de som free-lancer diz que deixou de faturar cerca de R$ 4 mil.
"A preocupação agora é o carnaval: mesmo que aconteça, temo que as empresas cortem custos, trabalhem com menos pessoal para cobrir o prejuízo causado pela greve", diz o engenheiro, que chega a faturar até R$ 20 mil durante a festa.
O Sindicato dos Lojistas do Estado da Bahia (Sindilojas) estima que os prejuízos já ultrapassam os R$ 200 milhões nos dias de greve.
Turismo
O turismo também foi afetado. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (ABAVBA), Pedro Galvão, as operadoras de viagem de São Paulo e do Rio de Janeiro já estão redirecionando os pacotes por conta da greve. A redução já chega a 10%.
Para ele, a situação pode ficar ainda pior se a greve persistir. “Até o final de semana esse percentual pode chegar a 30%”, assinalou.
“Turismo gera renda e emprego, esse é um prejuízo para toda a sociedade. Queremos que as partes se sensibilizem para a situação. Esse movimento [greve] tem que acabar”, ressalta Galvão.
* Com Cintia Kelly, especial para o iG, de Salvador e BBC Brasil
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