Após a morte de duas pessoas no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a versão de que a Polícia Militar foi recebida a tiros no local na madrugada de sábado (19) por suspeitos que usavam fardas da corporação é constetada por moradores. Um morador acusou policiais do Batalhão de Rondas Táticas da Polícia Militar (Rotam) de ter subido no morro para cobrar propina no que seria, segundo o denunciante, um esquema de proteção ao tráfico de drogas. A Polícia Militar afirmou que abriu sindicância para apurar a circunstâncias das mortes e afastou quatro policiais que trabalhavam no dia dos assassinatos.
O morador que não quis se identificar acusa os policiais de atuação criminosa na região. O batalhão Rotam, com várias viaturas, eles recolhem valores pra fazer a segurança do tráfico de droga. Pros traficante poder ter liberdade de subir e descer a favela pra vender as suas droga, contou.
Ainda segundo ele, como os militares não encontraram a pessoa responsável pelo pagamento, houve um desentendimento e tiros. O batalhão Rotam, junto de duas viaturas, subiram até numa parte da favela que a gente conhece como arara, pra poder recolher os seus valores. Deparando lá, não encontraram com o rapaz que fazia o pagamento naquele momento. Houve uma confusão. Os "menino" pegaram uma arma em punho e tentaram intimidar os policiais também e saíram correndo beco abaixo. Os meninos subiram prum beco acima, na rua, e o batalhão Rotam desceu. Foi quando tava subindo o Jéferson e o seu tio e nisso eles já chegaram abordando eles com tiro, contou.
De acordo com o morador, os dois mortos não estavam armados e não carregavam farda da Polícia Militar. E nesse dia que aconteceu esse fato, que eles mataram esses dois jovens, dizendo que estavam fardado, que os rapazes estavam armado, são totalmente mentira, disse.
Sobre a acusação de cobrança de propina por parte de policiais, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que desconhece a prática criminosa dentro da corporação e a existência de milícias atuando no aglomerado. Ainda segundo a PM, a comunidade deve denunciar para que haja investigações.
O líder do Movimento Paz na Serra, Alexandre Ribeiro, de 32 anos, também contestou a versão da polícia. Ele disse que os moradores mortos eram trabalhadores e que tudo foi forjado pela polícia. Não existe esta história de farda. Foi tudo forjado, falou.
Protesto contra as mortes
No Aglomerado da Serra vivem 56 mil famílias. Nesta segunda-feira (21), estudantes e moradores protestaram na manhã desta segunda-feira (21) em indignação pela morte de duas pessoas no sábado (19). A manifestação fechou o trânsito local. Os participantes gritavam o nome de Jéferson da Silva, o jovem de 17 anos assassinado. O aglomerado está ocupado pela Polícia Militar, que acompanhou o protesto de longe. Também nesta segunda-feira (21), cerca de 500 alunos da Escola Municipal Edson Pizani, que fica no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ficaram sem aulas. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a fiação elétrica da escola foi danificada e o fornecimento de luz e telefone está interrompido. O transporte coletivo também sofreu alterações após o clima de violência do fim de semana. Duas das quatro linhas de ônibus que entram no Aglomerado da Serra não circulam nesta segunda-feira (21).
Confronto
Cerca de 40 policiais militares reforçam a segurança no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (21). De acordo com a Polícia Militar (PM), não houve confrontos na madrugada e na manhã desta segunda-feira (21). Ainda segundo a PM, três ônibus foram incendiados na região desde sábado (19), após a morte de dois homens por policiais militares.
Na noite deste domingo (20), a Polícia Militar (PM), invadiu o aglomerado por volta das 20h30. Moradores das vilas receberam os militares a pedradas. Policiais da Tropa de Choque também ocuparam o morro, segundo a polícia. Policiais dispararam tiros de bala de borracha e pelo menos duas pessoas ficaram feridas. Bombas de efeito moral também foram detonadas no local.
No sábado (19), dois ônibus foram incendiados e um suspeito que teria liderado os atentados foi preso. O terceiro coletivo foi queimado na noite deste domingo (20) durante confronto entre moradores e policiais.
Os dois homens que foram mortos pela polícia foram enterrados no Cemitério da Saudade, na Região Leste da capital, neste domingo (20). Centenas de pessoas acompanharam o enterro.
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