Pedofilia: Cultura do abuso sexual propagada por "artistas, cantores e poetas"

Pedofilia: Cultura do abuso sexual propagada por "artistas, cantores e poetas"

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:30

Por Felipe Pinheiro

A menininha ficava a esperar / O professor de piano chegava / E começava uma nova lição / (...)Dó, dó, ré, dó, si / Aqui não dá pé / Mi, mi, fá, mi, ré/ E agora o sol, fá / Pra lição acabar / Diz o refrão quem não chora não mama / Veio o sucesso e a consagração/ Que finalmente deitaram na fama / Tendo atingido a total perfeição / Nunca se viu tanta variedade / A quatro mãos em concertos de amor / Mas na verdade tinham saudade / De quando ele era seu professor".

Segundo a psicóloga Rozangela Justino, presidente da Abraceh - Associação de apoio ao ser humano e a família -, o trecho acima, retirado da canção "Aula de Piano", de Vinicius de Moraes (DVD infantil Arca de Noé), exemplifica a idéia do sociólogo francês Daniel Welzer-Lang a respeito da iniciação sexual, ou então, do abuso propriamente dito. Segundo o autor, no artigo "A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia", os pequenos aprendem que ser homem é ser diferente da mulher e de qualquer característica que remeta ao universo feminino como a sensibilidade ou a fragilidade.

Dessa forma, eles se agrupam em espaços onde a busca pela masculinidade prevê experiências de excitações coletivas. "O menino é, às vezes, iniciado sexualmente por um adulto. Iniciado sexualmente pode também significar violado", relata Welzer-Lang. Os instrutores, são "homens que ocupam, ao mesmo tempo, o lugar de irmão mais velho, modelo masculino a ser conquistado pelos pequenos.(...) Alguns estão presentes fisicamente. Outros agem através de suas mensagens sonoras. (...) Outros ainda são denominados artistas, cantores, poetas".

Em entrevista ao Guia-me , Rozangela Justino falou a respeito de questões referentes ao abuso sexual e também sobre como agir numa cultura que coopera para a erotização infantil. "Necessitamos  de pessoas com talentos artísticos para desenvolver a ‘contra-cultura’ da erotização". No início desse mês, a psicóloga abordou o tema da cultura do abuso sexual entre meninos, no 3º Encontro da Abraceh, em São Paulo.

Segundo Justino, até mesmo as igrejas são um ambiente propício ao abuso em razão da existências de mictórios não reservados. "A maioria dos abusos ocorrem por parte de pessoas ligadas afetivamente ao abusado, ele acontece nas famílias e também nas igrejas. Mais uma razão para se falar nestes ambientes sobre esse tipo de problema e fazer o apelo para que familiares e membros de igreja não mais abusarem e não favorecerem o abuso. Um exemplo típico de abuso que a igreja favorece são os mictórios masculinos abertos para que um menino veja o pênis do outro na hora de urinar".

Guia-me: Grande parte das vítimas de abuso sexual desenvolvem atração por pessoas do mesmo sexo durante a adolescência. Como se explica isso quando um menino, por exemplo, que foi abusado por um homem, desenvolve a homossexualidade em vez de sentir aversão pelo sexo abusador?

Rozangela: O abuso sexual pode ser praticado de forma carinhosa ou agressiva. Como somos seres sexuados, a tendência é sentir prazer no abuso sexual, quando ele é praticado com carinho, sem o emprego de violência.

O prazer não significa que o abuso seja bom para o desenvolvimento psicossexual da pessoa abusada. Os ativistas gays alegam que se a pessoa sente prazer, então é porque ela "é" homossexual e não é verdade. Somos seres sexuados e a prática do sexo de forma carinhosa, pode nos dar prazer com ambos os sexos.

Podemos censurar esta experiência (incluindo a negação do prazer) devido a cultura do lugar em que vivemos, daí uma possível "aversão". A aversão pode ocorrer, especialmente quando a pessoa tem uma boa qualidade na relação com Deus. Ainda que a pessoa sinta prazer nos primeiros abusos, nas primeiras relações homossexuais, ela se sentirá incomodada se continuar nesta prática porque não nasceu para ter relações homossexuais, Deus as criou heterossexuais e não para vivenciar a homossexualidade.

Nem tudo que nos dá prazer é bom. Tem pessoas que o maior prazer delas está em comer; outras, em ter relações sexuais; outras, usar drogas; outras, roubar, matar; nem por isso a prática destes atos é boa por si mesma.

Venho observando ao longo dos anos que a maioria das crianças abusadas por pessoas do mesmo sexo sentem prazer no abuso e a continuidade desta prática pode levá-las a desejar mais esta experiência e, com isso, podem desenvolver a atração pelo mesmo sexo. Quando o abuso ocorre por parte de pessoa do sexo oposto, sentem aversão.

