Oscar: Duelo entre Europa e América Latina

Oscar: Duelo entre Europa e América Latina

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

A categoria filme estrangeiro é como as savanas da África: cheia de zebras. O motivo é simples: todos os acadêmicos devem votar nesta categoria mas, pelas regras da Academia, só podem votar aqueles que viram todos os filmes indicados. O controle é rígido: só valem as exibições na própria Academia (incluindo seu escritório em Nova York), com uma “folha de ponto” documentando quem foi. Muita mão de obra, certo? Repete-se, portanto, o mesmo problema da escolha das indicações – as decisões ficam nas mãos do pequeno grupo que tem tempo livre e interesse em filmes produzidos além das fronteiras norte-americanas.

Todos os indicadores das demais categorias continuam valendo: prêmios já obtidos, repercussão em festivais, bilheteria (no caso, em seus países de origem). Mas a todos eles é bom adicionar um fator cisne-negro, a completa imprevisibilidade desse pequeno grupo de votantes.

O "Cidade de Deus" do Oriente Médio Este ano temos um duelo entre Europa e América Latina, com o israelense "Ajami" correndo por fora. Não descartem nenhum deles. "Ajami" é um filme fortíssimo sobre crime, pobreza e drogas na comunidade árabe-judaica do título, e já foi chamado de “o Cidade de Deus do Oriente Médio”. Com o lobby israelense muito forte na Academia, ele tem boas chances. Os francos favoritos são, é claro, "A Fita Branca" (também indicado a fotografia) e "Un Prophete". Ambos vêm de carreiras gloriosas no exterior, incluindo palmarés em Cannes, e foram aclamados pela crítica internacional e norte-americana ( filme estrangeiro é a única categoria em que a crítica tem peso considerável).

Um cafezinho com Claudia Llosa Seria então um triunfo certo para o Velho Continente? Não, de jeito nenhum. O argentino "O Segredo de Seus Olhos" , muitissimo bem recebido em Toronto e no festival AFI aqui de Los Angeles, tem todas as qualidades dramáticas que os acadêmicos prezam. E "A Teta Assustada", além de vitorioso em Berlim, é o primeiro filme peruano a concorrer ao Oscar – e tem a bela Claudia Llosa na direção, fazendo um interessante paralelo com a trajetória de Kathryn Bigelow.

Confuso? Exatamente.

Por: Ana Maria Bahiana

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