Metade da frota de carros de SP tem mais de 20 anos de uso

Metade da frota de carros de SP tem mais de 20 anos de uso

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:47

Carros, ônibus caminhões e motos são responsáveis por 90% da poluição do ar de São Paulo. Além do fato de ter veículos demais nas ruas da capital, cerca de 7 milhões, praticamente metade da frota - 3 milhões - é de veículos com mais de 20 anos de uso. Por eles terem uma tecnologia mais antiga, poluem mais.

“Os carros mais antigos estão indo parar na periferia, rodam pouco, mas de vez em quando tem um ou outro rodando, mas o importante, na minha maneira de ver, você tem que fiscalizar, tem que forçar todos esses carros a fazer a inspeção veicular. Não tem como. Se não fizer isso eles vão continuar. O preço da poluição pago pela sociedade como um todo exige alguma coisa em cima desses carros também. Não dá para ignorá-los porque eles pesam muito”, relata o professor de engenharia mecânica da Poli-Usp Francisco Nigro.

O problema é que a poluição não parece ser levada em conta. Um carro velho polui, e muito. Ele funciona com carburador, ou seja, mesmo regulado, o carro queima mais combustível do que deveria. Pode poluir até 20 vezes mais que um carro novo.

“Antigamente nós não tínhamos catalisador. O catalisador por si só, injeção eletrônica, esse controle todo que foi colocado nos carros mais novos, reduzem, divide por dez a poluição praticamente”, volta a explicar Francisco Nigro. O catalisador foi um marco. Se ele não tivesse sido obrigatório em todos os carros fabricados a partir de 1997, a situação do ar seria muito pior. O aparelho é uma peça de cerâmica que fica na saída do escapamento e recebe os gases poluentes que vem do motor. Uma reação química transforma os gases em outros menos poluentes.

Além disso, os carros mais novos têm injeção eletrônica que libera para o motor só a quantidade de combustível que ele precisa. Assim, não há emissão de poluentes sem necessidade.

Rodízio

Até pouco tempo apenas uma política pública tinha sido adotada pra tentar diminuir a poluição na cidade: o rodízio de carros, criado pelo Governo do Estado em 1995. Naquela época, a pessoa tinha que deixar o carro em casa um dia inteirinho, seguindo o final da placa e só funcionava nos meses de inverno, quando o clima está mais seco e a poluição fica concentrada.

Esse rodízio tinha como preocupação principal a poluição e não o trânsito. Por isso, durou apenas três anos. “Olha, foi difícil porque rodízio é comportamento, as pessoas se sentiam pessoalmente lesadas pelo fato de não poder usar o automóvel o dia inteiro”, explica Fábio Feldman, ex-secretário do Verde e Meio Ambiente.

Ele também conta porque o modelo rodízio implantado por ele naquela época não permaneceu. “Primeiro acho que houve uma resistência político-eleitoral. Diante do risco de ter um impacto eleitoral desastroso como aconteceu, acho que o poder público recuou”, finaliza Feldman.      

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