Perícia realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal indica que o naufrágio do Barco Imagination , ocorrido no dia 22 de maio deste ano, no Lago Paranoá, em Brasília, foi causado pela entrada de água nos flutuantes, estruturas também chamadas de tubulões, que garantem a sustentação do barco. Nove pessoas morreram no acidente.
Segundo o laudo, obtido com exclusividade pelo G1 , os flutuantes do Imagination tinham diversos defeitos: não estavam devidamente isolados, apresentavam ferrugem e furos.
Fotos do Imagination antes do acidente, em 3 de maio de 2010 (acima), e no dia do naufrágio,
no dia 22 de maio de 2011 (Foto: Divulgação) A entrada de pouca água nos flutuantes é normal. É esperado que entre um pouco de água da chuva, ou até de uma onda. Mas a quantidade de água que entrava pelos furos dos flutuantes do Imagination sai do padrão. Essa estrutura não deve ter furos ou estar enferrujada, explica o perito que coordenou os trabalhos no barco naufragado, Jabes de Lima Ricardo. O relatório está pronto para ser encaminhado para a 10ª Delegacia de Polícia e, na sequência, juntado ao processo que foi encaminhado à Justiça no dia 26 de agosto.
De acordo com o laudo da perícia, a entrada de água nos tubulões era de conhecimento dos responsáveis pela embarcação. Os responsáveis pela embarcação tinham conhecimento dos problemas de entrada de água nos flutuantes e optaram por não sanar de forma adequada o problema, mas pela instalação de bombas de drenagem, diz o documento.
O uso de bombas para retirada de água é outro indício de que os responsáveis sabiam dos problemas do barco, concluem os peritos.
Sobre a instalação de bombas para retirada de água, a perícia concluiu que havia cinco equipamentos do tipo na embarcação na hora do acidente. Desses, dois não funcionavam e um apresentava vazão inferior ao normal. Modificações
O relatório da perícia indica que, depois que o Imagination recebeu certificação da Marinha para navegar, em 2010, a embarcação passou por diversas alterações arquitetônicas. O convés superior foi ampliado e foram colocados vidros temperados no convés principal e chapas metálicas nas fachadas (veja tabela ao lado).
Após essas modificações, a embarcação não foi submetida a nova vistoria, com vistas a verificar a adequação das reformas e, também, sua capacidade de passageiros, destaca o laudo.
A instalação de quatro flutuantes é relatada pela perícia. Os quatro flutuantes também foram acrescentados depois de 2010 e a qualidade deles era bem ruim, avalia o perito Jabes de Lima Ricardo.
Foto mostra reparos precários com resina
semalhante a époxi em estrutura corroída do barco
Imagination (Foto: Divulgação) Indiciamento
Duas pessoas foram indiciadas por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) pelo naufrágio do barco Imagination: o dono do barco, Marlon José de Almeida, 44 anos, e o piloto, Airton Carvalho da Silva Maciel, 28 anos. O G1 tentou contato com o proprietário do barco , mas o telefone dele estava desligado.
A dona do bufê que promoveu a festa no barco Imagination, Vanda Pereira, não foi responsabilizada pelo acidente. No entendimento da polícia, ela apenas locou a embarcação, sem responsabilidade pelos condutores.
De acordo com o inquérito, a causa do acidente foi a superlotação e a falta de manutenção. "A embarcação tinha capacidade para 92 pessoas e, no momento do acidente, havia 122, 30 a mais. Além disso foi constatado que o barco tinha diversos danos", comentou o delegado Adval Cardoso, da 10ª Delegacia de Polícia, na época do indiciamento.
Naufrágio
O barco Imagination deixou o píer do clube Ícone Park por volta das 18h30 do dia 22 de maio de 2011. A perícia acredita que o naufrágio começou por volta das 20h40, quando câmeras de segurança dos clubes à margem do lago registraram o desligamento das luzes do barco.
No momento do naufrágio, o Imagination estava a 600 metros do Clube da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade).
As investigações apontam que o afundamento durou cerca de 3 minutos, depois que o barco ficou completamente sem luz.
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