Pai de menino morto na Bolívia pede para torcedores não exagerarem

Pai de menino morto na Bolívia pede para torcedores não exagerarem

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:06

 

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Terminou esta semana o drama dos corintianos presos na Bolívia, acusados de envolvimento na morte de um rapaz de 14 anos, atingido por um sinalizador durante um jogo da Libertadores.
 
Depois de quase seis meses de angústia, os últimos cinco torcedores foram finalmente liberados e chegaram a São Paulo ontem.
 
O Fantástico foi a Oruro e acompanhou de perto o desfecho dessa história.
 
A saga dos corintianos  presos na Bolívia chega ao fim. Este sábado, depois de quase seis meses longe de casa, os últimos cinco torcedores desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
 
“Agora é voltar a vida de novo, voltar, começar”, fala Marco Aurelio Nefreire, torcedor. 
 
O drama deles começou em 20 de fevereiro. Estreia do Corinthians na Libertadores contra o San Jose, em Oruro, na Bolívia.
 
Durante a comemoração de um gol, um sinalizador foi disparado e acertou, na torcida adversária, o menino Kevin Beltran Spada, de 14 anos. Ele morreu ainda no estádio.
 
Doze torcedores foram presos. Depois de 106 dias, sete deles foram soltos. A Justiça boliviana não tinha provas, mas acreditava que os outros 5 poderiam ter participação na morte de Kevin.
 
De acordo com as investigações, ainda  em andamento, o principal suspeito é um menor, de 17 anos, que não estava entre os doze presos. Em entrevista ao Fantástico, ele confessou ter disparado o sinalizador.
 
“Não sabia como manusear, puxei pela segunda vez e disparou, foi pra torcida boliviana lá”.
 
Em maio, um promotor boliviano foi a São Paulo ouvir o adolescente. Esse depoimento foi o que ajudou a tirar os corintianos da cadeia.
 
"As provas não foram suficientes para que se chegue a uma acusação é preciso que não haja dúvidas", diz o promotor Ruben Arciénga Llano, promotor do caso. 
 
O promotor retirou as acusações e pediu a liberdade dos brasileiros.
 
Na quarta-feira passada, dia 24 de julho, os torcedores receberam a notícia que deixariam a prisão ao anoitecer. Eles se desfizeram de pertences pessoais e inclusive doaram camisas e abrigos do Corinthians. Mais tarde quando se preparavam pra sair da cadeia, receberam a notificação judicial que os manteve presos por mais uma semana.
 
Menos de 24 horas depois, o Fantástico entrou na cela dos brasileiros. Eles estavam desanimados, quase sem esperança.
 
“Só vou acreditar mesmo quando tiver com o pé lá fora, que aí eu vou falar, realmente chegou”, diz Marco Aurélio Nefreire.
 
“Tem que ficar tranquilo, ficar muito preocupado, nós acaba ficando louco aqui”, afirma Leandro de Oliveira. 
 
Eles não saíram semana passada porque o juiz que cuida do caso concedeu um prazo de cinco dias para as vítimas - a família de Kevin Spada e o time San Jose - recorrerem.
 
O San José e a família de Kevin entraram com recurso.
 
Nossa equipe foi para Cochabamba, a 220 quilometros de Oruro, conversar com os pais do jovem.
 
O pai de Kevin acredita que os brasileiros são inocentes mas discorda de como a investigação foi conduzida e por isso recorreu.
 
O Corinthians fez uma doação de 50 mil dólares aos pais de Kevin.
 
Em nota,o clube afirma que foi uma ajuda humanitária. Mesmo assim, a família se manteve contrária à  libertação dos brasileiros.
 
"Não há dinheiro que compense a vida do meu filho", diz Limbert.
 
A Justiça Boliviana não acatou os recursos e inocentou os doze torcedores. Mas a investigação continua. O menor que confessou o disparo poderá responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
 
Sexta-feira, 2 de agosto,18h30. Depois de 5 meses e 13 dias, os cinco corintianos enfim deixam a prisão.
Antes do embarque, o pai de Kevin fez um pedido aos torcedores. “Os sete anteriores nos magoaram muito porque saíram como se tivessem ganhado a Copa do Mundo, bandeira brasileira, pulando, gritando, e isso doeu. Que estes cinco quando sairem, saiam alegres porque estão tendo a sua liberdade, que se reencontrem, chorem, porque vão encontrar com suas famílias, mas que não exagerem. Eles serão consolados, vão encontrar os que amam. Mas eu não, já não tenho nada”.
 
São 5 da manhã de sábado, estamos no Aeroporto de La Paz. Daqui a pouco os torcedores vão pegar um voo para Santa Cruz de La Sierra e de lá seguem pra São Paulo. Em poucas horas eles vão estar reunidos com seus familiares.
 
“Muitas coisas que até então não tinha feito. Principalmente dar valor pra família, pra mulher”, conta Reginaldo Coelho.
 
“Coisas pequenas, almoço com a família, dia das mães com a mãe”, diz José Carlos.
 
A expectativa é grande, depois de quase seis meses de angústia, os cinco corintianos finalmente chegaram em casa.
 
Foi tanto tempo que Marco Aurelio nem viu nem o filho nascer: “Perdi o nascimento do meu filho, perdi meu emprego, praticamente minha vida ficou parada”. 
 
E agora que eles conseguiram a liberdade, querem outra Libertadores. Nem que seja na Bolívia.
 
“O Corinthians pode jogar no céu, a gente vai tá lá. O Corinthians pode jogar no inferno, a gente vai tá lá”, disse um torcedor.
 

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