Delegados falam do caso Marielly
(Foto: Tatiane Queiroz/ G1 MS)
A Polícia Civil investiga se o gerente administrativo Hugleice da Silva, 26 anos, cunhado de Marielly Barbosa Rodrigues, de 19 anos, teria ocultado o cadáver após o aborto malsucedido que levou à morte da jovem .
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18), o delegado Fabiano Nagata informou que a polícia tem informações que ligam Silva ao local onde o corpo de Marielly foi encontrado, mas até o momento, nada foi comprovado.
Marielly desapareceu de Campo Grande no dia 21 de maio e foi encontrada morta no dia 11 de junho em um canavial em Sidrolândia, distante 70 quilômetros da capital.
Na última sexta-feira (15), Silva confessou à polícia que sabia que Marielly estava grávida e que levou a jovem para fazer um aborto em Sidrolândia, com o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, de 40 anos. O gerente reiterou no depoimento que não seria o pai da criança que a cunhada esperava e disse que não sabe o que aconteceu com ela após deixá-la na casa do enfermeiro. Segundo informações do inquérito policial, a propriedade rural onde foi encontrado corpo da jovem fica localizada na mesma região da usina de cana-de-açúcar que a empresa em que Silva trabalha presta serviço.
Nagata informou que a caminhonete que Silva utilizou para levar Marielly até a casa do enfermeiro deverá passar por perícia. A polícia investiga ainda a participação de outras pessoas no crime.
Hugleice da Silva e Jodimar Gomes prestaram diversos depoimentos à polícia e também passaram por acareação. Segundo informações do delegado, apesar da confissão do cunhado, o enfermeiro nega que tenha participação no crime e afirma que nunca viu Marielly.
A polícia informou que os dois foram indiciados e devem responder por participação no crime de aborto qualificado seguido de morte. Eles estão presos temporariamente desde a última semana. Ainda segundo o delegado, se condenados, a pena é de dois a dez anos de reclusão.
Investigação
As investigações estão sendo feitas pela Delegacia Especializada de Homicídios (DEH). O inquérito não foi finalizado e a polícia afirma que há algumas perguntas ainda sem respostas, como quem seria o pai da criança que Marielly estava esperando e quem teria contratado o aborto.
Envolvimento da família
O delegado Fabiano Nagata informou que até o momento não há indícios de que a família esteja envolvida ou que sabia da participação de Hugleice no crime.
Não podemos dizer com uma certeza de 100% que a família não sabia de nada, mas até o momento não há indícios de que foram coniventes ou estejam envolvidos no crime, explica o delegado.
Para entender o caso
21 de maio - Marielly sai de casa e, segundo a mãe, disse que iria tratar de um assunto.
28 de maio - Uma semana após o desaparecimento, familiares e amigos da jovem realizam uma manifestação no centro de Campo Grande para chamar a atenção para o caso.
Famílias fazem cartazes em busca de Marielly
(Foto: Fernando da Mata/G1 MS)
11 de junho Polícia encontra um corpo de uma mulher em um canavial no município de Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. Surgem indícios de que o corpo poderia ser de Marielly, mas a polícia não confirma.
15 de junho A polícia confirma, oficialmente, que o corpo encontrado no canavial era mesmo de Marielly Barbosa Rodrigues. A comprovação foi feita por meio das impressões digitais, segundo o titular da Delegacia de Homicídios, Fabiano Nagata. Ela estava sem as roupas íntimas e usava um vestido colorido e sandálias vermelhas.
17 de junho - O Instituto Médico e Odontológico Legal (Imol) de Campo Grande confirma que a jovem encontrada morta em canavial estava gravida. O exame de sangue que comprova a gravidez foi entregue pela própria família da jovem ao delegado Fabiano Nagata.
17 de junho O Corpo de Marielly é sepultada no município de Alto Taquari, no Mato Grosso, onde seus familiares residem.
21 de junho Surgem indícios de que Marielly Barbosa Rodrigues teria morrido em consequência de hemorragia aguda. O exame do legista não encontrou indícios de marcas de violência. Ganha força a tese de um aborto malsucedido.
Jodimar Ximenes Gomes está preso em
Sidrolândia (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
29 de junho - A Polícia apreende instrumentos cirúrgicos e diversos medicamentos na residência de um enfermeiro, localizada em Sidrolândia. O delegado Fabiano Nagata informou ao G1 que vai investigar se o profissional está envolvido na morte da estudante.
10 de julho - A família Marielly retorna ao estado, após permanecer por quase um mês em Alto Taquari, em Mato Grosso, onde ela foi sepultada.
12 de julho - Pedida a prisão temporária de duas pessoas suspeitas de envolvimento na morte de Marielly: Jodimar Ximenes Gomes, suspeito de realizar o aborto e do cunhado da jovem, Hugleice da Silva.
12 de julho - A juíza da 1ª Vara de Sidrolândia, Sílvia Eliane Tedardi da Silva, decreta a prisão temporária do enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes e Hugleice da Silva, cunhado de Marielly Barbosa Rodrigues.
13 de julho - Jodimar Ximenes Gomes, 40 anos, se entrega na delegacia de Sidrolândia e nega envolvimento na morte de Marielly Barbosa Rodrigues.
13 de julho - Advogado do cunhado, José Roberto Rodrigues da Silva, afirma que Hugleice da Silva é inocente e que o cliente nunca teve contato com Jodimar.
Hugleice da Silva, cunhado de Marielly
(Foto: Reprodução/TV Morena)
14 de julho - Cunhado de Marielly, Hugleice da Silva entrega-se à polícia
15 de julho - A promotora Paula Volpe, do Ministério Público Estadual em Sidrolândia afirma que que tem indícios suficientes que comprovam o envolvimento dos dois suspeitos detidos na morte de Marielly Barbosa Rodrigues.
15 de julho - Em depoimento, Hugleice da Silva muda a versão e confessa para o delegado Fabiano Nagata que levou a cunhada, Marielly, para fazer um aborto na cidade de Sidrolândia, com o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, de 40 anos.
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