Médicos dizem que é preciso tratar acidente de moto como epidemia

Médicos dizem que é preciso tratar acidente de moto como epidemia

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:36

Um levantamento do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas dá a dimensão de um problema pouco discutido – o número de pessoas que ficam com sequelas, para o resto da vida, por causa de acidentes de motos. Segundo a pesquisa, um em cada três acidentados de moto terão sequelas permanentes.

Os médicos dizem que é preciso tratar o acidente de moto como uma epidemia. “É mais uma epidemia. O acidente de moto é um verdadeiro vampiro para a economia, para a saúde e para o desenvolvimento do país”, diz a médica do Hospital das Clínicas Júlia Maria Dandrea.

Quase 900 mil motos rodam em São Paulo hoje. Em 10 anos, de 1998 a 2008, a venda de motos cresceu 750%. “A gente vem aumentando as vendas anualmente em torno de 30%. Se continuar assim, nesse crescimento, próximo ano já vai ser vendido mais motos do que carros”, conta Roberto Vaitekaites Neto, gerente geral de concessionária.

O modelo mais procurado é a moto de 125 cilindradas. Ela custa R$ 5.300 e pode ser paga em 48 vezes de R$ 188. Elas representam 40% das vendas da loja. “Hoje uma pessoa toma duas conduções para ir trabalhar e duas conduções para voltar para casa. Com esse mesmo valor ela consegue fazer um financiamento, pagar a prestação e ainda colocar combustível, sem contar a economia de tempo”, explica Moacyr Alberto Paes, diretor da Associação Brasileira de Fabricantes de Motos. O valor cabe no bolso de muita gente.

Entretanto, com mais motos nas ruas, aumentam os acidentes. No ano passado, 478 motoqueiros morreram na capital. Mais de uma morte por dia. “É mais importante o acidente de moto hoje na mortalidade do Brasil do que a Aids, do que a gripe suína, do que a dengue. Isso é uma coisa que não tem fim”, fala a médica do Hospital das Clínicas Júlia Maria Dandrea.

Na central dos bombeiros (193), os pedidos de resgate não param. De acordo com capitão Jean Carlos de Araújo, são quase 50 ocorrências diariamente com motocicletas. “O Centro de Operações dos Bombeiros recebe ligações só para a capital em torno de 350, 400 ocorrências. Dessas, nós temos envolvendo motociclistas em torno de 40 a 50 por dia.”

A estudante de 18 anos, Jaíne Jesus de Oliveira sofreu um acidente de moto em maio de 2009. Ela estava na garupa e quebrou a clavícula. Ela nunca mais vai mexer o braço direito e sabe que a sequela vai ficar para sempre. “Eu cai, bati a cabeça e perdi todos os sentidos. Não dava valor para o verdadeiro sentido da vida e hoje estou feliz porque eu consegui me adaptar. Eu não dependo de ninguém.”          

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