Alheios ao cenário de caos causado pela chuva em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, funcionários da única lanchonete aberta na cidade na quinta-feira (13) precisaram se preparar para um longo dia de trabalho. A procura foi tanta que um deles contou que a loja vendeu pelo menos 1500 salgados durante todo o dia.
Mesmo sem mais salgados, à noite a procura continuou intensa. Clientes que chegavam na lanchonete com esperança de conseguir fazer um lanche ficavam decepcionados.
"A gente aqui praticamente virou ilha. As coisas não chegam. A gente tá sem comunicação. É impressionante, parece que a gente tá no Haiti. Parece que você fecha o olho e não é real. É muito complicado", desabafou o estudante Alexandre Viana, que foi à loja procurar o que comer.
Desde terça-feira (11), mais de 500 pessoas já morreram em toda a Região Serrana do Rio por causa das chuvas. Além de Nova Friburgo, os estragos estão concentrados principalmente em Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.
Um dos maiores supermercados do município manteve suas portas fechadas durante todo o dia. Segundo o estabelecimento, todas as caixas registradoras foram atingidas pelas águas.
Atrás de água mineral, o chaveiro João Rocha não conseguiu encontrar local que estivesse vendendo o produto. " Não tem lugar pra comprar água . Teve um carro ali vendendo água, mas em 10 minutos acabou e ele foi embora", disse ele.
Combustíveis estão acabando
A chuva destruiu vários postos de gasolina na cidade. Segundo os moradores, apenas um posto continua aberto e com combustível para vender. "Está faltando tudo, até gasolina já acabou. Os dois postos lá de cima já estão sem gasolina e fecharam. Este é o único posto de Friburgo que a gente noticia que tem luz e tem gasolina", disse o empresáro Ernani Moraes.
Aém do combustível, também falta luz e água nas regiões mais atingidas do município. De acordo com a companhia responsável pelo abastecimento de água, pelo menos 40% da população já tem acesso ao serviço . Já a Energisa, concessionária de energia elétrica, informou que a eletricidade já foi restabelecida para 70 mil moradores.
Maior tragédia do país
Esta já é considerada a maior tragédia climática da história país . O número de vítimas ultrapassou o registrado em 1967, na cidade de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. Naquela tragédia, tida até então como a maior do Brasil, 436 pessoas morreram.
No ano passado, de janeiro a abril, o estado do Rio de Janeiro teve 283 mortes, sendo 53 em Angra dos Reis e Ilha Grande, na virada do ano, 166 em Niterói, onde se localizava o Morro do Bumba, e 64 no Rio e outras cidades atingidas por temporais em abril. Em SP, durante o primeiro trimestte de 2010, quando a chuva destruiu São Luiz do Paraitinga e prejudicou outras 107 cidades, houve 78 mortes. Os números da Região Serrana do RJ superam ainda os de 2008 em Santa Catarina, com 135 mortes. Relembre outras tragédias .
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