"Não tenho forças para reconstruir a vida aos 88 anos", diz idosa

"Não tenho forças para reconstruir a vida aos 88 anos", diz idosa

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

- Se eu morresse, talvez fosse melhor porque eu não tenho para onde ir. O desabafo da aposentada Maria Helena Bravo, de 88 anos, resume o drama de milhares de pessoas que perderam suas casas em Nova Friburgo, devastada pelo temporal que deixou centenas de mortos na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

A aposentada foi resgatada na quarta-feira (12) após passar três horas sob os escombros em que vivia, na parte mais alta do bairro Carlos Éboli. Ela diz que não tem mais forças para viver depois que viu seu chalé ser arrastado pela enxurrada. - Eu vivo em Nova Friburgo desde que nasci e nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Achava que só acontecia em favelas. Não tenho forças para reconstruir minha vida aos 88 anos.

Maria Helena morava com a afilhada Teresa Bravo, de 73 anos, e estava no quarto quando viu a parece que separa o cômodo da sala diante dos seus olhos. Ela conta que em poucos segundo, outra parede veio a baixo e a soterrou. - Quando abri os olhos estava toda suja no meio da lama com um monte de tijolos em cima de mim. Tentei levantar os braços, mas não deu certo, acho que quebrei. Depois disso, fiquei esperando a morte chegar. A aposentada foi resgatada por vizinhos, devido à dificuldade dos bombeiros em chegar ao bairro. - Dos rapazes que vieram me ajudar, quatro ficaram soterrados. Recuaram, mas não desistiram de ajudar. Devo minha vida a eles.

Maria Helena fraturou duas pernas e está com ferimentos nos braços e no rosto. - Não agüento mais sentir tanta dor. Dói quando respiro, dói quando falo. Mas a aposentada confessa que a dor maior é a impotência diante da tragédia. Ela chora quando lembra que não tem mais o que vestir, nem o que comer. - Estou com roupas usadas, nunca precisei de nada de ninguém. Meus vestidos, minhas roupas, tudo foi levado pela lama.

Tragédia das chuvas O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça-feira (11) deixou centenas de mortos e

milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana. As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgates ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

O governo federal, o Estado e as prefeituras se mobilizam para liberar verbas. Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais), recebem doações.

Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) começaram a ser enterrados quinta-feira (13).

Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem

ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes.      

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