Projeto vai traçar radiografia do público jovem consumidor de drogas nos presídios

Projeto vai traçar radiografia do público jovem consumidor de drogas nos presídios

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:16

A percepção de que 80% da população carcerária estão marcados pelo consumo de entorpecentes e que existe uma associação entre o vício e a violência é uma das conclusões de uma pesquisa preliminar feita com 100 jovens presos das três facções criminosas que atuam no estado do Rio - Comando Vermelho Rogério Lemgruber, Seguro e 3º Comando.

Outra conclusão é o problema da associação do vício a uma diversidade de drogas, disse o coordenador-geral da pesquisa, professor Oswaldo Munteal Filho, historiador e especialista em Estado e governo. Ele deixou claro, contudo, que “não há uma previsibilidade de que o viciado necessariamente cometerá um crime violento”.

O balanço preliminar da pesquisa será divulgado quarta -feira (18), durante o seminário Prisioneiros das Drogas, na Escola de Magistratura do Rio (Emerj). Na ocasião, será lançado o projeto completo, denominado Prisioneiros das Drogas – Os Impactos da Dependência Química na Juventude Brasileira. O projeto está sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O trabalho pioneiro ganhou o edital do Programa Prioridade Rio, que apóia temas considerados urgentes para solução pelo governo fluminense.

Previsto para ser concluído em dois anos, o projeto envolve uma pesquisa, cujo objetivo é analisar o impacto do consumo de entorpecentes na população carcerária jovem carioca e fluminense, entre 14 e 26 anos, englobando as carceragens da Polinter, onde ficam as pessoas detidas aguardando julgamento, e o sistema penitenciário. A pesquisa vai mostrar como determinadas drogas atuam por segmento de classe, etnia e idade no estado.

A idéia é traçar uma radiografia do público jovem preso, consumidor de drogas. “Mais do que isso. Além de um raio X da situação dos consumidores de drogas lícitas, como o álcool, passando por medicamentos tarjados, até drogas pesadas, consideradas  ilícitas, trabalhamos também na perspectiva de construir um centro de acolhimento para familiares de viciados e os próprios viciados”, afirmou Munteal.

Nesse centro, será dado suporte jurídico, psicológico e de saúde pública  às famílias. “O grande alvo do nosso projeto é quem já está no sistema prisional”. Munteal destacou, porém, que o trabalho não tem cará ter assistencialista. “É um trabalho de orientação de política pública, que tem também a assistência. Só que nós estamos pensando numa estratégia no curto, médio e longo prazo”. Para ele, esse é o maior desafio em seus 25 anos como professor universitário porque, em uma das carceragens da Polinter, encontrou dois ex-alunos do curso superior de história, sendo um preso por consumo de crack e outro por associação ao tráfico.

Além do seminário, o projeto apresenta outros produtos, entre eles o lançamento do site Prisioneiros das Drogas ( www.prisioneirosdasdrogas.org.br ), que ocorrerá durante o evento. No site , a população brasileira ter á acesso a dados atuais sobre a situação dos presos nas carceragens, a função exercida  pelas drogas sobre os apenados, depoimentos de especialistas, explicações sobre as drogas e seus efeitos sobre os jovens.

Em nove meses, será produzida uma cartilha de orientação para as escolas públicas e privadas e organizações não governamentais, que aborda os malefícios das drogas do ponto de vista da saúde pública e da educação. “Vai ser distribuído em massa nas escolas, gratuitamente”. No longo prazo, será realizado um documentário e construído o Centro de Acolhimento, no Campus 1 da Facha, em Botafogo, zona sul do Rio.

Oswaldo Munteal afirmou que existe a intenção de estender o projeto para outros estados. “Vai depender da vontade política e do apoio em termos de infraestrutura desses estados”. No âmbito do governo estadual, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) faz o acompanhamento de saúde pública dos apenados, incluindo os dependentes químicos.

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