Pesquisadores da USP divulgam nota contra presença da PM no campus

Pesquisadores da USP divulgam nota contra presença da PM no campus

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:21

Pesquisadores da Universidade de São Paulo divulgaram nesta sexta-feira (11) uma nota pública assinada por 250 alunos de pós-graduação, mestres e doutores em repúdio à atuação da Polícia Militar na desocupação da reitoria da USP. Os pesquisadores afirmam que "o que está em jogo é a incapacidade das autoritárias estruturas de poder da universidade de admitir conflitos e permitir a efetiva participação da comunidade acadêmica nas decisões fundamentais da instituição". Leia a íntegra da nota:

"Nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo auto-organizados, viemos, por meio desta nota, divulgar o nosso posicionamento frente à recente crise da USP.

No dia 08 de novembro de 2011, vários grupamentos da polícia militar realizaram uma incursão violenta na Universidade de São Paulo, atendendo ao pedido de reintegração de posse requisitado pela reitoria e deferido pela Justiça. Durante essa ação, a moradia estudantil (CRUSP) foi sitiada com o uso de gás lacrimogêneo e um enorme aparato policial. Paralelamente, as tropas da polícia levaram a cabo a desocupação do prédio da reitoria, impedindo que a imprensa acompanhasse os momentos decisivos da operação. Por fim, 73 estudantes foram presos, colocados nos ônibus da polícia, e encaminhados para o 91º DP, onde permaneceram retidos nos veículos, em condições precárias, por várias horas.

Ao contrário do que tem sido propagandeado pela grande mídia, a crise da USP, que culminou com essa brutal ocupação militar, não tem relação direta com a defesa ou proibição do uso de drogas no campus. Na verdade, o que está em jogo é a incapacidade das autoritárias estruturas de poder da universidade de admitir conflitos e permitir a efetiva participação da comunidade acadêmica nas decisões fundamentais da instituição. Essas estruturas revelam a permanência na USP de dispositivos de poder forjados pela ditadura militar, entre os quais: a inexistência de eleições representativas para Reitor, a ingerência do Governo estadual nesse processo de escolha e a não-revogação do anacrônico regimento disciplinar de 1972.

Valendo-se desta estrutura, o atual reitor, não por acaso laureado pela ditadura militar, João Grandino Rodas, nos diversos cargos que ocupou, tem adotado medidas violentas: processos administrativos contra estudantes e funcionários, revistas policiais infundadas e recorrentes nos corredores das unidades e centros acadêmicos, vigilância sobre participantes de manifestações e intimidação generalizada.

Este problema não é um privilégio da USP. Tirando proveito do sentimento geral de insegurança, cuidadosamente manipulado, o Governo do Estado cerceia direitos civis fundamentais de toda sociedade. Para tanto, vale-se da polícia militar, ela própria uma instituição incompatível com o Estado Democrático de Direito, como instrumento de repressão a movimentos sociais, aos moradores da periferia, às ocupações de moradias, aos trabalhadores informais, entre outros. Por tudo isso, nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo, alunos de pós-graduação, mestres e doutores, repudiamos o fato de que a polícia militar ocupe, ou melhor, invada os espaços da política, na Universidade e na sociedade como um todo."

Cerca de 1500 alunos, segundo o Diretório Central de Estudantes (DCE), estiveram presentes na

 assembleia geral da Universidade Federal de São Paulo (USP) nesta quinta-feira (10) (Foto: Raphael Prado/G1) Estudantes decidem manter a greve

Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP), reunidos em assembleia na noite desta quinta-feira (10) no salão nobre da Faculdade de Direito, decidiram manter a greve geral dos alunos. Eles voltam a discutir o tema na próxima quinta-feira (17), em outra assembleia, que será realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), na Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital.

Os cerca de 1500 alunos - segundo o Diretório Central de Estudantes (DCE) - também aprovaram a cobrança da destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. Eles também fizeram uma moção de apoio aos manifestantes da Universidade Federal de Rondônia, cuja reitoria está ocupada por alunos, em greve há mais de dois meses.

Nesta quinta, o DCE e a Associação de Docentes da USP (Adusp) realizaram um ato contra a Polícia Militar e o reitor da universidade. "Fora PM" e "Segurança sim, PM não" eram as palavras de ordem.

Segundo os organizadores - entre eles o Diretório Central de Estudantes da USP e a Associação de Docentes da USP (Adusp) -, o ato reuniu 5 mil manifestantes. A Polícia Militar estimou a participação em mil pessoas.

Não houve nenhum registro de incidente na passeata. O trânsito foi afetado em algumas áreas, sobretudo quando começou o horário de pico na cidade - a passeata durou até cerca de 19h, quando os estudantes voltaram à Faculdade de Direito, no Largo do São Francisco, para realizar uma assembleia geral que definiria se a greve dos estudantes seria mantida.

O protesto ocorre dois dias depois de a Tropa de Choque da Polícia Militar cumprir a determinação judicial de reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada por estudantes desde 2 de novembro. Na ação da PM, 72 manifestantes - a maioria deles estudantes - foram presos e indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência civil.          

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