Lula evita, mas aliados fazem campanha em batismo de plataforma

Lula evita, mas aliados fazem campanha em batismo de plataforma

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:11

Principal cabo eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou fazer campanha aberta para Dilma Rousseff (PT), sua candidata à sucessão, no batismo da plataforma P-57, em Angra dos Reis (RJ). Diferentemente dele, porém, outros oradores fizeram diversas referências implícitas à candidatura de Dilma e à continuidade do PT no governo federal.

Falando a uma plateia de operários do estaleiro Keppel BrasFels, Lula louvou-se pelo fortalecimento da indústria naval e criticou os governos anteriores por não fazerem navios e plataformas no Brasil – política adotada no atual governo, mas não citou Dilma nem as eleições. Foi o primeiro evento aberto de Lula desde o primeiro turno da eleição.   Ex-metalúrgico e vestindo uma camisa abóbora – como a dos trabalhadores –, Lula foi recebido com festa e apoio pelos operários na Brasfels. Passou mais de uma hora conhecendo a plataforma, posou para fotos e recebeu presentes de funcionários.

Operários levaram uma faixa de apoio branca, com estrelas vermelhas e o texto em letras vermelhas, remendada de última hora para evitar fazer propaganda: “Sr. Presidente, obrigado por acreditar no nosso trabalho. Agora é festa!” A palavra “festa” substituiu “Dilma”, como se podia ler por baixo, o que compunha a frase “Agora é Dilma!”.

Nos discursos e no palanque – só com políticos da coligação que apoia Dilma –, o tom era o mesmo, com referências indiretas à petista. “Não posso usar hoje aquele (cumprimento) bom dia ('bom Dilma'), mas os companheiros podem continuar repetindo... Este ano é o ano das mulheres no Brasil. Novamente aqueles que pensavam assim põem a cabeça para fora e querem retomar o retrocesso. Temos de assumir a continuidade da mudança do País”, afirmou o presidente da Federação Única de Petroleiros, João Antônio de Morais.

“Vamos continuar com o grupo que está aí para gerar riqueza para o Brasil”, disse o prefeito de Angra dos Reis, Artur Jordão. O presidente do Sindicato das Indústria Naval, Ariovaldo Rocha, também reforçou. “Desejamos que esse grupo (do presidente Lula) siga preponderando em 31 de outubro.”

Lula: "Eu não vou entregar a faixa"

O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que Lula “vai deixar muita saudade” e “recuperou a auto-estima do Brasil”, mas, como o presidente, não falou diretamente de Dilma. Lula brincou ao comentar a passagem do cargo, em janeiro, para o candidato que será eleito em 31 de outubro, Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). “Eu não vou entregar a faixa. Estou pensando em colar a faixa com aquela bichinha que não larga e sair correndo.”

O presidente da República criticou, em diversas ocasiões, a política do governo anterior de não construir plataformas no Brasil. “Quando olho o que era o estaleiro na década de 1970, olho o estaleiro até 2003, começo a imaginar por quanto tempo este país perdeu com gente que não compreendia a capacidade correta deste país”, afirmou.

“(Quando assumi) Trabalhadores especializados estavam vendendo cerveja em isopor nas praias do Rio. Diziam que era melhor comprar (plataformas e navios) fora, ficava mais barato. Mas cada plataforma que compravam lá fora, quantos adolescentes a gente permitia que se encaminhassem para a criminalidade por falta de perspectiva de trabalho. Era o Brasil que acreditava que tudo tinha de vir de fora, porque era mais barato e nós éramos cidadãos de segunda classe”, afirmou, sendo muito aplaudido.

A P-57 é uma plataforma chamada de “gigante”, com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo – em comparação com a maioria, de 100 mil a 120 mil barris – e 2 milhões de metros cúbicos de gás diariamente, a partir do fim de novembro. A P-57 vai ficar localizada da porção norte da Bacia de Campos, no Parque das Baleias, no litoral do Espírito Santo.

Lula se confunde

Lula se equivocou, ao enumerar favelas que teriam sido pacificadas no Rio pelo governador Sérgio Cabral, em discurso em Angra dos Reis. Ele citou os complexos de Manguinhos e do Alemão, onde não existem Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). As duas comunidades receberam investimento maciço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas continuam dominadas por traficantes.

“Sérgio, você teve a coragem de fazer o que ninguém teve. As favelas se transformaram em bairros, em lugar de paz, com a maioria de trabalhadores. Eu convido vocês para subir em Manguinhos, no Alemão, no Pavão-Pavãozinho. Não vamos mandar a polícia só para bater, vai bater em quem tem de bater e proteger quem tem de proteger.”

No fim, disse que deixa como legado o exemplo de que, se ele pode, todos podem ser presidente da República, governador e prefeito. “Que a gente possa continuar a fazer mais plataformas, mais estaleiro, mais navio, mais emprego, mais salário, mais casa, mais cultura, mais comida e mais alegria.”     Postado por: Guilherme Pilão

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