Manobra de juíza, promotor e defesa driblou ameaça contra Macarrão

Manobra de juíza, promotor e defesa driblou ameaça contra Macarrão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:09

Ricardo Galhardo

Em depoimento, ex-braço direito de Bruno confessou parcialmente ter participado do sumiço de Eliza Samudio e acusou goleiro de ser o mandante do crime

Uma articulação que envolveu a juíza Marixa Rodrigues, o promotor Henry Wagner Vasconcelos e o advogado Leonardo Diniz viabilizou o depoimento de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-braço direito do goleiro Bruno Fernandes, na madrugada desta quinta-feira. Macarrão confessou parcialmente ter participado do sumiço da modelo Eliza Samudio e acusou Bruno de ser o mandante do crime.

Em troca da colaboração, Macarrão será contemplado com os benefícios legais da confissão e, segundo fontes do Judiciário, pode contar com a boa vontade da juíza na hora de definir a dosimetria da pena. Estas fontes calculam que Macarrão pode ser condenado a cerca de 14 anos de prisão. Como já cumpriu dois anos e meio, pode ir para o regime semiaberto em um ou dois anos.

Na manhã de quarta-feira a defesa de Macarrão sinalizou ao promotor que o réu pretendia incriminar Bruno. A condição era de que o depoimento acontecesse no mesmo dia. Macarrão tinha medo de passar a noite na penitenciária e ser alvo de ameaças ou atentados por parte do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor do suposto assassinato de Eliza.

“Tanto é que um dos advogados de Bola esteve aqui no fórum para tentar evitar que o depoimento acontecesse hoje”, disse o promotor. “É claro que ele tem medo de ser morto pelo Bola”, completou.

A juíza Marixa entrou no circuito marcando para o final da noite de quarta-feira o início do depoimento apesar do cansaço de todos os envolvidos no julgamento, que se arrastava desde as 9h. O depoimento de Macarrão começou depois das 23h e durou quase cinco horas.

Toda manobra foi cercada de sigilo. Para dissimular a estratégia, espalharam a versão de que a decisão de continuar os trabalhos madrugada a dentro era um pedido dos jurados, interessados em voltar o quanto antes para suas casas. Todas as partes negavam oficialmente o acordo.

Depois do depoimento, o promotor comemorou o sucesso da manobra. Segundo ele, pela primeira vez um participante direto (e vivo) do crime aponta a responsabilidade de Bruno.

“Foi uma confissão muitíssimo inteligente”, disse o promotor. “A promotoria já esperava uma confissão em algum grau e que implicasse o acusado Bruno”, completou.

Macarrão responde por sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver e homicídio triplamente qualificado. Segundo seu advogado, ele confessou apenas ter participado indiretamente do crime de homicídio.

De acordo com o promotor, depois de cumprir a pena Macarrão pode ser incluído no programa de proteção a testemunhas.


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