Mesmo com chuga, fogo em depósito no Rio de Janeiro

Mesmo com chuga, fogo em depósito no Rio de Janeiro

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:07

 

fogo no rio de janeiroO Corpo de Bombeiros ainda trabalhava, na manhã desta sexta-feira (24), para combater o incêndio no depósito de combustível que explodiu nesta quinta-feira (23), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Uma pessoa morreu e sete pessoas ficaram feridas, conforme mostrou o Bom Dia Rio.
A forte chuva que caiu sobre o estado na madrugada desta sexta-feira ajudou, contudo, não foi o suficiente para controlar completamente o fogo. Seis quartéis do Corpo de Bombeiros foram mobilizados para conter as chamas. Segundo o Corpo de Bombeiros, cerca de três milhões de litros de combustível eram armazenados no depósito.
 
"Nesse momento a situação está plenamente controlada. A gente mantém o perímetro de segurança, mais por conta da quantidade de viaturas que circulam, que ainda é muito grande. A gente pretende ainda hoje, antes do final da tarde, trazer o perímetro de segurança para mais perto e as pessoas poderão voltar para suas casas", garantiu o coronel Ronaldo de Alcântara.
 
Uma equipe de assistentes sociais dá apoio às famílias vizinhas ao depósito. Doze casas foram diretamente atingidas pelas chamas e outros 114 imóveis foram interditados por medida de segurança. Muitas pessoas passaram a noite em abrigo, mas outras preferiram ver de perto o trabalho dos bombeiros.
Sem poder voltar para casa, que fica a poucos metros do depósito, Vanderlino Gomes da Silva resolveu passar a noite na rua. “Não tem nem como dormir desse jeito aí. Tem até lugar para a gente dormir. As igrejas fizeram apoio aqui e a Defesa Civil deu abrigo para a gente. Mas tem que ficar aqui mesmo, acompanhando o trabalho dos bombeiros, para, quando amenizar, ver a hora que a gente pode chegar lá, pois a gente não tem noção da proporção do fogo em nossas casas”, lamentou Vanderlino.
 
Moradores disseram que já fizeram um abaixo-assinado contra a "vizinhança" de distribuidoras, mas sem êxito. A insatisfação vem desde 1995, quando uma explosão ocorreu no mesmo local do incêndio desta quinta-feira.
O fogo que atingiu o local nesta quinta começou por volta das 11h e se espalhou por todo o quarteirão, consumindo casas vizinhas após uma grande explosão às 12h30. No local, havia dois tanques com gasolina, dois com álcool, um com diesel e outro com água.
Segundo o coronel Ronaldo Alcântara, muitos animais domésticos morreram, pois estavam presos nas casas do entorno. Sobre as três casas pegaram fogo, o coronel acredita que a causa foi o calor. A maior dificuldade, de acordo com ele, foi isolar a área e afastar as pessoas.
A temperatura passou de mil graus no incêndio e o calor que irradiou pra rua chegou a aproximadamente 600 graus. Uma área de aproximadamente quatro quarteirões ao redor do depósito foi isolada, de acordo com a Defesa Civil.
 
Outros depósitos
O depósito de combustíveis que foi atingido não é o único da região, próxima à Rodovia Rio-Teresópolis (BR-116). Há pelo menos outros três, todos com tanques de armazenamento e próximos de casas.
Três anos depois, uma empresa que funcionava no complexo da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) também sofreu com explosões, quando quatro pessoas ficaram feridas, apesar das regras de segurança que valiam há décadas. Em 1972, o maior acidente da história da Reduc causou a morte de 42 pessoas e provocou mudanças nas medidas de prevenção.
Em nota, a prefeitura informou que vai fazer um levantamento para calcular o número de depósitos na região.
 
Morto era funcionário
Gelson da Silva Corrêa, 43 anos, funcionário da empresa Petrogold, que pegou fogo, morreu devido às queimaduras no incêndio. Outras sete pessoas ficaram feridas e foram atendidas no Hospital Adão Pereira Nunes, para onde a vítima também chegou a ser levada. A secretaria estadual de Saúde informou que Gelson chegou à unidade com 90% do corpo queimado.
Além dele, quatro homens e duas mulheres, que foram atendidos, receberam alta. Um homem de 21 anos deu entrada na unidade, mas saiu à revelia, antes de ser liberado.
 
Inea x ANP
Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a Petrogold não tem licença ambiental do estado para funcionar. A única licença era do município de Caxias, de 2009. Segundo o Inea, o município não tem autonomia para conceder esse tipo de licença.
Já a Agência Nacional do Petróleo (ANP), informou que a empresa atuava de forma regular. De acordo com a ANP, a "Petrogold tem autorização de operação 179, publicada no Diário Oficial da União em 07 de abril de 2009. Por ocasião da outorga a empresa apresentou todos os documentos exigidos pelas Portarias ANP Nºs  29 e 202 de 1999, incluindo o alvará de funcionamento da Prefeitura de Duque de Caxias, o certificado de vistoria de  Corpo de Bombeiros e a licença de operação ambiental, todos dentro do prazo de validade. A empresa foi fiscalizada pela ANP quatro vezes este ano, desde janeiro e não foram encontradas irregularidades."
 
Embargado
Segundo o secretário estadual do Ambiente Carlos Minc, o depósito foi embargado em julho de 2012 durante uma operação conjunta entre o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Polícia Federal.
Minc ressaltou que em junho, o Inea e a Polícia Federal lacraram a empresa após uma fiscalização, que constatou sinais de violação de combustível e derramamento de óleo nas vias fluviais.
“Essa região é dominada por uma máfia de alteração de combustíveis. É um barril de pólvora, com óleo e combustíveis inflamáveis”, diz o secretário, acrescentando que cerca de 20 empresas atuam na região de maneira parecida.
Ainda de acordo com Minc, a Petrogold funcionava através de liminares obtidas na Justiça e de uma licença municipal. O secretário esclarece que uma empresa desse porte só pode operar com licença do estado. A Petrogold tinha uma licença estadual antiga e que não foi renovada pelo Inea.
 
Advogado contesta
Fábio Kalil, advogado da empresa Petrogold, distribuidora de combustível responsável pelo reservatório que pega fogo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na tarde desta quinta-feira (23), negou que a empresa tenha a licença ambiental embargada no ano passado.
Segundo ele, “todas as licenças e documentações necessárias nas estâncias municipal, estadual e federal estão em ordem”. Segundo ele, cerca de dez funcionários trabalhavam no reservatório.
 

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