Polegar nega que estivesse no Alemão, no Rio, no dia da ocupação

Polegar nega que estivesse no Alemão, no Rio, no dia da ocupação

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:23

Após ser preso no Paraguai, na última quarta-feira (19), o traficante Alexander Mendes da Silva, conhecido como Polegar, apontado como chefe do tráfico de drogas no Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, alegou que já não estava no Brasil durante a ocupação do Conjunto de Favelas do Alemão, em novembro de 2010. Ele disse que acompanhou a operação pela televisão.

Polegar é considerado um dos quatro mais importantes chefes do tráfico do estado do Rio que estava foragido. Ele foi preso na fronteira do Paraguai, na cidade Pedro Juan Caballero, portando documentos falsos. Na sexta-feira (23), ele chegou ao Rio escoltado pela Polícia Federal, e foi levado para o presídio de segurança máxima Bangu 1, na Zona Oeste.

Refúgio de traficantes

Na fronteira com o Brasil, apenas uma rua separa a cidade paraguaia Pedro Juan Caballero de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. O município de Pedro Juan Caballero é conhecido pelo comércio de produtos importados e contrabandeados. Investigações das polícias dos dois países mostram que esta região tem se tornado refúgio de traficantes. Como confirma, por telefone, Antônio Celso dos Santos, adido da Polícia Federal em Assunção, no Paraguai: “Nós temos verificado que a quantidade de meliantes de São Paulo que têm se estabelecido naquela área de fronteira tem aumentado”, disse ele.

O Paraguai também é destino de traficantes do Rio de Janeiro, que deixam a cidade por causa da expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A polícia brasileira, então, passou a enviar à polícia paraguaia fotografias de criminosos foragidos. E, esta semana, as suspeitas foram confirmadas com a prisão de Polegar. Preso por tráfico desde 1994, Polegar é acusado de chefiar de dentro da penitenciária o comércio de drogas na Mangueira.     Casa luxuosa no Alemão

Em 2009, em regime semi-aberto, Polegar, segundo a polícia, estabeleceu uma base no Conjunto de Favelas do Alemão. A casa luxuosa que seria do traficante foi uma das muitas imagens que marcaram a histórica tomada da região, feita pelas forças de segurança em novembro de 2010.

Na época, as imagens de homens em retirada, dias antes da ocupação, correram o mundo. Mas os criminosos mais procurados da cidade não foram presos.

“Os traficantes que ali estavam refugiados, os principais, os líderes, conseguiram escapar numa fuga um tanto quanto espetacular. Não se sabe ao certo ainda se fugiram realmente pela tubulação de esgoto, ou se conseguiram fugir com viaturas da própria polícia. Há rumores nesse sentido. Mas o fato é que esses traficantes não mais se encontravam lá, e o Polegar era um desses”, disse a promotora de Justiça Renata Bressam.

Traficante teria comprado carro um dia antes da prisão

Polegar gostava de ostentar. No Paraguai, um dia antes de ser preso, Polegar teria comprado com dinheiro vivo um carro de mais de R$ 100 mil.

Polegar vinha sendo monitorado pela polícia paraguaia há pelo menos três meses. Foi numa rua, a poucos quilômetros do centro de Pedro Juan Caballero, que ele acabou preso. A operação foi realizada no momento em que o criminoso e a mulher dele aguardavam a lavagem de um dos carros da família, num lavajato.

O Fantástico conversou com o preso antes de ele ser transferido para o Brasil, na sede da Secretaria Nacional Antidrogas, a polícia especializada do Paraguai. Ele alegou que estava há quase dois anos no Paraguai, e que, por isso, não estava no Conjunto de Favelas do Alemão durante a ocupação das forças de segurança.

Fantástico: “Aqui no Paraguai, você vivia de quê?”

Polegar: “Paraguai? Eu estava aqui. De quê que eu vivia? Só sei que eu não vivia de nada errado.”

Fantástico: “Se você não vivia de nada errado, o que você fazia?"

Polegar: “O que eu estava fazendo? Eu estava trabalhando com um amigo aqui, que instala cerca elétrica.”

Fantástico: “Você que instalava a cerca?”

Polegar: “Não cheguei instalar. Estava junto com ele, estava me dando uma força.”

Fantástico: “Você ganhava quanto por mês para fazer esse trabalho?”

Polegar: “Ganhava por semana mais ou menos 300.”

Fantástico: “Reais?”

Polegar: “É.”

Fantástico: “Mas como você mantinha sua família aqui com R$ 1,2 mil reais por mês?”

Polegar: “Dá para comer, não dá?”

Traficante vivia em bairro de classe média alta

Em Pedro Juan Caballero, Polegar escolheu um lugar sossegado para viver, de classe média alta. A casa onde ele, a mulher e dois filhos moravam fica num lugar com bastante segurança: cerca elétrica e câmeras de monitoramento.

A polícia do Paraguai disse ter encontrado U$ 50 mil dentro da casa. A suspeita, agora, é a de que traficantes brasileiros estariam tomando conta das plantações de maconha nesta região.

"A Polícia Federal vai instaurar um inquérito com o objetivo de verificar em qual situação ele estava morando no Paraguai, se ele estava mandando droga para o Brasil”, disse o delegado Fábio Andrade.

Transferência

Polegar foi expulso do Paraguai. E as polícias dos dois países monitoram outros criminosos. “Te garanto que mais de 30, 40 pessoas estão, nesse momento, sendo acompanhadas”, afirmou o adido Antônio Celso dos Santos.

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