Jovem é liberada por hospital, volta para CTI e morre no Rio, diz família

Jovem é liberada por hospital, volta para CTI e morre no Rio, diz família

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:43

Atestado de óbito de Juliana, com a causa da morte "febre hemorrágica por vírus" (Foto: Reprodução)

  A família de Juliana de Souza Hudson Ferreira Ferraz está inconsolável. A menina de 17 anos morreu na terça-feira (10). Segundo a família, ela havia sido internada no Hospital Memorial, no Engenho de Dentro, no subúrbio do Rio, na manhã de domingo (8). Horas depois, foi liberada. Juliana voltou para o hospital no domingo à tarde, mas foi direto para o CTI, já em estado grave. O enterro foi nesta quarta-feira (11). O diagnóstico seria dengue hemorrágica, segundo a família da vítima.

A revolta da avó de Juliana, Vânia Ferreira Ferraz, é pensar que o hospital poderia não ter liberado a neta, já que, segundo ela, o exame de sangue já indicava o número de plaquetas baixo.

“Dengue é hidratação. Se parar de hidratar piora”, disse ela, acrescentando que em março um primo de Juliana teve dengue, mas não precisou ser internado. Segundo Vânia, Juliana foi internada no hospital no domingo de manhã. A menina tomou soro, fez exames de sangue e foi liberada. “Ela voltou para casa para o almoço do Dia das Mães, e de repente começou a tremer. A gente cobria ela, segurava as pernas, e levou ela de novo para o hospital. Ela foi direto para o CTI”, explicou.

De acordo com o diretor do Hospital Memorial, Antônio Monteiro, não há documento capaz de comprovar que a causa foi dengue hemorrágica, já que a sorologia só dá positiva a partir do quarto ou quinto dia da doença. Entretanto, ele afirmou que os sintomas eram os mesmos. “A evolução clínica dela é compativel com dengue hemorrágica, mas não tem como afirmar com certeza”, disse ele. O atestado de óbito, acima, confirma o quadro característico citado pelo diretor: "choque hipovolêmico, hemorragia digestiva alta e febre hemorrágica por vírus".

A assessoria de comunicação do hospital divulgou uma nota confirmando a morte de Juliana na unidade, porém não informa que ela teria sido liberada horas antes da segunda internação. Após receber a nota na quinta-feira (12) pela manhã, o G1 entrou em contato com a assessoria, que disse não ter mais informações para passar, e tentou falar novamente com o diretor, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno. 

Segundo a  tia de Juliana, Renata Hudson Ferreira Ferraz, quando a adolescente foi liberada pela manhã, a família solicitou um atestado, para ela apresentar na escola. No documento, a médica afirma que a paciente precisaria de cinco dias de repouso.

Hospital liberou Juliana no domingo e forneceu atestado médico (Foto: Reprodução)

  Veja a nota da assessoria do hospital na íntegra: "O Hospital Memorial informa que a paciente Juliana de Souza Hudson Ferreira Ferraz deu entrada na unidade Engenho de Dentro no domingo (8), em estado grave, com quadro sugestivo de dengue, onde recebeu prontamente todo tratamento e procedimentos necessários. A despeito de toda a assistência recebida, o quadro clínico da paciente agravou-se, sendo a paciente devidamente encaminhada ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital. Lamentavelmente, na terça-feira (10), Juliana Ferraz veio a falecer. O Hospital Memorial não pode confirmar que a causa do falecimento foi por dengue hemorrágica, pois não houve tempo suficiente para a comprovação sorológica, uma vez que a positivação do exame só ocorre cerca de seis dias após o surgimento dos sintomas".

Renata contou que o primeiro exame de sangue feito no domingo de manhã no hospital constou 107 mil plaquetas. Já na parte da tarde, um segundo exame de sangue apontou 44 mil plaquetas. “Ela deveria ter ficado internada com esse número”, disse ela.

Focos do mosquito

A avó está preocupada também com possíveis focos de mosquito no condomínio onde mora, também no Engenho de Dentro. Além de Juliana e do primo, a mãe dela também teve a doença. “Já chamamos as autoridades aqui. Cada um faz a sua parte, mas o governo também tem que fazer a parte dele”, reclamou ela.

O número de mortes causadas por dengue no estado do Rio de Janeiro chegou a 66 , segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (11) pela Secretaria estadual de Saúde. São 20 os municípios com registro de mortes, mas a capital é onde foram contabilizados o maior número: 23. A secretaria afirmou que os óbitos ocorridos em hospitais particulares, como é o caso do Hospital Memorial, estão incluídos na lista do governo. Entretanto, a secretaria não informa o nome dos pacientes mortos por dengue e, por isso, não confirma se o nome da adolescete Juliana está incluído na última divulgação.

De 2 de janeiro a 7 de maio foram notificados 85.415 casos suspeitos de dengue. No total, 18 municípios estão com índices de epidemia de dengue no estado.          

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