Mãe relata resgate de bebê que ficou duas horas soterrado no RJ

"Quando dei por mim, tínhamos sido jogados para fora da cozinha. Começamos a revirar os escombros, tentando reconhecer onde seria cada cômodo da casa, até chegar ao quarto e sentirmos os pedaços do berço.

A lama escorria no rosto da minha filha", relata Filomena Freiman, cuja casa virou uma montanha de tijolos e madeira na chuva que atingiu Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, na madrugada da última quarta-feira (12). Entre o momento em que foi atirada para fora com o marido até encontrar Larissa, de 1 ano e 10 meses, se passaram duas horas, segundo a agricultora: "Ela já estava um pouco roxinha".

  Dois dias depois do salvamento, com a estrada ainda tomada por lama, as duas foram resgatadas por helicóptero para que a menina fosse examinada. O bebê escapou com apenas um ferimento no pé. "Ela ainda não consegue apoiar no chão", conta a mãe, olhando a menina dormir a salvo na cama da tia, onde está abrigada. A família se tornou centro das atenções em Vargem Alta, região de Nova Friburgo que está entre as maiores produtoras de flores do país. Vizinhos e parentes doaram colchões, mantimentos e roupas para Larissa.

O casal vivia da agricultura e da criação de porcos. Há cinco meses os três tinham se mudado para a casa no morro, que oferecia mais espaço do que a anterior. A moradia acabou sendo uma das duas destruídas na região, onde não houve mortes.  

"Acho que o que salvou a vida da minha filha foi o costume de eu colocar muitas cobertas", diz Filomena. "E o que protegeu meu marido e eu foi a geladeira. Ficamos em um espaço que tinha debaixo dela e por cima dela caíram escombros.

Se estivéssemos no quarto com a Larissa tínhamos morrido." A casa destruída e a geladeira azul foram registradas no celular da sobrinha, que usou um pouco da bateria restante para mostrá-las à reportagem -Vargem Alta é um dos pontos de Friburgo que está sem energia elétrica desde a chuva.