Meus amigos: o “Titanic” seria a melhor metáfora do Brasil? Se o “Titanic”, que foi para o fundo mar há 100 anos, é a maior metáfora do mundo (como disse Veríssimo), é algo possível.
Que é a melhor metáfora para o Brasil parece não haver dúvida nenhuma. Mas há uma diferença entre ele e o Brasil: o “Titanic” afundou e já se acabou; o Brasil, com a aparência enganosa de potência mundial (7ª economia do mundo), vem se expandindo economicamente, mas, ao mesmo tempo, se exaurindo diariamente com as suas contradições e mazelas, com a roubalheira e a corrupção, sobretudo política e suas adjacências (empreiteiras etc.), cabendo destacar o seu pecado original consistente na exploração escravagista e antinatural, com todas as nefastas consequências daí decorrentes, tais como as desigualdades sociais, econômicas e culturais, as discriminações, o autoritarismo, a marginalização de grandes parcelas da população, a violência estrutural, individual e institucional, a corrupção, o nepotismo, o clientelismo, o patrimonialismo etc.
O “Titanic” serve de paradigma para a sociedade brasileira porque nada simboliza com mais fidedignidade a divisão injusta de classes que um navio, que abriga gente do porão aos “decks” superiores elitizados (e aburguesados). É essa desigualdade brutal que está afundando o Brasil, que pode se converter no “Titanic” do século XXI, se os gritos das ruas continuarem sendo ignorados ou não compreendidos. As controvertidas e clássicas lições de Nietzsche são apropriadas: precisamos de “ouvidos novos para música nova; olhos novos para ver o que está mais longe; uma consciência para verdades mudas até agora...” (O anticristo, prólogo).
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