Grupo de costureiras organiza resgate de vítimas e corpos em Nova Friburgo

Grupo de costureiras organiza resgate de vítimas e corpos em Nova Friburgo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

 Seis costureiras de Campo do Coelho, em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, dão lições de coragem e heroísmo para quem viu de perto o trabalho dessas guerreiras. Elas organizaram os primeiros resgates e atendimentos às vítimas das chuvas no bairro rural. Joseane Charles, de 27 anos, comanda a pequena tropa de mulheres. A costureira de um 1,65m foi a primeira a arregaçar as mangas e recrutar mais voluntárias para ajudar as pessoas que se desesperavam diante da tragédia. - Eu estava em casa quando recebi a primeira ligação de um vizinho pedindo ajuda. A luz tinha acabado e então peguei uma lanterna e sai para rua. Foi aí que vi que muita gente ia sofrer com toda aquela tragédia.

Joseane telefonou para as outras colegas costureiras e aí começou a união de esforços para tentar salvar as vítimas. Elas chamaram os maridos e amigos e, às quatro horas da manhã da última terça-feira (11), mais de vinte pessoas já estavam nas ruas à procura de sobreviventes. Mas Joseane conta que se surpreendeu quando viu dezenas de corpos se misturarem a lama e aos entulhos.

- Nós saímos debaixo de chuva forte e muitas pessoas já tinham morrido e estavam presas às árvores e aos destroços. Aí percebemos que tínhamos que também cuidar dos corpos que estavam se espalhando.

De um lado, os homens se revezavam para resgatar sobreviventes e retirar os corpos que estavam soterrados na lama. Do outro, as costureiras organizavam três pontos de atendimentos: um abrigo, um IML improvisado e um posto para os primeiros socorros. Numa escola pública, elas lavavam os corpos que chegavam sujos de lama para entregar as equipes de resgate, que só conseguiram chegar a Campo do Coelho um dia depois do início da catástrofe da serra fluminense.

A costureira Tatiana Corrêa, de 37 anos, conta que cuidou de corpos que chegavam mutilados e bastante maltratados. Ela diz que preferia lavar o rosto por último com medo de reconhecer algum amigo ou parente.

- Graças a Deus não perdi nenhum parente, mas reconheci muitos corpos de crianças na comunidade.

Mais de 50 corpos foram reconhecidos graças ao trabalho das costureiras. Elas lavavam os cadáveres com água de chuva armazenada, ensacavam e identificavam com etiquetas. Passado o terror dos primeiros dias, elas agora dividem o trabalho com os bombeiros e homens da Defesa Civil e Marinha.

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