Movimento sindicalista racha de vez entre rodoviários no Rio

Movimento sindicalista racha de vez entre rodoviários no Rio

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:25

O sindicalismo rodoviário segue por itinerários diferentes no Rio. Rachado, o movimento se vê diante de duas entidades de classe, uma delas considerada ilegal pelo Ministério do Trabalho. Hoje, os dois grupos realizam assembleias para rever o acordo salarial homologado pela Justiça do Trabalho. Na pauta, o reajuste dos contracheques em 5% e a divisão sindical na categoria, acirrada de vez após as duas paralisações de motoristas, trocadores e despachantes em abril - além do controle sobre 40 mil profissionais.

Às 15h30m, o Sindicato dos Rodoviários faz uma reunião em Rocha Miranda. No mesmo horário, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Urbanos (Sintraturb) faz a sua, na Cinelândia. O Sindicato dos Rodoviários é presidido por Antônio Onil da Cunha Filho, o Branco, reeleito em 2008 após derrotar Sebastião José da Silva, o Tião Nicop, e Ronaldo Farias de Albuquerque, candidatos por chapas diferentes.

Atualmente, Tião Nicop é presidente regional da Nova Central Sindical de Trabalhadores e vice do Sintraturb, e pré-candidato a deputado. Ronaldo está desempregado desde julho do ano passado. Ambos são apontados pelo Sindicato dos Rodoviários como responsáveis pelas duas paralisações, deixando mais de 120 mil passageiros a pé. Mas só Ronaldo assume a responsabilidade pela greve.

O grupo liderado por Branco apelidou o Sintraturb de Sindicato Fantasma. E o de Nicop refere-se aos rivais como "Sindicato Eclético" ou "Sindicato da Maia Lacerda", em alusão ao nome da rua de sua sede, no Estácio. Para acirrar a cisão, a 68ª Vara do Trabalho deve julgar em julho se o Sintraturb pode ou não representar os rodoviários.

Disputa por primazia

Apesar da disputa e da coincidência de haverem convocado assembleias para o mesmo dia, debatendo assuntos idênticos, os dois grupos negam o racha, mas admitem pleitear o posto de representante da categoria.

- Não está em discussão a dissidência sindical. Isso foi há dois anos. A categoria se rebelou, isso sim - diz Nicop. - Estamos com uma ação na Justiça. Por lei, quando há várias categorias representada por um sindicato, uma classe pode criar um sindicato específico para representá-lo. E o da Maia Lacerda representa até motoristas de carro-forte e de ambulância.

O Sintraturb funciona em uma sala comercial, na Rua Álvaro Alvim, no Centro, ao passo que o Sindicato dos Rodoviários ocupa um prédio de três andares repleto de pichações "Fora Tião Nicop".

- Isso é um jogo político porque eles querem um palanque para as eleições de outubro, em cima dos rodoviários e das divergências com maus empresários da Zona Oeste - rebate Oswaldo Garcia, vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários.

Procurado pelo EXTRA, o presidente do Sintraturb, José Carlos Sacramento de Santana, não retornou os telefonemas.

Reajuste como pano de fundo

A confusão começou depois que o Sindicato dos Rodoviários acertou um reajuste salarial de 5% para a categoria, enquanto o aumento no restante da Região Metropolitana foi de 7%. A diferença foi acertada para se criar um piso regional, de R$ 1.300 para motoristas, com o acordo trabalhista homologado em março.

Os rodoviários também reclamam do valor do tíquete-alimentação, aumentado em dez centavos, para R$ 63. Em São Paulo, chega a R$ 280. A paralisação atingiu 11 empresas, sendo oito na Zona Oeste.

No dia 12 de abril, sem aviso prévio, como determina a lei, boa parte dos rodoviários de 11 empresas cruzaram os braços na cidade. Naquela noite, o Tribunal Regional do Trabalho considerou a paralisação ilegal e ordenou a volta ao trabalho, sob pena de demissões por justa causa. O mesmo grupo repetiu a dose, no dia 26, mas com adesão de apenas uma companhia.

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