Promotoria denuncia três PMs e 17 traficantes de drogas

Promotoria denuncia três PMs e 17 traficantes de drogas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:54

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou à Justiça 17 traficantes de drogas que atuavam nas favelas de Antares e Rolas, em Santa Cruz, e três policiais que sequestraram durante dez horas criminosos da quadrilha e cobraram propina de R$ 20 mil para libertá-los.

As ações resultaram de um trabalho conjunto realizado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pela 1ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar.

Os traficantes denunciados estão envolvidos na tentativa de invasão da comunidade da Serrinha, em Madureira, em outubro de 2010, e fazem parte da mesma facção criminosa que controlava o Complexo do Alemão.

Ao receber a denúncia, atendendo a requerimento do MP, a Justiça decretou as prisões preventivas dos PMs Julio Cesar Braga, Antonio Eduardo Campeiro e Claudio Costa da Silveira, que já foram realizadas.

De acordo com a denúncia – recebida pela Auditoria da Justiça Militar –, no dia 21 de julho de 2010, por volta de 11h, os três policiais apreenderam drogas com os traficantes Janderson dos Santos (vulgo Jota), Wendel Rafael do Nascimento Santana e um menor.

Conforme quatro conversas telefônicas gravadas nesse dia com autorização judicial, os suspeitos foram mantidos em poder dos PMs durante toda a tarde, enquanto o pagamento era negociado, para a liberação apenas dos dois bandidos maiores de idade.

Jota foi solto no início da noite em troca de R$ 10 mil. Como o valor total (R$ 20 mil) não foi pago, Wendel foi conduzido para a Delegacia de Polícia junto com o adolescente. Os três policiais foram denunciados por sequestro (em relação ao menor de idade) e por extorsão mediante sequestro (duas vezes, referentes aos maiores de idade), com as agravantes de os crimes terem sido cometidos por abuso de poder e durante o serviço.

- Os fatos imputados aos acusados são gravíssimos. O crime revela inversão total dos valores ensinados na formação de um policial militar, o que justifica as suas custódias cautelares como garantia dos princípios da hierarquia e disciplina - disse promotor Leonardo Cuña de Souza.

No pedido de prisão preventiva, o MP demonstrou que a ligação do Cabo PM Julio Cesar Braga com a facção criminosa ficou patente em uma conversa gravada em setembro de 2010 na qual traficantes tratam do pagamento de “arrego” ao policial.

Invasão da Serrinha

Já a denúncia do Gaeco contra os 17 traficantes foi oferecida à 2ª Vara Criminal Regional de Santa Cruz. Se for recebida pela Justiça, os réus responderão pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, com o agravante de terem sido cometidos com o uso de armas de fogo.

Com base em interceptações telefônicas judicialmente autorizadas, realizadas pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), e dados de Inteligência, a ação descreveu a divisão de tarefas para o domínio das comunidades de Antares e Rolas, em Santa Cruz, em ligação com bandidos de favelas do Complexo de Manguinhos e do Alemão.

O denunciado Marcelo Soares da Silva, conhecido como Macarrão, é apontado como o gerente-geral das bocas de fumo nas duas favelas e na comunidade do Juramento. Ele foi responsável pela compra de grande quantidade de armas e pela ordem de invasão da comunidade da Serrinha, em Madureira, em outubro de 2010, em represália ao ataque da facção rival à favela do Rolas.

Propina para PMs não impedir conflito

Para que Policiais Militares não interviessem no conflito pelo domínio do Rolas, o subgerente-geral Jaime de Souza Pires (o Thyrso), por sua vez, determinou o pagamento de propinas (“arrego”) aos PMs.

O ex-gerente-geral da favela de Antares, Naíldo Arruda da Silva (o Paraíba), que comandou uma fracassada tentativa de tomada da mílicia da favela das Pedrinhas, em Santa Cruz, também foi denunciado, assim como Marcelo Fernando Pinheiro Veiga (o Marcelo Piloto), gerente-geral da favela do Mandela, em Manguinhos, e Rodrigo Barbosa Marinho (o Rolinha), que ocupa o mesmo posto no interior da favela do Rolas.

Além deles, e dos dois criminosos maiores de idade sequestrados em julho, foram denunciados outros dez criminosos com funções diversas dentro da quadrilha.    

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