'Já paguei quase 4 vezes o valor que peguei', diz vítima de agiotas

'Já paguei quase 4 vezes o valor que peguei', diz vítima de agiotas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:22

Após a prisão de um grupo suspeito de agiotagem no Rio de Janeiro, uma mulher, vítima da quadrilha, disse na quinta-feira (27), que descobriu que a promessa de empréstimo fácil era uma armadilha. Segundo a polícia, a quadrilha mantinha mais de 40 escritórios.

“Eu já paguei quase quatro vezes ou quatro vezes o valor que peguei e ainda estou devedora. É um buraco negro”, disse a vítima, cuja identidade foi preservada.

A Operação Shylock , da Polícia Civil, prendeu, nesta quinta-feira, 15 suspeitos , sendo três em flagrante, na capital, Região Metropolitana e na Baixada Fluminense. Entre os presos estão o chefe da quadrilha, seu braço direito, dois policiais militares, sendo que um deles fazia a segurança da chefia do grupo, além de funcionários e cobradores.

O lucro, conseguido à base de ameaças, chegava a R$ 3 milhões por mês, segundo a polícia. Em cinco anos, o esquema enriqueceu o homem apontado como chefe do grupo. Ele foi o primeiro a ser preso. No apartamento dele, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, os policiais encontraram cheques assinados em branco e R$ 40 mil numa gaveta.

Durante uma busca mais apurada, os policiais descobriram, ainda, que havia muito mais dinheiro embaixo do colchão. No fundo falso da cama havia R$ 3 milhões. Suspeito criou rap para ameaçar vítimas

Escutas gravadas com autorização da Justiça revelam como uma quadrilha de agiotagem ameaçava e cobrava devedores no Rio. Numa delas, um suspeito chegou a criar uma letra de música para botar medo nos clientes.

Suspeito: “Pegou tem que pagar senão o bonde brota, nunca confunde idiota com agiota.”

Quem canta o rap é um homem apontado pela polícia como um dos cobradores. Quem atrasava o pagamento era intimidado com ameaças.

Suspeito: “Fica de gracinha, pego seu filho e arrebento seu filho!

Em outra ligação, ele fala com um integrante do quadrilha que vai até a casa da vítima.

Suspeito: “Se dia 20 ela não aparecer, você não vai a pé não. Nós vamos mandar uma caminhonete tomar tudo, tudo o que essa mulher tem de valor. E se nada me interessar nessa p... também, vou tacar logo fogo na p... desse barraco aí”.

Os agiotas cobravam juros de 48% ao mês. Como mostram as escutas:

Cobrador 1: “107.50, vezes dois, mais 48%.”

Cobrador 2: “Trezentos e dezoito ponto vinte.”

Cobrador 1: “Recebe dela aí R$ 320.”

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