Tiro entrou pelas costas e ficou alojada no
abdômen (Foto: Tawany Marry/G1 MS)
Um homem de 24 anos foi ferido com tiro nas costas, disparado por policial militar do serviço reservado da Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe), em caso ocorrido na noite de segunda-feira (10), em Campo Grande. A Polícia Civil registrou a situação como tentativa de roubo, conforme o depoimento do militar, mas a vitima e os dois amigos que estavam no veículo dizem que o PM atirou depois de uma colisão.
Segundo a polícia, o caso aconteceu no cruzamento das avenidas José Barbosa Rodrigues e Florestal, no bairro Coophatrabalho, por volta das 20 hora (horário de MS). Em depoimento prestado ao delegado Divino Furtado de Mendonça, da delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), o militar disse que estava à paisana, com carro descaraterizado, em uma investigação. Ele falou que estava em uma das vias e faria a conversão à esquerda, para entrar na avenida Florestal (preferencial).
Quando fez a manobra, o outro veículo, com três ocupantes, teria ficado ao lado do carro dele e um dos homens teria dito que era um assalto. O policial militar parou o carro e os outros homens também estacionaram, mais adiante. Segundo o policial do Cigcoe, dois homens, aparentemente desarmados, teriam descido do carro e ido em direção ao carro. Neste momento, ele teria dito que era um policial, mas que os homens continuaram avançando.
Detalhe do carro onde estavam os três suspeitos
(Foto: Tawany Marry/G1 MS)
O terceiro envolvido ficou no veículo, no banco traseiro. "Ele disse que, ao olhar para o vidro do carro dos três, viu uma pessoa aparentemente segurando uma arma e atirou", disse o delegado.
O tiro, disparado com pistola .40, entrou na lâmpada traseira e atingiu o rapaz de 24 anos. Os outros dois homens retornaram para o carro e fugiram. O policial disse que após uma perseguição de 10 minutos encontrou os três envolvidos no posto policial do Coophatrabalho.
Outro depoimento
Os três ocupantes do veículo desmentem o depoimento prestado pelo policial militar e dizem que o tiro foi disparado depois de uma colisão. O carro estava sendo conduzido por um autônomo de 24 anos, que estava acompanhado de um pedreiro de 27 anos e pelo rapaz de 24 anos, que é caminhoneiro. O motorista disse que estava dirigindo a pelo menos 100 km/h e, por isso, não conseguiu parar o carro a tempo de evitar a colisão com o outro veículo, que fazia a conversão.
À direito, buraco feito com tiro disparado pelo PM
(Foto: Tawany Marry/G1 MS)
"Nós começamos a gritar dizendo que tinha batido o carro e, logo após, ouvimos um disparo", disse o pedreiro. Eu sei que estamos errados por estar em alta velocidade, mas ele [o policial] invadiu a nossa faixa. Ele não pode sair atirando assim, do nada", completou.
Segundo o pedreiro, ninguém desceu do carro. Eles dizem que tentavam ir ao posto de saúde da Vila Almeida, mas teriam percebido que estavam sendo seguidos e foram para o posto policial do bairro Coophatrabalho. No posto, o motorista do veículo que vinha atrás parou e se identificou como policial militar lotado no Cigcoe.
Na checagem dos dados, a polícia descobriu que o autônomo era evadido da Colônia Penal Agrícola (CPA), onde cumpria pena no regime semiaberto por homicídio e roubo. O rapaz ferido com tiro já havia cumprido pena por receptação. O pedreiro não tem antecedentes criminais.
O rapaz ferido foi encaminhado para a Santa Casa de Campo Grande. O tiro entrou pelas costas dele e ficou alojado no abdômen. Na manhã desta terça-feira (11), ele prestou depoimento à polícia e em conversa com o G1 também negou a tentativa de assalto.
O delegado disse que pode ter ocorrido uma tentativa de roubo, apesar de nenhuma arma ter sido encontrada. Depois do flagrante, dois deles foram liberados e apenas o rapaz que era evadido da CPA permaneceu detido. O caso será investigado pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf).
Corregedoria
Em nota, a Polícia Militar informou que irá instaurar processo administrativo na Corregedoria para apurar o caso. A arma do PM será recolhida até finalização das investigações. O militar será afastado das funções e encaminhado para atendimento psicossocial.
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