"Me contorcia muito e chegava a gritar", diz adolescente que abortou

"Me contorcia muito e chegava a gritar", diz adolescente que abortou

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

"Qualquer criança que tenha um pouco de noção compra'', contou ao G1 a estudante curitibana F., de 18 anos, que adquiriu o Cytotec pelo Orkut há dois meses. ''Não esperava ser tão fácil assim. Difícil foi o aborto'', afirma.

A jovem ficou grávida e não quis ter o bebê. ''Não era a hora, não tinha estrutura física nem psicológica para enfrentar uma gravidez. (...) Quero dar muito mais para um filho um dia'', diz a jovem.

Antes de comprar o abortivo, ela fez uma pesquisa na internet e conversou com duas vendedoras até fechar a compra com a que tinha melhores referências, de outras pessoas que compraram o remédio. ''Chegou bem cedo, pelo correio mesmo'', afirma. A vendedora, no entanto, não explicou nada sobre os efeitos da medicação.

Para a curitibana, os perigos do Cytotec são ''uma imagem feita, por ele ser proibido no Brasil''. ''É feita muita propaganda em cima contra, para por medo mesmo nas pessoas'', diz a estudante.

Ainda assim, ela conta que o aborto foi difícil. ''Passada, em média, uma hora e meia, comecei a sentir cólicas fracas. A cada hora que passava, ficava mais forte'', conta. ''Depois de umas quatro horas, comecei a ter diarreia e vômitos. Depois de umas cinco ou seis horas comecei a ter contrações moderadas, e dali por diante só piorou. (...) Começou a ficar tão forte, que eu me contorcia muito e chegava a gritar. Mordia o que podia para conter a dor. Minha pressão baixou duas vezes. (...) Já estava tão fraca no final do processo, que estava praticamente desmaiada, e isso é perigoso'', afirmou.

''Nas últimas horas, confesso que estava pedindo para me levarem a um hospital, pois não aguentava mais. A hemorragia começa já nas primeiras horas e para mim durou mais uns 15 dias'', contou.

Hoje, é ela quem dá referências na internet para outras pessoas - em média, de 10 a 15 por semana. ''Sempre pedindo referência da pessoa que vende, se é confiável realmente. (...) Sempre peço para terem alguém junto, para não fazerem sozinhas, pois pode ocorrer algo grave e ter que ir ao hospital''.

''É fácil conseguir''

O brasiliense M., de 32 anos, conta que comprou o remédio para uma ex-namorada, há dez anos. Na época, ele recorreu a um amigo que conhecia alguém em uma farmácia que vendia o remédio. ''Foi fácil. Na verdade, é fácil conseguir qualquer coisa, desde que se vá ao lugar certo e se fale com a pessoa certa'', conta.

Ao todo, M. levou quatro comprimidos por cerca de R$ 100. Ele conta que o vendedor não fez nenhum alerta sobre a medicação. ''Não precisou alertar, eu sabia o que estava comprando'', diz ele.

Segundo o brasiliense, a então namorada conseguiu concretizar o aborto, mas ele não sabe detalhes de como foi o processo. ''A única coisa que ela me falou foi que causa muita dor. São horas e horas de dor'', conta.

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