Nove agentes permanecem sob o poder dos presos na rebelião da Penitenciária Estadual de Guarapuava (PIG), na região central do Paraná. O motim começou às 11h30 de segunda-feira (13) e completou 43 horas às 6h30 desta quarta-feira (15). Além dos agentes, pelo menos sete presos também estão sendo feitos reféns. Conforme a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), nenhuma das pessoas rendidas está ferida. Desde o início da rebelião, outros quatro agentes que estavam sendo ameaçados pelos detentos foram libertados. O primeiro foi solto ainda na segunda, e os demais ao longo de terça-feira. Um deles havia sido queimado com cola, segundo a Polícia Militar (PM), e precisou ser hospitalizado. Os outros apresentaram ferimentos leves. As negociações no presídio foram suspensas às 21h e foram retomadas às 7h desta quarta-feira.
Os rebelados se concentram no telhado do presídio e as agressões contra os reféns são constantes. Muitas famílias estão acampadas em frente ao local desde o início da rebelião. De acordo com a Seju, dez presos que participaram da rebelião em Cascavel, em agosto deste ano, que resultou na morte de cinco detentos, foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Guarapuava. A Seju não soube informar se, entre os rebelados de Guarapuava, estão os transferidos de Cascavel.
Os detentos pedem melhorias nas condições da PIG, a troca da direção da penitenciária, a progressão de regime de alguns presos para o semi-aberto, além de transferências para presídios de Santa Catarina. Eles também pediram para não sofrer retaliações após a rebelião. O motim começou quando havia um transporte de presos para um canteiro de trabalho.
Na terça à noite, a PM afirmou acreditar que a rebelião acabe ainda na manhã desta quarta. "Toda a nossa negociação, esse nosso trabalho, teve esse resultado que é para finalizar de maneira positiva", afirmou o tenente Fábio Zarpellon, porta-voz da PM, durante uma entrevista coletiva na frente da unidade.
A penitenciária abriga 240 detentos e trabalha com um modelo em que os presos podem estudar e trabalhar no local. Esta é a primeira rebelião na PIG, que foi inaugurada há 15 anos. Conforme a vice-presidente do Sindarspen, a unidade já foi exemplo de penitenciária para o país. "Na PIG, só entravam presos que gostariam de se ressocializar. Existia uma seleção para isso. Hoje, não existem mais critérios. Entram presos perigosos, que participaram de outras rebeliões, e que conseguem disseminar a revolta entre os outros detentos quando algo não os deixam satisfeitos lá dentro", alega.
21 rebeliões em 10 meses
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.
Ainda houve a rebelião na Penitenciária de Cruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju), o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.
Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.
A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.
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