Mansões, ranchos e pousadas começam a sumir em lago de Goiás

Mansões, ranchos e pousadas começam a sumir em lago de Goiás

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

Grandes construções em Goiás estão ameaçadas pela água. Casas, ranchos e pousadas novos em folha estão vagarosamente desaparecendo no lago da usina Serra da Mesa.

Os proprietários sabiam que construíam numa área que seria inundada, mas insistiram, e, agora, contam prejuízos.

Olhando parece o litoral, mas é interior de Goiás. Serra da Mesa está localizada na bacia do Alto Tocantins.

O reservatório é um dos maiores do país e estratégico para o abastecimento de energia. É também um polo turístico que atrai principalmente pescadores em busca de descanso e de muito peixe.

Alguns moradores investiram muito dinheiro na área, mas o sonho de morar no paraíso foi literalmente por água abaixo. 

Investimento de R$ 220 mil

Para construir uma casa, por exemplo, o proprietário gastou R$ 220 mil. Ele se mudou para lá em abril do ano passado e, menos de nove meses depois, teve que sair. A água já está na metade da casa e, até o fim do ano que vem, deverá cobrir o telhado.

É que o nível da represa subiu. A usina Serra da Mesa foi inaugurada em 1998. Pouco antes, todos os que tinham imóveis na área que seria inundada foram indenizados. Mas, como nos últimos anos a água ficou onde estava, muitos insistiram e voltaram a construir, compraram terrenos, fizeram ranchos, casas, mansões e pousadas. 

"Eu não acreditava que poderia acontecer, mas o que eu posso fazer? Acho que ainda esse ano não pega a minha casa", disse o comerciante Ednor Carrijo.

A notícia para Ednor não é boa. Segundo Furnas Centrais Elétricas, o reservatório vai continuar enchendo, o que pode variar é a velocidade. Para chegar à meta prevista, que pode ser atingida ou não, de acordo com a necessidade do sistema, o nível ainda pode subir mais dez metros.

A água subiu tanto nos últimos dois meses, que algumas casas ficaram só com o telhado do lado de fora.

Rodrigo de Carvalho era empresário em Brasília. Há dois anos investiu tudo o que tinha na construção de uma pousada na beira no lago. Imagens mostram onde ficavam as mesas do restaurante. Foi um risco consciente. "Quem disser que não sabia, está mentindo. Todos os empresários, todas as pessoas que construíram no local foram avisadas há muitos anos por Furnas. Só que na realidade quem é que poderia acreditar que o lago ou a água ia chegar onde chegou?", reconheceu o dono de pousada.

Carvalho não desistiu. Já está reconstruindo mais acima. Mas se emociona ao ver o que perdeu. "Hoje a gente vê esse sonho se diluindo em tanta água", lamentou.

Como são construções em área irregular, as prefeituras das oito cidades banhadas pela represa não têm números oficiais. Reneval Vaz Pires, funcionário da prefeitura de Niquelândia, acredita que dez mil imóveis estejam na área proibida e boa parte já está embaixo d’água. "Com certeza mais de mil casas já estão nessa situação", estimou. 

Turismo

Se o lago cheio é ruim para quem perdeu suas casas, para o turismo é bom. "Porque quanto mais o lago está cheio, mais turistas chegam, tem mais peixe. Isso é um grande atrativo que nós temos", afirmou Priscila Madureira, secretária de Turismo de Niquelândia.

Sebastião Ribeiro da Silva ainda não perdeu o rancho que construiu junto com o sogro, para as pescarias de fim de semana. Mas se a água subir ... "Se subir, é pegar os trenzinhos que estão lá dentro, colocar na canoa e ir embora", afirmou o técnico de produção.

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