O ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), vai prestar depoimento à Polícia Federal na segunda-feira, dia 29, sobre o esquema de arrecadação e pagamento de propina que devastou seu governo e acabou levando-o à prisão. Essa será a primeira vez que Arruda falará sobre as denúncias de que comandaria o suposto esquema de corrupção.
Preso há 42 dias, Arruda deve ficar mais perto de retomar a liberdade após o depoimento. A defesa do ex-democrata, que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por desfiliação partidária, reclamava que, em mais de 180 dias de investigação Arruda ainda não conseguiu apresentar a sua versão para as denúncias.
Segundo a Polícia Federal, no mesmo dia, será ouvido o ex-secretário de Comunicação Wellington Moraes, que também foi preso por determinação da Justiça juntamente com Arruda e mais quatro aliados por causa da tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção.
A Polícia Federal espera concluir os depoimentos solicitados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e pelo Ministério Público Federal até a próxima quinta-feira. Também deve ser ouvido o conselheiro do Tribunal de Contas local, Domingos Lamoglia, além de todos os políticos - inclusive deputados distritais - empresários, que aparecem em vídeos gravados por Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção.
Hoje, o ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido), que renunciou ao cargo por causa da crise política, surpreendeu à Polícia Federal e se apresentou espontaneamente. Paulo Octávio ficou calado.
Segundo seu advogado, Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Paulo Octávio permaneceu em silêncio porque não sabe do que é acusado. Para o advogado, Paulo Octávio era testemunha do inquérito.
Kakay ingressou hoje no STJ (Superior Tribunal de Justiça) com um pedido para ter acesso ao inquérito nº 650 que investiga o esquema de arrecadação e pagamento de propina.
Na verdade, do nosso ponto de vista Paulo Octávio era uma testemunha nesse caso. Não há comprovações contra ele, apenas alegações. Nós ainda não tivemos acesso a íntegra desse processo nem as perícias realizadas", disse.
Propina
Em depoimento ao Ministério Público, Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção, afirmou que Arruda recebeu R$ 3 milhões em propina do setor de informática.
Durval ainda afirmou que Paulo Octávio seria beneficiário do esquema e teria recebido 30% das propinas recolhidas para aprovar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF.
Durval afirmou ao Ministério Público que entregou a Paulo Octávio pelo menos R$ 200 mil em uma das suítes do Hotel Kubitscheck Plaza, que pertence ao grupo do vice-governador.
De acordo com o delator, o dinheiro corresponderia à propina cobrada em razão de contratos de prestação de serviço no setor de informática envolvendo a empresa TBA.
Arruda e Paulo Octávio negam envolvimento com esquema.
Por: Márcio Falcão
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