Guia-me:  No seu blog, eu li um dado interessante da ABRAPIA: 50% das vítimas de abusos sexuais tornam-se autoras de abusos. Como você avalia, psicologicamente, essa estatística?

Rozangela: Já conversei com uma Promotora de Justiça que me disse que quase 100% das pessoas se tornam autoras de abusos e eu concordo com ela. O fato das pessoas sentirem prazer no abuso pode fazer com que elas identifiquem-se com o autor do abuso e acabam tornando-se autoras dos mesmos ou outros abusos.

Guia-me: Como você relaciona a fé e a recuperação de um abuso? Você acredita numa superação completa desse trauma?

Rozangela: Acredito na superação sim. O EMDR é uma técnica que pode ajudar muito pessoas a superarem traumas, incluindo os abusos sexuais. É possiível pesquisas sobre o EMDR no site: www.emdr.com e www.emdrbrasil.com.br .

Ainda que a pessoa não tenha feito uma sessão psicoterápica com a utilização do EMDR ela poderá superar por meio de sua relação com Deus, do perdão ao autor do abuso e a si mesma, se porventura sentir-se culpada. O milagre de Deus pode acontecer não somente na conversão como também promover curas físicas e emocionais. Por outro lado, existe o conceito de "resiliência" que trata da capacidade de algumas pessoas superarem os traumas e darem a volta por cima de problemas diversos e viverem bem. Certamente, não é o caso da maioria que vive uma vida inteira com os sintomas da síndrome do trauma crônico ou do estresse pós traumático. Muitas destas pessoas, além destes sintomas podem desenvolver condutas dissociais, depressão, TOC, transtorno da dependência emocional e outros, até mesmo podendo chegar a um quadro psicótico.

Guia-me: É muito comum que crianças abusadas sexualmente tenham uma auto-imagem negativa e um complexo de inferioridade. Qual a associação disso com a violência sexual sofrida?

Rozangela: Precisamos ir para o senso comum para entendermos um pouco como isto ocorre. Quando um menino vai abusar do outro ele utiliza o termo vulgar: "Vou botar em você". Isso significa que irá subjugar o outro, colocar o outro numa posição inferior, infringir dor no outro em muitos momentos, colocando o outro numa posição incômoda e indefesa. Quando ocorre o sexo oral, da mesma forma, alguém estará dando prazer para o outro, pois a maioria que está oferecendo este prazer não sente o prazer em si mesmo - "o seu prazer" é dar prazer para o outro - é uma posição inferior.  A relação é a seguinte: alguém recebe todo o prazer e o outro é o que se coloca na posição de objeto e o seu papel não é receber, mas dar prazer para o outro.

Desta forma, aquelas pessoas que se submetem a esta relação, normalmente, acabam se sentindo inferior, sob o domínio do outro. Logicamente, a pessoa que se submete a este tipo de relacionamento, possivelmente se sente inferior por outros motivos relacionais e características de personalidade. A relação homossexual apresenta características da relação sadomasoquista.

Guia-me: A pedofilia já é considerada pela OMS uma doença psíquica. Você acredita na regeneração de um pedófilo e até mesmo na sua re-inserção na sociedade, uma vez que ele está no papel de um "criminoso monstro" e não tem um apoio tão forte caso estivesse no papel de vítima?  

Rozangela: Nós lidamos com pedófilos o tempo todo. Se 50% ou mais das pessoas que são abusadas se tornam autoras, então lidamos com mais autores de abusos do que imaginamos. Certamente, precisamos falar muito sobre isso. O tratamento do pedófilo é dificultado devido à "normalização" da pedofilia.  Na verdade há um incentivo constante a ela.

Embora se diga que o abuso sexual deva ser condenado, tudo a nossa volta coopera para que o abuso ocorra sempre. Este é o tema de um artigo e de algumas palestras minhas, onde explico porque a pedofilia faz parte da norma e não do desvio, na atualidade. É o contraditório da nossa cultura e políticas públicas. Precisamos fazer uma campanha para mudar a cultura. Penso que muitas pessoas além de terem deixado a homossexualidade, não terem mais traumas dos abusos que sofreram, também deixaram a pedofilia. Lidamos com casos assim diariamente e não nos damos conta deles.

Guia-me: Pela experiência que você tem com esses casos, você acredita que um obstáculo para recuperação da pessoa abusada está associada a um sentimento de culpa?

