Prefeita foi recebido com festa por funcionários e correligionários na Prefeitura de Jandira (Foto: Letícia Macedo/G1)
A prefeita de Jandira, Anabel Sabatine (PSDB), retomou suas atividades na tarde desta quinta-feira (14) na sede do Executivo do município da Grande São Paulo. Ela foi afastada do cargo por 90 dias após decisão da Câmara Municipal, na terça-feira (13). Nesta quarta-feira (14), o presidente da Câmara, o vereador Wesley Teixeira (PSB), assumiu o cargo de prefeito interinamente. Teixeira informou ao G1 que irá recorrer do mandado que garante a volta de Anabel ao cargo.
O mandado de segurança foi concedido nesta manhã pelo juiz Bruno Cortina Campopiano, da 1ª Vara Distrital de Jandira. A medida tem caráter liminar, ou seja, está sujeita à mudança, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. Anabel recebeu flores ao chegar à Prefeitura de Jandira. Tão logo ficaram sabendo da decisão judicial, correligionários de Anabel começaram a organizar a sua volta. Ela foi recebida com fogos de artifício. Funcionários da Prefeitura também festejaram o retorno dela.
O afastamento de Anabel foi decidido por conta da suspeita de uso de R$ 3,2 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para pagar salários dos funcionários públicos. Teixeira encontrou o gabinete da prefeita trancado na quarta-feira. Ele chamou um chaveiro para entrar na sala junto com seus aliados.
Teixeira se disse tranquilo com a volta de Anabel ao Executivo de Jandira. Tem que acatar. Tem que ficar tranquilo neste momento. Vamos entrar com um recurso. A situação dela é complicadíssima. O desespero foi tão grande que ela foi atrás dessa liminar, afirmou o presidente da Câmara. Durante as 24 horas que ficou no poder, Teixeira exonerou titulares de cinco secretarias - Assuntos Jurídicos, Administração, Comunicação, Finanças e Jurídico. Não exonerei mais porque não tive tempo, afirmou.
Presidente da Câmara só conseguiu entrar no
gabinete de prefeita após acionar chaveiro (Foto:
Letícia Macedo/G1)
Crime
No começo de agosto, a Justiça determinou que a Polícia Civil instaurasse um novo inquérito para apurar a eventual participação de Anabel no homicídio do prefeito Braz Paschoalin. Eu tenho uma certeza absoluta na minha vida: por mim, o Braz estaria aqui, disse ela, na ocasião.
O desembargador Amado de Faria determinou a instauração do um novo inquérito a pedido da Procuradoria-Geral de Justiça. O Ministério Público disse que, após a análise de elementos colhidos na investigação que deu origem ao processo criminal contra várias pessoas pela morte de Paschoalin, já em andamento, a Câmara Especializada de Crimes de Prefeitos, da Procuradoria-Geral de Justiça, requisitou a investigação também da prefeita.
Paschoalin morreu em 10 de dezembro de 2010. Na ocasião, em vez de utilizar o carro blindado, o então prefeito foi em outro veículo sem blindagem até uma rádio onde semanalmente participava de um programa no qual respondia perguntas de ouvintes. Ao chegar à rádio, o automóvel foi atingido por pelo menos 15 disparos.
O Ministério Público de São Paulo ofereceu em 14 de fevereiro denúncia contra sete suspeitos da morte do prefeito. Foram denunciados à Justiça como mandantes do crime dois ex-secretários municipais, um ex-candidato a vereador no município da Grande São Paulo, além de outros quatro homens, sendo um deles um ex-policial militar, como executores do crime. Para o promotor de Justiça Neudival Mascarenhas Filho, Paschoalin foi morto porque havia demitido um secretário e antigo colaborador e estava se desentendendo com um outro secretário, que também pretendia demitir.
Novas denúncias
Nesta quarta-feira, a Câmara Municipal de Jandira recebeu novas denúncias contra Anabel. Os vereadores vão agora apurar um possível esquema de desvio de verbas da Secretaria dos Esportes. Segundo documentos, só neste ano a Prefeitura contratou árbitros para 1.417 jogos na cidade, quase quatro partidas por dia. E pagou R$ 264 mil para a empresa que cede os árbitros. Procurada, a assessoria da prefeita disse desconhecer as acusações.
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