Motorista de ônibus incendiado em SP diz que ação foi 'loucura'

Motorista de ônibus incendiado em SP diz que ação foi 'loucura'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:23

Segundo a Polícia Militar, criminosos entraram nos veículos e mandaram

 os passageiros descer (Foto: Juliana Cardilli/G1)   Há 20 anos trabalhando como motorista de ônibus, Justiniano João dos Santos, de 54 anos, disse ter passado na manhã desta segunda-feira (24) por uma cena inédita em sua vida. Ele dirigia o ônibus que foi incendiado por dois homens no fim da madrugada na Avenida Nordestina, região de Lajeado, Zona Leste de São Paulo. O motorista chegou a ser atingido por gasolina jogada pelos criminosos, mas escapou sem ferimentos, assim como todos os passageiros. O ônibus ficou destruído. “Deu tempo de sair todo mundo, mas eu vi uma senhora falando que uma perdeu a bolsa, outra perdeu o celular lá dentro. Foi uma loucura. Nunca passei por uma cena dessas e peço a Deus nunca passar de novo”, afirmou o condutor.

O motorista fazia o trajeto entre Guaianazes e São Miguel Paulista, ambos na Zona Leste. Ele foi atacado quando parou no ponto para pegar passageiros. “Na hora que todo mundo acabou de subir, um indivíduo que estava com uma bolsa, o primeiro a entrar, só que dentro da sacola estava a gasolina, e eu não sabia”, contou. “Eu pensei que era um assalto, ele ficou gritando, ‘desce daí’, falando palavrão, xingando. Ele pegou a bolsa, abriu, pegou a sacola de gasolina e jogou em cima de mim e do painel. Todo mundo se apavorou, desceu, aí veio outro [homem], que estava do outro lado, correndo e com uma sacola de gasolina também. Entrou por trás, jogou gasolina em todos os bancos e tacou fogo.”

Justiniano dirigia ônibus que foi destruído (Foto:

Juliana Cardilli/G1) Todas as pessoas que estavam no veículo – entre 30 e 40, segundo o motorista – escaparam sem ferimentos. Os criminosos não impediram as pessoas de saírem. “A sorte é que esse ônibus que eu estou é de três portas. Se fosse uma só, nem sei”, disse Santos.

O veículo dele não foi o único a ser incendiado na região. O motorista Claudio Aparecido Bueno de Lima, de 46 anos, há 15 conduzindo coletivos, também passou por momentos de tensão nesta manhã. Ele seguia pela Rua José Vieira Guimarães, em Lajeado, quando seu ônibus foi atacado.

“Parou uma lotação na minha frente, eu parei atrás. O pessoal subiu. Também achei que fosse um assalto, um deles subiu fumando. Só que o meu estava com uma vasilha de água com gasolina”, contou. “Os dois já chegaram gritando, ‘desce, desce’, o pessoal ficou com medo. Todo mundo desceu correndo, aquele pânico. Aí eles jogaram álcool no motor e tacaram fogo.”

Segundo o motorista, que fazia a linha Terminal Parque Dom Pedro – Jardim Etelvina, os criminosos fugiram a pé – ele viu um deles colocar uma máscara de caveira na fuga. O condutor ainda conseguiu conter o fogo, causando poucos danos ao veículo.

“Eu esperei um pouquinho, para ver se tinha alguém perto. Parou outro ônibus, eu peguei o extintor de outro veículo e apaguei. Não tinha como pegar o extintor do meu porque estava muito perto do fogo”, contou Lima.

Claudio conseguiu conter fogo ateado no ônibus que ele dirigia (Foto: Juliana Cardilli/G1) Investigações

Os dois casos foram encaminhados para o 68º Distrito Policial, em Lajeado. Segundo a Polícia Civil, ninguém foi preso, mas há duas linhas de investigações sendo analisadas. A primeira seria uma retaliação de moradores da região a uma ação da Polícia Militar nesta madrugada em um posto de combustíveis. A PM foi acionada para verificar o barulho causado por um grupo que bebia no posto. As pessoas foram dispersas e antes de sair, alguns fizeram ameaças aos policiais, dizendo “isso não vai ficar assim”. A polícia investiga se há alguma relação entre o caso e os incêndios.

A outra linha de investigação se refere à participação de integrantes de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas. Segundo um dos motoristas, um dos criminosos disse, durante a ação, que era membro desta facção.

A polícia também procura câmeras de segurança que possam ter registrado as ações – no caso da Avenida Nordestina, uma empresa em frente ao ponto onde o ônibus foi incendiado possui uma câmera de segurança. Entretanto, ela estava desligada há seis meses. Possíveis testemunhas também estão sendo procuradas – entretanto, ninguém se manifestou por enquanto como tendo visto a ação dos criminosos.

Segundo os motoristas, os suspeitos estavam com capuz e eram jovens. Entretanto, com a confusão, nenhum dos condutores conseguiu ver o rosto dos suspeitos, impossibilitando qualquer reconhecimento.

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