'Não quero dar trabalho', diz baiano que guarda caixão na sala de casa

'Não quero dar trabalho', diz baiano que guarda caixão na sala de casa

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:32

'Não quero dar trabalho' diz baiano que guarda

caixão na sala (Foto: Reprodução/ TV Salvador)

  A preocupação com o futuro fez o mecânico Ronaldo Pereira Adorno, de 47 anos, famoso no bairro da Mangabinha, na cidade de Itabuna, no interior da Bahia. Há mais de 15 anos ele comprou o seu primeiro caixão. "Não quero dar trabalho para ninguém", justifica Ronaldo.

O mecânico conta que, a cada ano, troca a peça, que  sempre deixa guardada na sala de casa. "As pessoas costumam trocar de carro no início de cada ano, eu troco de caixão", explica.

A preocupação, que pode parecer estranha para quem nem quer ouvir falar no tema morte, já foi incorporada pelos parentes e até mesmo pela companheira do mecânico.  "Aqui na região todos o conhecem. É o jeito dele, que já se tornou natural", observa Samila Dias Souza, namorada de Ronaldo.

'Dida do Caixão', como Ronaldo ficou conhecido, já perdeu as contas de quantos caixões já teve. Ele diz que no início todos estranhavam sua decisão, mas que hoje as pessoas já acostumaram e até acham interessante. "As pessoas ficam curiosas, entram para ver, tiram foto", relata.

Além do caixão, Dida já providenciou todos

os demais itens para seu funeral

(Foto: Reprodução/ TV Salvador)

  Além do caixão, Dida já tomou todas as providências para o sepultamento. Da decoração ao jazigo, tudo já foi escolhido previamente pelo mecânico.

O dono da funerária de Mangabinha conta que, no início, estranhou vender caixão para uma pessoa que ainda estava viva, mas diz que já se acostumou com as exigências do seu cliente mais fiel.

"Ele leva tudo. Uma vez foi para o cemitério medir o caixão na cova. Escolhe os melhores modelos, roupa, castiçais, coroa. Leva a arrumação completa. Ele só gosta do que é bom", comenta Edmundo Almeida. "Para ele não basta ser bonito, o caixão tem que ser confortável", destaca Almeida. E o conforto esperado é certificado pelo próprio cliente, que faz questão de experimentar o produto adquirido. "Ele entra no caixão, deita, cruza os braços, testa de todas as formas", relata o dono da funerária.     Preferências

Todos os anos Dida troca de caixão, estando sempre atento aos últimos lançamentos. Sobre suas preferências, Dida diz que gosta dos modelos mais acolchoados e de cor amadeirada. "Tem que ser macio, cor de madeira e com vidro na parte da frente, de cima até embaixo", diz.

Quando perguntado sobre o medo da morte Dida é categórico. "Não tenho medo de morrer, tudo acontece na hora certa, e vou morrer feliz, sem dar trabalho a ninguém”, conclui.          

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