Motos ignoram restrição e voltam a usar pista expressa da Marginal

Motos ignoram restrição e voltam a usar pista expressa da Marginal

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:34

Motos usam a pista expressa da Marginal Tietê, onde sua circulação é proibida (Foto: Juliana Cardilli/G1)

  A restrição à circulação de motocicletas na pista expressa da Marginal Tietê fez com que os motoristas se acostumassem a dirirgir na pista sem motos passando entre as faixas. Entretanto, quase um ano após a implantação da medida, motociclistas são cada vez mais frequentes na pista que oficialmente é proibida para eles. As faixas mais estreitas e o trânsito nas pistas central e local, a pressa no caso dos motoboys e a falta de fiscalização são as justificativas apontadas por quem não respeita a restrição.

A reportagem do   G1   flagrou pelo menos dez motos circulando na pista expressa dos dois sentidos da marginal entre 8h30 e 9h30 desta quinta-feira (14). Em alguns casos, os motociclistas seguiam na pista mesmo após passarem por placas que alertam sobre a proibição.     A medida entrou em vigor no dia 2 de agosto de 2010, mas as multas só passaram a ser aplicadas no dia 16 do mesmo mês. A restrição vale entre as pontes dos Remédios e da Vila Maria. As motos que circularem em qualquer dia ou horário na pista expressa estão sujeitas a multa de R$ 85,12 e perda de quatro pontos na carteira de habilitação.

“Eu uso todos os dias. A gente é obrigado a usar, tem que optar pelo lugar mais fácil para chegar no horário. Já tomei três multas, mas se não fosse a expressa eu não chegava cedo no trabalho e em casa todos os dias. Tem que desrespeitar para conseguir trabalhar. Motoboy tem que fazer 12 horas por dia para ganhar o suficiente para viver, tem que ser rápido”, afirma Willian Rodrigues Bernard, de 26 anos.

A multa, entretanto, é vista como uma consequência sem muito impacto pelos motociclistas. Eles contam que há poucos radares na Marginal Tietê que são capazes de flagrar motos – elas têm placas apenas na parte traseira, e a maior parte dos radares na via fotografa a frente dos veículos. Quando há um equipamento capaz de multá-los, os motociclistas tentam esconder a placa – com as próprias mãos ou mochilas. Se esconder em meio a caminhões ou carros ao passar por um radar também é um artifício utilizado.

O motoboy Willian usa a pista expressa todos os

dias e já foi multado (Foto: Juliana Cardilli/G1)

  “São poucos radares que pegam moto, e a fiscalização é pouca também. As três multas que tomei foram poucas. Quando entro na expressa, já vou com a mochila encostada na placa”, diz Bernard. “O risco de acidentes é maior na local, fica apertado, parado. A expressa é o melhor lugar, mesmo arriscando tomar multa.”

Reclamações

A circulação de motos entre as faixas não é proibida, mas é polêmica. Os motociclistas reclamam que as faixas mais estreitas nas pistas local e central dificultam sua passagem – ao mesmo tempo em que motoristas de outros veículos reclamam que as motos impedem a troca de faixas. “Com essas mudanças que fizeram na marginal não tem como passar. A local ficou muito estreita, não dá para passar entre os carros, então a gente acaba andando irregularmente. É rezar para não tomar multa”, afirma o manobrista Moisés Viegas, de 37 anos, que usa sua moto para ir ao trabalho.

O Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas de São Paulo e Região (Sindmotosp) diz ser contra o desrespeito à restrição. “A gente não concorda, a orientação do sindicato é respeitar, tanto por questão de segurança e também porque a moto vai ser multada. E se coloca a mão na placa é um outro caso, você está dificultando a identificação do veículo”, afirmou o presidente do sindicato, Gilberto Almeida dos Santos.

Para Santos, a restrição foi positiva por ter reduzido o número de acidentes – que poderia ter aumentado com a criação da pista central. “Se a gente volta a descumprir, vai aumentar os acidentes de novo, e isso não é legal. Às vezes ganhar dez minutos significa perder a vida.”

Redução de acidentes

A CET informou que o número de acidentes caiu 72% entre 18 de agosto e 31 de dezembro de 2010 em relação ao mesmo período de 2009 – foram 145 no ano passado, contra 442 em 2009.

Quanto à fiscalização, considerada falha pelos próprios motociclistas, a companhia disse que ela é feita 24 horas por dia por agentes da CET e pela Polícia Militar, e que entre 16 de agosto de 2010 e março de 2011foram aplicadas 2.576 multas. A CET também informou que uma licitação para a contratação de radares portáteis capazes de fiscalizar motocicletas está sendo finalizada.          

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