Motos usam a pista expressa da Marginal Tietê, onde sua circulação é proibida (Foto: Juliana Cardilli/G1)
A restrição à circulação de motocicletas na pista expressa da Marginal Tietê fez com que os motoristas se acostumassem a dirirgir na pista sem motos passando entre as faixas. Entretanto, quase um ano após a implantação da medida, motociclistas são cada vez mais frequentes na pista que oficialmente é proibida para eles. As faixas mais estreitas e o trânsito nas pistas central e local, a pressa no caso dos motoboys e a falta de fiscalização são as justificativas apontadas por quem não respeita a restrição.
A reportagem do G1 flagrou pelo menos dez motos circulando na pista expressa dos dois sentidos da marginal entre 8h30 e 9h30 desta quinta-feira (14). Em alguns casos, os motociclistas seguiam na pista mesmo após passarem por placas que alertam sobre a proibição. A medida entrou em vigor no dia 2 de agosto de 2010, mas as multas só passaram a ser aplicadas no dia 16 do mesmo mês. A restrição vale entre as pontes dos Remédios e da Vila Maria. As motos que circularem em qualquer dia ou horário na pista expressa estão sujeitas a multa de R$ 85,12 e perda de quatro pontos na carteira de habilitação.
Eu uso todos os dias. A gente é obrigado a usar, tem que optar pelo lugar mais fácil para chegar no horário. Já tomei três multas, mas se não fosse a expressa eu não chegava cedo no trabalho e em casa todos os dias. Tem que desrespeitar para conseguir trabalhar. Motoboy tem que fazer 12 horas por dia para ganhar o suficiente para viver, tem que ser rápido, afirma Willian Rodrigues Bernard, de 26 anos.
A multa, entretanto, é vista como uma consequência sem muito impacto pelos motociclistas. Eles contam que há poucos radares na Marginal Tietê que são capazes de flagrar motos elas têm placas apenas na parte traseira, e a maior parte dos radares na via fotografa a frente dos veículos. Quando há um equipamento capaz de multá-los, os motociclistas tentam esconder a placa com as próprias mãos ou mochilas. Se esconder em meio a caminhões ou carros ao passar por um radar também é um artifício utilizado.
O motoboy Willian usa a pista expressa todos os
dias e já foi multado (Foto: Juliana Cardilli/G1)
São poucos radares que pegam moto, e a fiscalização é pouca também. As três multas que tomei foram poucas. Quando entro na expressa, já vou com a mochila encostada na placa, diz Bernard. O risco de acidentes é maior na local, fica apertado, parado. A expressa é o melhor lugar, mesmo arriscando tomar multa.
Reclamações
A circulação de motos entre as faixas não é proibida, mas é polêmica. Os motociclistas reclamam que as faixas mais estreitas nas pistas local e central dificultam sua passagem ao mesmo tempo em que motoristas de outros veículos reclamam que as motos impedem a troca de faixas. Com essas mudanças que fizeram na marginal não tem como passar. A local ficou muito estreita, não dá para passar entre os carros, então a gente acaba andando irregularmente. É rezar para não tomar multa, afirma o manobrista Moisés Viegas, de 37 anos, que usa sua moto para ir ao trabalho.
O Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas de São Paulo e Região (Sindmotosp) diz ser contra o desrespeito à restrição. A gente não concorda, a orientação do sindicato é respeitar, tanto por questão de segurança e também porque a moto vai ser multada. E se coloca a mão na placa é um outro caso, você está dificultando a identificação do veículo, afirmou o presidente do sindicato, Gilberto Almeida dos Santos.
Para Santos, a restrição foi positiva por ter reduzido o número de acidentes que poderia ter aumentado com a criação da pista central. Se a gente volta a descumprir, vai aumentar os acidentes de novo, e isso não é legal. Às vezes ganhar dez minutos significa perder a vida.
Redução de acidentes
A CET informou que o número de acidentes caiu 72% entre 18 de agosto e 31 de dezembro de 2010 em relação ao mesmo período de 2009 foram 145 no ano passado, contra 442 em 2009.
Quanto à fiscalização, considerada falha pelos próprios motociclistas, a companhia disse que ela é feita 24 horas por dia por agentes da CET e pela Polícia Militar, e que entre 16 de agosto de 2010 e março de 2011foram aplicadas 2.576 multas. A CET também informou que uma licitação para a contratação de radares portáteis capazes de fiscalizar motocicletas está sendo finalizada.
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