Rozangela: O sentimento de culpa ocorre porque a pessoa não pode impedir o prazer que sentiu no abuso. Ela precisa admitir que sentiu prazer e que não é culpa dela, pois somos seres sexuados. Muitas crianças procuram a relação com o autor do abuso por curiosidade e até mesmo porque o autor é a única ou uma das poucas pessoas que lhe dá carinho, afeto. Por isso,  ela fica presa ao abuso e ainda que incomodada com este tipo de relacionamento, acaba permitindo que ele ocorra por que não tem quem converse com ela, lhe dê carinho, a aceite e isto pode parecer para ela uma forma de amor. Por outro lado, é comum o autor do abuso culpá-la pelo que ocorreu e ameaçá-la. A criança não tem maturidade para avaliar a situação, acredita que a culpa é sua e pode carregar esta dúvida por toda a vida. À medida em que ela é esclarecida e é submetida a um processo psicoterápico ou intervenção do aconselhamento religioso, a sua culpa é minimizada. Se ela tem uma boa relação com Deus, ela se sentirá amada e a culpa poderá ser minimizada ou eliminada. Curativo também é estabelecer relações afetivas com outras pessoas que seriam incapazes de revitimá-las, ou seja, não abusar delas também.

Guia-me: Quais cuidados os pais devem ter quando ficam sabendo que os seus filhos sofreram violência sexual? E os cuidados da Igreja?

Rozangela: Igrejas e famílias precisam falar sobre este tema. Como a  maioria dos abusos ocorrem por parte de pessoas ligadas afetivamente ao abusado, ele acontece nas famílias e também nas igrejas. Mais uma razão para se falar nestes ambientes sobre esse tipo de problema e fazer o apelo para que familiares e membros de igreja não mais abusarem e não favorecerem o abuso. Um exemplo típico de abuso que a igreja favorece: mictórios masculinos abertos para que um menino veja o pênis do outro na hora de urinar ou que desçam as calças para melhor retirar o pênis a apontá-lo no mictório aberto. Precisamos ainda, criar materiais para prevenção do abuso sexual contra a criança e o adolescente, ainda precários e inexistentes.

Guia-me: Na palestra da Abraceh, você expôs a cultura do abuso entre os meninos na chamada "casa dos homens". E quando o papel de instrutor é ocupado pela mulher, que estimula o contato sexual entre os garotos e ainda molesta eles?

Rozangela: Existem muitas mulheres abusadoras ou que favorecem o abuso sexual de crianças e adolescentes. Eu não tive a oportunidade de falar sobre isso na palestra, espremida pelo tempo.  Este tema é vasto e delicado, e precisamos de muito tempo para tratar dele. Muitos meninos abusados sexualmente por mulheres ficam com aversão à mulher, pois eles não estão prontos para qualquer apelo sexual. A criança não está pronta nem física, nem psicologicamente para qualquer apelo sexual. Se for abusada, acontecerá alguma distorção do desenvolvimento da sua sexualidade. Muitos casos de meninos que desenvolveram a homossexualidade o abuso sexual foi cometido por uma mulher.

Menino: abusado sexualmente por menino ou pessoa do mesmo sexo mais velha = pode sentir prazer na relação com o mesmo sexo e levá-lo a atração homossexual na vida adulta; se abusado por mulher pode sentir aversão pelo sexo oposto e se sentir mais seguro na relação com o igual, e isto favorecer o desenvolvimento da homossexualidade.

  Menina: abusada sexualmente por menina ou pessoa do mesmo sexo mais velha = pode sentir prazer e desenvolver atração homossexual; se for abusada por pessoa do sexo oposto, pode desenvolver aversão a homens e se sentir mais segura com outra mulher e acabar no lesbianismo. Guia-me: Conversando com algumas pessoas que passaram por esse problema, quase todas relataram que o abusador tinha alguma proximidade com a família, quando não era parente da vítima. Como você enxerga essa constatação?

Rozangela: É uma realidade. Como o abuso sexual, em sua maioria não é violento, ele  ocorre através de pessoas que você está mais próximo e ligado afetivamente. Normalmente, são pessoas que perderam a noção de limites, que a censura não funciona, se deixaram levar pela curiosidade ou prazer , ou movidas por conduta dissocial.

Guia-me: Na palestra você colocou o abuso sexual como parte da cultura. Como escapar de algo que é estimulado até mesmo por "artistas, cantores e poetas"?

Rozangela: Precisamos mudar a cultura. Necessitamos  de pessoas com talentos artísticos para desenvolver a "contra-cultura" da erotização.  Você como um profissional da mídia tem muito a contribuir, pois ela é muito usada para divulgar a cultura da erotização de crianças, adolescentes e adultos. Envolva os seus pares no trabalho de promoção da "CULTURA DA VIDA e FAMÍLIA", segundo os princípios cristãos!

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Para ler os artigos da psicóloga Rozangela Justino sobre pedofilia, homossexualidade e direitos humanos, clique aqui .

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