Um ônibus foi incendiado na tarde desta quarta-feira (29) na Estrada do M'Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo. O helicóptero da TV Globo registrou quando manifestantes bloquearam a via na altura do número 10.000 e pararam o ônibus.
Desde o dia 1º de janeiro até as 13h desta quarta-feira (29), ao menos 30 ônibus municipais foram incendiados na capital paulista. A média é de mais de um ônibus destruído por dia. Por causa do medo do vandalismo, linhas deixaram de circular à noite em alguns bairros e prejudicaram cerca de 200 mil pessoas, segundo a SPTrans.
O número já superou todo 1º semestre do ano passado, quando foram registrados 21 ônibus queimados na capital paulista. Outros 28 ônibus intermunicipais foram atacados e destruídos na região metropolitana de São Paulo em janeiro, de acordo com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU). Desta forma, o total de ônibus destruídos na região metropolitana chega a 58 desde o dia 1º, uma média de dois por dia.
A SPTrans informou, por meio de nota, que solicitou formalmente reforço policial preventivo nos bairros com dificuldades de operação, entre eles alguns na Zona Sul da capital, onde três ônibus foram atacados nesta terça-feira.
"A SPTrans entende que a polícia precisa tomar providências para que a situação volte à normalidade e está recorrendo a todas as medidas que estão ao seu alcance para assegurar o transporte dos passageiros", diz o comunicado.
Em entrevista ao G1, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, afirmou que a sequência de ônibus queimados em São Paulo virou estratégia de grupos para dar visibilidade a protestos com diferentes motivações. "Ora por causa de enchente, ora porque uma pessoa foi morta, ora porque falta algum serviço público. São motivos diferentes. (...) Até a semana passada, os casos ocorriam no final da tarde, exatamente para ter bastante visibilidade", afirmou o secretário.
Grella disse que, na sexta-feira (24), se reuniu com comandantes de diversas forças policiais e representantes das empresas de ônibus. No encontro, o grupo fez um diagnóstico do problema e novas estratégias foram adotadas. Grella aponta que a prisão de oito pessoas na terça-feira foi resultado dessa nova estratégia.
O secretário afirmou ainda que apura se há ação de organizações criminosas nos ataques aos veículos. "Nós não temos ainda uma definição, uma conclusão, acompanhamos as duas hipóteses. Nós não temos elementos para formar uma convicção: se é mero movimento ou se é manifestação de elementos criminosos", afirmou o secretário.
Ataques na terça-feira
Na tarde desta terça-feira, outros três ônibus foram atacados na Zona Sul de São Paulo durante protestos na região, de acordo com a Polícia Militar. Um coletivo foi depredado na Rua Citeron, no Jardim Capela. Outros dois ônibus foram incendiados nas imediações.
Manifestantes atearam fogo em um veículo na Estrada do M'Boi Mirim e outro na Rua José Estima Filho, no Jardim Ângela. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os incêndios foram controlados e não há nenhuma vítima. Até as 17h, não havia confirmação do motivo do protesto.
O ônibus incendiado na Estrada do M’Boi Mirim fazia a linha Embu Guaçu (Vila Louro)/São Paulo (Santo Amaro), de acordo com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Homens com pedras, pedaços de pau e recipientes com líquidos inflamáveis pararam o ônibus, mandaram os passageiros descer e atearam fogo ao veículo.
Por causa das manifestações na região, a operação de nove linhas intermunicipais que atendem a região foi paralisada por volta das 17h. Apenas em janeiro, foram atacados 18 ônibus de linhas intermunicipais que operam na região metropolitana de São Paulo, segundo levantamento da EMTU, sendo 11 vandalizados e sete incendiados.
Na Zona Leste, também nesta terça, um ônibus foi incendiado às 23h15 na altura do número 200 da Rua Desembargador Arlindo Pereira Lima, em Cidade Kemel, no Itaim Paulista. Não houve vítimas e ninguém foi preso, segundo a PM. O motivo do ato não foi informado.
Outros casos
Apenas no fim de semana, quatro ônibus foram destruídos durante protestos em São Paulo. Três deles na Zona Sul e um na região Leste. No domingo, um ônibus da empresa Cooper Pam estava na Avenida Paulo Guilguer Reimberg, na região de Parelheiros, quando os criminosos ordenaram ao motorista que parasse. Eles obrigaram os passageiros a descer e puseram fogo. Por volta de 19h de domingo, um ônibus foi queimado no bairro Colônia Nova, no Jardim Ângela. Um pouco mais tarde, por volta de 20h, um ônibus foi incendiado na Avenida Nossa Senhora das Mercês. No sábado (25), um ônibus foi queimado na Avenida Professor Luiz Inácio de Anhaia Melo, na Zona Leste.