Vera Lúcia diz ter mais medo de remoção do que
do gás (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Moradores do Cingapura Zachi Narki, na Zona Norte de São Paulo, saíam para trabalhar na manhã desta terça-feira (11) com medo de terem que deixar suas casas ao longo do dia. A Justiça determinou nesta segunda-feira (10) a remoção imediata das famílias devido ao risco de explosão causado pelo vazamento de gás metano do solo. A Prefeitura recorreu e informou que uma audiência foi marcada para esta tarde para tentar resolver o caso. O Tribunal de Justiça não confirmou até as 10h desta terça a realização da audiência.
O pedido de remoção foi feito pelo Ministério Público na sexta-feira (7). No mesmo dia, o Tribunal de Justiça aceitou o pedido. Entretanto, a decisão só foi divulgada nesta segunda. O conjunto de moradias populares foi construído no terreno de um antigo lixão. O Shopping Center Norte, na mesma região, ficou interditado por dois dias na semana passada devido ao mesmo problema.
Já pensou se a gente está no serviço e escuta na televisão que foi interditado? Tenho mais medo da remoção do que do gás, porque a gente não sabe para onde a Prefeitura vai levar a gente, afirmou a doméstica Vera Lúcia Dias de Andrade, de 50 anos. Não falam nada para nós, tudo que sei, vi pela televisão.
Márcio falou no trabalho na segunda devido à
confusão no Cingapura (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Nós não vamos sair, eu estou otimista. Nós vamos negociar, a própria Prefeitura está nos apoiando. Vamos ver como instalar os drenos. As medidas de segurança vão ser tomadas. Deus está no controle, afirmou a líder comunitária Cleonice Maria do Nascimento.
Outros moradores estão menos confiantes. É o caso do promotor de vendas Márcio da Silva, de 29 anos, que já faltou no trabalho nesta segunda e saía para o serviço nesta manhã com medo de não conseguir entrar novamente em seu apartamento. Tenho medo de voltar para casa e ser despejado. Mas não dá para faltar de noivo, perder a moradia e o emprego. O medo maior é de sair. Isso do gás já tem faz tempo, afirmou.
Os moradores contam que por diversas vezes nos últimos anos houve rumores de que eles seriam retirados dos prédios, e acreditam que a polêmica é uma questão de interesses externos. Para mim não tem risco nenhum. Acho que é mais interesse de alguém. Sempre quiseram tirar a gente daqui, várias vezes, disse a auxiliar de limpeza Ana Maria dos Santos, de 52 anos.
Mas o medo de ter que ir para outro lugar impera entre os moradores. A auxiliar de limpeza Aparecida Vieira dos Santos, de 54 anos, também faltou no trabalho na segunda e não poderia fazer o mesmo nesta terça. Lá em casa ninguém dormiu direito. Tenho medo, é claro, quem não tem medo? A corda só quebra para o lado do mais fraco.
Audiência
A reunião que deverá decidir sobre a retirada das famílias do Cingapura Zachi Narki ocorrerá às 14h30 e contará com a presença de técnicos da Cetesb e representantes da Prefeitura e do Ministério Público.
Nesta segunda-feira, cerca de 200 moradores do conjunto habitacional protestaram contra a desocupação imediata dos prédios.
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