Mesmo com plano para demolir, SP reforma calçadas sob Minhocão

Mesmo com plano para demolir, SP reforma calçadas sob Minhocão

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:25

Operários trabalhavam na tarde de segunda-feira (10) na reforma das calçadas da Rua Amaral Gurgel, entre as ruas Jaguaribe e Consolação, no Centro da cidade. A reforma vai custar R$ 490 mil e prevê a troca de 5 mil metros quadrados de calçadas sob o Elevado Costa e Silva, o Minhocão, o mesmo que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) prometeu demolir na quinta-feira (6).

A Subprefeitura da Sé informou que as obras estão mantidas e que a demolição do Minhocão vai ocorrer apenas em 2025. A reforma, iniciada em 26 de abril, deve ficar pronta em 90 dias e deverá substituir o piso irregular existente hoje por concreto moldado, igual ao da Avenida Paulista. O projeto também prevê a plantação de ipês amarelos. Em algumas calçadas, no trecho lateral ao elevado,  já há mudas de árvores plantadas.

A placa de anúncio da obra, instalada em uma das pilastras do Minhocão, informa que o prazo de execução é de 90 dias. Operários da empreiteira ouvidos pelo G1 informaram que vão quebrar primeiro os pisos das calçadas laterais e depois a do canteiro central, que fica sob o Minhocão. Alguns ficaram intrigados com a informação de que o Minhocão será demolido.

A presidente da Ação Local Amaral Gurgel, Yara Góes, defende a realização da obra mesmo diante da possibilidade de o Minhocão ser demolido. ''A reforma das calçadas não tem nada a ver com a demolição do Minhocão'', diz. Yara afirma que a reforma é uma conquista local. ''Vai ser como o piso da Paulista, com mais acessibilidade. Nós solicitamos que fosse feito também no canteiro central'', diz.

Yara afirma que é a favor da demolição do Minhocão. ''É lógico que tem de demolir. Tenho certeza de que essa é uma prioridade para a saúde das pessoas'', diz.

Já o arquiteto e urbanista Cândido Malta aponta uma incerteza nas ações da Prefeitura de São Paulo. ''Na verdade, a demolição é muito problemática e a própria prefeitura não tem certeza do que vai fazer.''

Ele se mostra preocupado com a ideia, anunciada pela Prefeitura, de enterrar 12 km de linhas ferroviárias para construir uma nova avenida no local por onde passa o Minhocão. Para ele, tornar as linhas subterrâneas no trecho custaria cinco vezes mais do que a versão de superfície. Além disso, segundo ele, a nova avenida esbarraria inevitavelmente no terminal Barra Funda e nos arredores da Estação da Luz.

''Por muitas e muitas razões, essa construção de uma nova avenida vai sofrer muitas críticas e não vai para a frente'', diz o urbanista. ''O plano é ambicioso demais e está fora de escala. Precisa ser remodelado'', afirma Malta.

Na quinta-feira, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, afirmou que a ideia é construir no local uma via terrestre onde atualmente passa uma linha ferroviária. Pela proposta, cerca de 12 km da linha do trem serão enterrados e no lugar dela será construída uma “via parque', que, segundo ele, seria uma via com ciclovia e arborizada.

''O projeto prevê uma ligação urbana que não existe porque está no trecho da ferrovia. Cria uma alternativa do ponto de vista viário. Aí pode-se derrubar o Minhocão sem impacto viário'', disse o secretário. Bucalem disse que a previsão é que o projeto seja concluído em um ano e meio e depois enviado para análise dos vereadores. Somente após a aprovação na Câmara é que o projeto será colocado em prática.

Por Roney Domingos

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