No último debate, Serra deve baixar tom e Dilma colará em Lula

No último debate, Serra deve baixar tom e Dilma colará em Lula

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:11

A três dias da eleição, os principais candidatos à Presidência enfrentam-se na noite desta quinta-feira no último debate antes da ida às urnas. Na dianteira da disputa,  Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) enfrentam-se hoje à noite em frente das câmeras da TV Globo. O formato do evento forçará a troca de propostas em pelo menos metade do tempo de confronto. Serão quatro blocos (dois com temas sorteados na hora) em que Serra tentará levar a disputa ao segundo turno, Marina superá-lo nas intenções de voto e Dilma garantir a vitória já no domingo.

De olho no segundo turno, Serra não partirá para o ataque. Sua postura será parecida com a que teve no debate da TV Record, realizado domingo passado. O plano é fazer críticas pontuais ao governo sem ser agressivo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou à candidata apoiada por ele.

Integrantes da equipe de comunicação tucana argumentam que o debate da Globo servirá para “firmar convicções”. Ou seja, garantir o eleitor que tende a votar em Serra e ainda está indeciso. Como aposta na ida de Serra ao segundo turno, o grupo não acredita que o debate terá capacidade de alterar profundamente o atual quadro eleitoral.

"A ideia não é de confronto, é de paralelismo, de comparação. Eleição não é uma guerra, eu não vejo adversário como inimigo", disse Serra na noite de ontem, ao ser questionado sobre o debate.

O time serrista avalia que o formato do evento ajuda o candidato. No primeiro e terceiro blocos, haverá sorteio dos temas das perguntas a serem feitas. Foram pré-selecionados e divulgados para os candidatos 19 temas. A TV Globo, porém, colocará na urna apenas 12. Isso impede a formulação de perguntas prévias, o que obriga os debates a estarem mais preparados para perguntar de improviso.

Ainda de acordo com a equipe de Serra, a abordagem de temas como escândalo da Receita Federal e o esquema de lobby na Casa Civil não devem ter destaque. Seriam mais adequados se o evento fosse promovido por um jornal, por exemplo, em que o público-alvo fazem parte das faixa A e B. Para equipe de Serra, a velha máxima do marketing “o mais importante é a forma e não o conteúdo” é o que mais valerá.

Boatos

 Dilma Rousseff também deve manter a estratégia dos outros debates de que participou, ou seja, vai reforçar o discurso sobre as realizações do governo Luiz Inácio Lula da Silva, fazer a comparação com os oito anos do tucano Fernando Henrique Cardoso e reiterar suas propostas para áreas chave, como saúde, educação e segurança.

Além disso, Dilma deve aproveitar a oportunidade para intensificar o discurso de compromisso com valores cristãos e negar que tenha defendido a legalização do aborto. Se for questionada sobre o assunto, Dilma dirá que nunca defendeu o aborto e que os boatos nesse sentido são invenções de simpatizantes da campanha tucana, disseminadas pela internet.

A avaliação da campanha petista é que os boatos sobre o aborto e não as denúncias de corrupção na Casa Civil foram a principal causa das oscilações negativas de Dilma nas últimas semanas. Ontem à noite, o próprio presidente Lula entrou em campo para tentar conter os rumores. No final, a exemplo do que fez nos últimos programas de TV, Dilma deve fazer um apelo à militância para que evite o clima de já ganhou e vá para as ruas no dia da eleição.

“Até o final da semana passada, a campanha estava igual àquele time que está ganhando por dois a zero, relaxa, toma um gol e corre o risco de levar o empate. A militância tem que despertar”, disse um integrante da campanha.

Depois de participar de um encontro com religiosos em Brasília, Dilma reuniu-se com o publicitário João Santana e coordenadores da campanha para definir a estratégia para o debate da Globo, que é considerado decisivo. Ela viajaria ainda na noite de quarta-feira para o Rio de Janeiro e deve passar todo o dia de hoje se preparando para o debate.

Verdes

A orientação da campanha de Marina Silva (PV) é de que a candidata continue pontuando incisivamente as diferenças do projeto dela para o dos principais adversários, Dilma e Serra, como aconteceu no último debate. Atrás nas pesquisas, mas em tendência de alta, a candidata do PV não deve escolher um único adversário.

Ainda assim, o coordenador geral da campanha, João Paulo Capobianco, diz que a candidata não pretende ser agressiva com nenhum dos dois principais adversários. “A nossa avaliação é que conseguimos chegar até aqui com um discurso de coerência e não vamos abandonar o tom propositivo na reta final. Essa foi a diferença que destacou a campanha de Marina até aqui e vamos acentuar isso nesse último debate”, afirmou Capobianco.

Mesmo negando qualquer atitude agressiva, Capobianco não descarta a hipótese de Marina se valer dos últimos escândalos, como a quebra de sigilo e o caso Erenice Guerra durante o embate. A equipe prepara a candidata para responder a eventuais ataques em relação a corrupção no Ibama ou críticas relacionadas a sua conduta pessoal e do seu vice, sócio da Natura.

A análise que predomina na coordenação da campanha é a de que ela também pode se tornar alvo dos adversários, pois seria é o fiel da balança para, eventualmente, levar a disputa ao segundo turno.

“Marina responderá respeitosamente qualquer assunto colocado em pauta no debate. Ela não vai se esquivar de nenhum assunto. A intenção do PV é mostrar a diferença de projetos e do Brasil que queremos no futuro”, argumenta o coordenador da campanha verde.

A transmissão do embate começa às 22h00, após a novela "Passione".

*Colaborou Nara Alves, iG São Paulo

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