Primo de garoto morto na USP critica segurança da universidade: 'USP é terra de ninguém'

Ele acredita que o primo foi jogado na raia olímpica da universidade. No atestado de óbito, morte foi por causa indeterminada, diz advogado.

Fonte: Globo.comAtualizado: quarta-feira, 24 de setembro de 2014 às 18:05
Amigos e primos prestam últimas homenagens a Victor Hugo Santos
Amigos e primos prestam últimas homenagens a Victor Hugo Santos

O primo mais velho de Victor Hugo Santos, enterrado nesta manhã de quarta-feira (24) em Jandira, na Grande São Paulo, criticou a segurança no campus da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã. O estudante de design gráfico, que desapareceu durante uma festa de 111 anos do Grêmio Poliesportivo na madrugada de sábado (20), foi encontrado morto na raia olímpica na terça-feira (23). 

“Convivi também na USP. Frequento as festas lá desde moleque. Posso dizer que infelizmente eu vi situações iguais a do meu primo lá várias vezes. A gente sabe de assaltos, estupros, sequestros. Lá é uma terra de ninguém. Polícia não pode entrar. A segurança é privada, é deles. Não quero julgar. Falar o que foi e o que não foi. Isso não vai trazer meu primo de volta, mas o que posso dizer é que a gente vive num país em que a Justiça não funciona”, afirmou o vendedor Vinícius Costa, de 33 anos.

A Polícia Civil investiga se houve crime ou morte acidental. A família do estudante questiona a ação dos seguranças da festa, pois pessoas teriam relatado no Facebook ter visto o jovem sendo agredido. A C.O.S Group nega e diz não ter registrado nenhum incidente durante a festa.

O vendedor acredita que o primo foi jogado na raia olímpica, mas prefere não acusar ninguém. “Uma certeza que eu tenho é que jogaram ele. Agora quem foi e por que é difícil. Mas que eu posso falar que a segurança é totalmente despreparada, sempre foi. Há mais de 15 anos eu frequento as festas lá e já vi muita coisa feia lá e nada acontece. Fica tudo na mesma”, declarou.

André Costa Parreira, que também é primo de Victor, também não acredita que o jovem tenha entrado sozinho. “Eu acho praticamente impossível que o Victor tenha ido lá e tenha se afogado sozinho. Até porque lá tem segurança e só tem uma entrada e uma saída [e1] . Acredito que algume tenha feito isso com ele. Não vejo motivo porque o Victor sempre foi uma pessoa muito calma, nunca arranjou briga com ninguém, nunca arranjou confusão. Não acredito que esse tenha sido o dia. Espero que a investigação chegue a uma conclusão para deixar a gente mais em paz com a gente mesmo”, disse.

Causa indeterminada
De acordo com o advogado da família, Marcelo Costa, no atestado de óbito consta que morte foi provocada por causa indeterminada. Além de familiares, muitos amigos compareceram ao enterro no cemitério Alphacampus. Muito emocionados os pais não conversaram com a imprensa. A mãe de Victor precisou ser amparada por amigos para conseguir entrar no carro e deixar o local do sepultamento. Sobre o caixão, foi colocada uma camiseta onde foram escritas mensagens. Após um canto religioso, o sepultamento foi encerrado com uma salva de palmas.

Tranquilo
Os amigos descrevem o estudante como uma pessoa tranquila. Fernando Pereira Medim disse ter recusado o convite de Victor para ir à festa na sexta-feira (19). Ele disse não se lembrar do Victor envolvido em brigas. “Ele nunca brigou na escola. Nunca levou advertência, suspensão. Era um cara certo, tranquilo. Às vezes chamava ele para sair e ele falava que ia jogar RPG”, contou. Fernando diz que Victor era reservado. “Assim como eu, ele não é uma pessoa que comenta muito sobre sonhos. Ele vai vivendo a vida simplesmente”, observou.

Já Artur Sarmento, que estava com Victor na festa, também lembra do como uma pessoa feliz e tranquila. “Ele sempre estava feliz, conversando, muito tranquilo. Essas lembranças eu vou guardar dele para sempre”, afirmou.

O primo mais velho também falou com muito carinho sobre o Victor. “Pense numa família especial, educada, carinhosa, unida. São pessoas do bem. É um prazer, uma honra ser primo dele, conviver”, disse Vinicius Costa.

O primo André Costa Parreira contou que chegaram a viver na mesma casa quando Victor era recém-nascido enquanto a casa dele passava por reformas. “Ele era como meu irmão. Ele vinha me pedir conselho. Ele sempre conversou sobre tudo comigo. Isso a gente só faz com irmão. Tem coisa que a gente não conta nem para os nossos pais. Ele sempre vai morar no meu coração”, lembrou. André, que tem uma banda, contou que nem sempre saíam juntos, mas que costumava visitá-lo na casa dele.

Artur Sarmento disse ter visto o jovem pela última vez no fim da festa, quando Victor se afastou para buscar uma cerveja. Ele disse não ter notado que o amigo tivesse ingerido muita  bebida alcóolica e que desconhecia se ele tinha usado drogas. “Foi normal. Ele bebeu até menos do que os outros amigos que estavam lá. Não tinha bebido muito”, disse. Segundo ele, outros amigos chegaram a vê-lo depois disso e disseram que ele tinha intenção de voltar para o carro. 

Fotos
O advogado da família, Marcelo Costa, pediu a colaboração de pessoas que tiverem vídeos ou fotos que possam ser úteis para investigação procurem o DHPP. O atestado de óbito consta que morte foi provocada por causa indeterminada. A família deve ficar reclusa por um tempo. “Vamos aguardar as instruções da polícia”, afirmou logo após o sepultamento.

 

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