Uma obra da Petrobras, de dragagem do rio Guaxindiba, pode prejudicar o manguezal da Baía de Guanabara. A afirmação é do biólogo Mário Moscatelli.
O Ecoblitz, novo quadro do RJTV, teve acesso a um documento em que a petrolífera pede ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) autorização para dragar o rio, que corta o manguezal dentro da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e deságua na Baía de Guanabara, a parte mais preservada do mangue.
No momento em que você retifica esse canal, você facilita a chegada de muito sedimento e esse sedimento pode vir a alterar a topografia do manguezal, destruindo a floresta, alerta Moscatelli.
A dragagem seria para facilitar a passagem de balsas de 60 metros de comprimento, com capacidade de 1,3 mil toneladas de equipamentos especiais para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro .
Procurada pela produção do RJTV, a Petrobras não respondeu sobre o caso. O Inea também foi procurado e, de acordo com o instituto, técnicos fazem uma avaliação de danos. Na próxima semana, o Inea garantiu que responderá se vai autorizar a construção da dragagem.
Degradação
Manguezais da Baía de Guanabara, onde fica a maior reserva de mangues do Rio de Janeiro, estão degradados, apesar de esse ecossistema ser protegido pelo Código Florestal desde 1965.
O mangue, que é a região onde as águas do rio encontram as do mar, é de grande importância para a natureza, pois serve de berçário para espécies de animais. A grande questão é que o mangue não tem a capacidade de se regenerar naturalmente, como explica Moscatelli.
Todo mangue é uma área de preservação permanente. Nada poderia ser feito nele que viesse a comprometer sua existência, explicou. Onde você tinha floresta, você tem um grande lixão a céu aberto misturado com a lama, completou o biólogo.
Queda de árvores danifica ambiente
Moscatelli revelou também que a queda das árvores na região do ecossistema danifica o ambiente. Progressivamente, na medida em que as árvores vão caindo e não oferecem mais defesa, isso aí vai sendo trazido pelas marés, pelas ressacas, e vão entrando mangue a dentro. Ou seja, tudo que estiver pela frente vai ser eliminado disse o biólogo.
Com o problema, os catadores de caranguejo abandonaram a região. O catador Alaildo Malafaia explica que a situação prejudicou sua fonte de renda. Já não existe condições de tirar o sustento da família num ambiente desse, precário. Um ambiente que não traz nenhuma condição de sobrevivência, revelou ele.
Na região do mangue há muito lixo, como plástico, monitores, colchões e pneus. Tem determinados tipos de produto, como por exemplo o pneu, que é uma arma invencível. Porque você pode voltar daqui a 300, 400, 500 anos que o pneu vai continuar a destruir, alerta o biólogo.
Fábio Leal trabalha no mangue há 10 anos, tentando recuperar uma área do ecossistema e diz que o que aparece no meio do lixo pode ser ainda pior. O que a gente pode ver mesmo é lixo, muito corpo, muito cadáver, animal morto, disse.
Eu faria qualquer coisa para poder recuperar isso aqui, voluntariado, qualquer coisa, confessou o catador de caranguejo Malafaia.
Já Fábio Leal acredita que a mudança começa na consciência da população. As pessoas deveriam ter consciência, porque isso aqui é lixo que as pessoas pegam, jogam no lixo e vem bater aqui na Baía de Guanabara. Eu ainda tenho a certeza que um dia isso vai acabar. As pessoas vão ter a consciência de não jogar lixo nos rios para prejudicar a naturezas, disse.
Para Moscatelli, a solução é a construção de eco-barreiras que impeçam a chegada do lixo nos mangues.
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