Mãe coloca faixa na esquina para encontrar assassino de filho no PR

Mãe coloca faixa na esquina para encontrar assassino de filho no PR

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:41

Jovem de 17 anos morreu assassinado nesta esquina, no bairro Uberaba. (Foto: Célia Maria Maia)

  A faixa preta em uma esquina do bairro Uberaba, em Curitiba, denuncia a revolta de uma mãe que perdeu o filho de 17 anos assassinado. "A faixa é mais uma tentativa de conseguir pistas para esclarecer o crime, pois desde o assassinato, tudo o que tenho escutado  falar na Delegacia de Homicídios é que não possuem gente suficiente para investigar", afirmou  Célia Maria Maia.

A morte do jovem é uma ocorrência que está em trâmite na Delegacia de Homicídios da capital e poderá entrar para a lista que hoje já tem 3.600 inquéritos sem solução  parados há mais de dois anos em Curitiba. Quase dois meses depois da criação de uma delegacia específica para os crimes não resolvidos, a Polícia Civil comemora os primeiros avanços e cobra mais investimentos.

                                                                                                                                                                                                              O assassinato de Matheus Hoepers aconteceu no dia 1º de outubro de 2010 quando saía para uma aula de música. Segundo a mãe, os assassinos perseguiram o jovem com um veículo Ecosport e dispararam um tiro que o acertou na cabeça. Após ser atingido, ele foi encaminhado para o Hospital Evangélico da capital, mas faleceu no dia seguinte.  

Célia contou que quatro dias após a morte de Matheus ela foi até a Delegacia de Homicídios para saber o andamento das investigações sobre o assassinato do filho. Segundo ela, foi quando começou a sua decepção. "Eles não tinham iniciado nada com relação ao caso, nenhuma investigação tinha sido realizada, nem sequer tinham voltado ao local do crime para procurar possíveis testemunhas, achei um descaso", afirmou.

No quinto dia, após a indignação e insistência da mãe, as investigações sobre o caso começaram. "Os policiais foram até o local do assassinato e cumpriram mandados de prisão contra alguns suspeitos, mas os interrogatórios não levaram a nada, nada ficou provado e o assassino ainda não foi encontrado".

Sete meses depois, nada mais foi feito por parte da polícia e o caso está parado, segundo Maia. Além disso, ela reclamou também da falta de profissionais e recursos técnicos para que a polícia possa avançar nas investigações de alguns inquéritos.

"Eu mandei um vídeo que uma câmera de segurança registrou para ajudar nas investigações, mas soube que os investigadores demoraram um mês para analisar as imagens porque o computador da delegacia não 'rodava' as imagens. Isso é um absurdo!", contou.

Na mesa da escrivã, falta espaço para guardar inquéritos. Alguns ficam guardados no chão e em um banco improvisado. (Foto: Adriana Justi/G1)

  Delegacia de Homicídios

Já são 3.600 inquéritos sem solução que estão parados há mais de dois anos na Delegacia de Homicídios de Curitiba. O Grupo de Homicídios Não Resolvidos (Honre) foi criado no dia 1º de março deste ano (2011) para solucionar e analisar estes casos específicos, mas de acordo com o delegado responsável pelo Grupo, Rubens Recalcatti, a equipe está defasada e a estrutura da delegacia, onde eles analisam os inquéritos, não comporta a quantidade de documentos. "Não temos nem local apropriado para guardar os inquéritos, os que não cabem nas prateleiras, acabam ficando no chão e em bancos improvisados ", afirmou.

Recalcatti explicou, em entrevista ao G1, que a equipe de quatro investigadores e uma escrivã deveria começar a trabalhar no dia 2 de março, um dia após a criação do Honre, mas o quadro de profissionais 'prometidos' pelas autoridades se tornou definitivo apenas um mês depois. "Como a equipe não estava completa, começamos a trabalhar no início de abril", esclareceu.

Delegado Rubens Recalcatti explica que em um mês foram analisados 110 inquéritos do Honre. (Foto: Adriana Justi/G1)

  De acordo com o delegado, em abril foram analisados 110 inquéritos do montante acumulado. Destes, 50 casos foram resolvidos, alguns solucionados e outros despachados para o Ministério Público. "Resolver 50% deste número com a equipe que tenho, é um progresso muito grande porque cada inquérito tem em média quatro volumes e 1.500 páginas", explicou.

Um levantamento divulgado no ínício do mês de maio pelo Conselho Nacional do Ministério Público, mostrou que no Brasil o número de homicídios sem solução instaurados até 31 de dezembro de 2007 é de 151.819. O Rio de Janeiro lidera com 60 mil casos, seguido de Minas Gerais com 20 mil e Espírito Santo, com 13.610. No Paraná, o número total de homicídios parados até os dias atuais é de 7.352.     Recalcatti afirma que os governantes deveriam se preocupar mais com a falta de estrutura, tecnologia e contratação de profissionais para suprir a necessidade das delegacias. " As delegacias de polícia judiciária e investigativa foram sucateadas ao longo das décadas e cada vez mais foram se definhando, ao invés de crescerem, muitas diminuíram. E a população cresceu muito, com isso, a criminalidade também", concluiu

. A atitude de Célia, mãe do jovem assassinado, é uma cobrança direta por mais investimentos na polícia. Enquanto aguarda algum avanço nas apurações, ela diz que não vai 'sossegar' enquanto não encontrar o assassino do filho. "Quero ver o assassino na cadeia pra pagar pelo que fez. Não tenho medo de me expor e de persistir nessa história, apenas quero uma resposta pelo que aconteceu e que a justiça seja feita.", desabafou.          

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